Mais de 640 milhões de pessoas no mundo são obesas, e o planeta tem mais pessoas acima do que abaixo do peso, de acordo com uma análise das tendências globais do índice de massa corporal (IMC), publicada nesta quinta-feira (31/03) pela revista médica britânica The Lancet.
Um aumento alarmante nas taxas de obesidade nos últimos 40 anos significa que o número de pessoas com IMC maior que 30 aumentou de 105 milhões em 1975 para 641 milhões em 2014, constatou o estudo.
A pesquisa envolveu a Organização Mundial de Saúde (OMS) e mais de 700 pesquisadores em todo o mundo. O estudo analisou informações sobre peso e altura de quase 20 milhões de adultos de 186 países.
Mais do que um em cada dez homens e uma em cada sete mulheres são obesos. Entre 1975 e 2014, a percentagem de homens obesos no mundo mais do que triplicou (de 3,2% para 10,8%) e a das mulheres mais do que duplicou (6,4% para 14,9%), de acordo com o que é o mais exaustivo estudo mundial sobre o IMC já realizado.
O IMC é calculado pela divisão do peso de uma pessoa em quilos pelo quadrado da sua altura em metros. Ele indica se uma pessoa tem peso saudável. Um IMC de 25 significa acima do peso. Um de 30 significa obeso, e 40 é obeso mórbido.
"O número de pessoas no mundo cujo peso representa uma ameaça séria para a saúde nunca foi tão alto”, disse Majid Ezzati, professor da escola de saúde pública do Imperial College de Londres. "E essa epidemia de grave obesidade é muito extensa para ser combatida com remédios como drogas para diminuir a pressão do sangue ou tratamento para diabetes somente, ou com algumas vias a mais para bicicleta.”
Cerca de um quinto (118 milhões) dos adultos obesos do mundo vive nos Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda, Austrália, Canadá e Nova Zelândia. No outro extremo, segundo o estudo, Timor-Leste, Etiópia e a Eritreia são os países onde vivem as pessoas com menos peso do mundo.
Para tentar fazer uma diferença de fato, Ezzati afirmou que medidas mundiais coordenadas são necessárias, incluindo em relação a preços de alimentos saudáveis versus alimentos não saudáveis, e impostos para alto teor de açúcar e comidas muito processadas.
Ao mesmo tempo, o baixo peso excessivo permanece como um tema sério de saúde pública nas regiões mais pobres do mundo, afirmaram os autores do estudo, e a crescente tendência global de obesidade não deve ofuscar o problema de que muitas pessoas não têm o suficiente para comer.
No sul da Ásia, por exemplo, quase um quarto da população está abaixo do peso. Nas regiões central e leste da África, cerca de 12% das mulheres e 15% dos homens estão abaixo do peso.
DW Notícias