No final dos anos 90 e começo dos anos 2000 eu viajava muito à negócios para fora do país. Quando, em uma conversa, as pessoas tomavam conhecimento que sou brasileiro seus olhos brilhavam com as oportunidades do país, e como fazer negócios aqui. O novo Eldorado, um país que havia feito sua lição de casa e e era uma estrela em ascensão. O QUE?????? Tudo ilusão.
Ok, então o que realmente aconteceu?
Observamos um exponencial crescimento econômico, social, de mercado, progresso no ambiente de negócios. Ao contrário da China, que soube capitalizar exatamente as mesmas coisas, não poupamos – não somos um país de poupança, não investimos, não progredimos em infraestrutura. No final da primeira década de 2000 todos ficavam apavorados com a perspectiva de um crescimento de um dígito no PIB da China. A conta de seu crescimento acelerado chegará, mas ela já pode se dar ao luxo de tirar o pé do acelerador aos poucos e crescer abaixo de 10%, e o mundo fica aliviado por ter crescimento, mesmo que não seja mais às taxas do começo do século.
Já em nosso caso, teremos crescimento de PIB significativo a partir de 2020, se tudo o que está acontecendo e parte (tudo é impossível) da corrupção que se instalou como um câncer e está em metástase (calma, eu acredito em milagres e vamos nos curar) for uma lição muito bem aprendida . Até lá seremos, no máximo, um país medíocre. Não falarei aqui em impeachment, caça às bruxas e tudo mais. Muita gente mais qualificada o está fazendo.
Eu sou BRASILEIRO, otimista, sempre vejo o copo meio cheio, e não meio vazio. Como diz a canção, triste mas verdade.
O que fazer? O Brasil será varrido do mapa mundial? Vamos ser expulsos para Marte?
Obviamente não. Mas a vontade é de ir para Guarulhos, Rio, Belo Horizonte, e outros aeroportos internacionais e emigrar. O que adianta milhares de dólares em investimento em educação numa economia como essa? Muita coisa se você enxergar oportunidades e for empreendedor. Mas isso não diminui o sentimento de, desculpe a linguagem, o saco que é ser brasileiro e morar aqui. Tenho 45 anos e a história do Brasil, como eu a conheço, é:
1970s – Ditadura, algum crescimento, nenhum acesso ao mercado internacional, ou seja, consumíamos as muitas porcarias e poucas coisas boas que eram MADE IN BRAZIL. Desaparecimento da classe média
1980s – Conhecida como a década perdida, teve de bom a abertura do mercado pelo Collor, que teve seu mandato cassado por o que mesmo? Ah, corrupção…. Hoje é senador (hilário)
1990s – Democracia, estabilidade econômica (URV, Plano Real), crescimento, tímida e frágil recomposição da classe média. Bons empregos, falta de mão de obra capacitada, PERSPECTIVA DE FUTURO
2000s – Oh Glória
2010s – Doença instalada. Corrupção, que é parte de nossa cultura como nossa alegria (contrassenso total, mas somos assim ;-). Corrupção que nunca, nunca deixou de existir. Desde o Brasil Colônia, mas espalhou-se como um câncer que, em metástase (milagre acontecem, e temos esperança na cura) que está comendo e corroendo este país e suas conquistas.
Como disse acima, sou otimista e quero ver este país brilhando novamente. Mas me diga, para você qual a sensação de viver numa montanha russa? Não seria gostoso ter estabilidade ou é chato demais para quem já nasce com adrenalina no lugar de sangue para suportar as incertezas?