Imigrante iraniano com os lábios costurados protesta contra o desmonte parcial do campos de Calais, na França (Foto: Philippe Huguen/AFP)
Oito imigrantes iranianos costuraram a boca com agulha e linha, nesta quarta-feira (2), para protestar pelo desmonte parcial do acampamento de refugiados erguido em Calais (norte da França), iniciado na segunda-feira pelas autoridades francesas.
Eles marcharam brevemente por um dos caminhos internos do local conhecido como "selva" com as bocas parcialmente costuradas, conforme constataram uma cinegrafista e um fotógrafo da AFP.
Eles exibiam cartazes com os dizeres "We are humans" (Somos humanos) e "Where is your democracy? Where is our freedom?" (Onde está a sua democracia? Onde está a nossa liberdade?).
"Pediram-nos que costurássemos suas bocas. Obviamente nos recusamos", informou à AFP Olivier Marteau, encarregado da ONG Médicos sem Fronteiras (MSF) para Calais. "Eles próprios o fizeram de forma pouco higiênica, esquentando as agulhas para esterilizá-las a altas temperaturas", acrescentou.
Desmonte
Desde o início desta semana, as autoridades francesas começaram a destruir os barracos dos migrantes, erguidos na parte sul do acampamento, onde moram milhares de pessoas que anseiam poder entrar na Inglaterra.
O Estado tenta realojá-los em centros de acolhida em Calais e outras partes da França.
Segundo o encarregado local da MSF, o gesto destes migrantes "demonstra que as soluções propostas não os satisfazem".
"Estes oito iranianos costuraram a boca porque seu barraco acabara de ser destruído", acrescentou François Guennoc, membro da associação "L'Auberge des migrants" (o albergue dos migrantes).
Nesta segunda-feira, foram registrados confrontos entre os refugiados, militantes e a tropa de choque.
Entre 800 e mil migrantes vivem na parte sul da 'selva', segundo o governo francês, mas as associações consideram que na realidade são 3.500. Em todo o acampamento, que se tornou a maior favela da França, estima-se entre 3.700 e 7.000 o número de imigrantes, principalmente sírios, afegãos e sudaneses.
Fonte: G1