Primeiramente gostaria de explicar porque uso tanto a primeira pessoa do singular. Não tenho o Ego do tamanho do mundo e não tenho necessidade de dizer EU. Mas a trajetória que segui em meus anos como CEO me forçam a este posicionamento, senão não faria sentido. Portanto sou obrigado a dizer EU, EU, EU.
Como CEO de uma empresa sólida, com faturamento de algumas centenas de US$ MM e quase 650 funcionários tive oportunidade de viver experiências que menos de 1% dos brasileiros tiveram. Carros, tinha 3 (para mim e minha ex-esposa). Casa em condomínio fechado exclusivo. Viagem apenas de Executiva ou 1a Classe – 4 x por ano no mínimo. Fora as viagens dos fornecedores.
Meu sonho era transformar a Babel que era a empresa em uma Companhia e seguir: Governança –> Balanço Auditado –> Private –> IPO, em um segmento absolutamente amador e com índices altíssimos de evasão fiscal. Eu era, e sempre serei, um sonhador. Sonhador porque se você perde seu lado lúdico, não vê mais a graça em realizar, empreender, criar e só visa o dinheiro então sua posição não pode ser CEO, e nunca será um empreendedor.
Com o fim das operações de meu negócio, tive que me reconstruir. Voltei para o estágio pré-trainee da antiga Coritel (empresa da também antiga Andersen Consulting, hoje Accenture). E o pior, agora não tinha mais o Carlão (meu pai) para mandar uns dolarezinhos no fim do mês (senhoras e senhores, tenho 45 anos, vivi Plano Cruzado, Cruzado Novo, Verão, Real – à época tudo era dolarizado).
Em 2014 decidi recomeçar a vida do zero em São Paulo. Zero mesmo, dormi sobre colchão de ar por 2 meses até poder comprar uma cama. Mas isso foi tão bom. Me despir da falsa e hipócrita vida que levava, não ter vergonha de recusar o convite de um amigo que não via há 22 anos para tomar um Chopp porque se o fizesse não teria como receber minha filha que estava com 13 anos à época para me visitar. E aí entra a maior lição que já vivi em minha vida. A simplicidade de uma adolescente de 13 anos. Uma noite saímos para jantar perto de casa em SP e perguntei se hoje ela tinha noção do que havia sido nossa vida. Luxo, glamour, poder. Ela disse que sim. E que era mais feliz agora pois estava mais conectada com a realidade. E que seu sonho é ser fotógrafa, sabe que muito dificilmente ficará rica, que passará dificuldades, mas vai realizar seu sonho. E que, principalmente, agora ela tinha à mim. E, aos 15 anos hoje, continua a alimentar seu sonho.
Quer um luxo mais simples que este?