Cidades

Evento debate impactos do agrotóxico na saúde do trabalhador

Um encontro reuniu acadêmicos, poder público e líderes de movimentos sociais para discutirem a minimização dos efeitos dos agrotóxicos na saúde dos trabalhadores rurais. O “Encontro de Cooperação Técnica para Estudos, Desenvolvimento e Implantação do Fórum de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos no Meio Ambiente e na Saúde do Trabalhador, da Região Sul do Estado do Mato Grosso” foi realizado na tarde desta terça-feira (19).

O coordenador do evento, e mestrando em saúde coletiva na UFMT, Jackson Barbosa, afirma que com o debate e levantamento das questões relacionadas à saúde, foi possível elaborar estratégias para minimizar o impacto dos defensivos agrícolas. “O objetivo é criar Fórum de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos no Meio Ambiente e na Saúde do Trabalhador para que as ações voltadas a esse público tenham um maior alcance”.

O evento tem como foco o trabalhador rondonopolitano, pois houve uma mobilização do setor, após uma indústria de agrotóxicos ser construída na cidade e entrar em operação ainda este ano.

As discussões e polêmicas sobre o uso ou não de agrotóxicos nas lavouras permeiam não só no meio acadêmico, mas também a população e o poder público. Para Barbosa, é essencial a produção de alimentos em escala, como acontece no agronegócio, mas que não traga efeitos negativos à saúde, ao meio ambiente e os ecossistemas. 

“A ideia é buscar métodos. Hoje existem métodos, como a agroecologia e a produção orgânica. Dá pra trabalhar em escala, ter um ganho significativo e haver redução de agrotóxicos. Em alguns casos há zero de agrotóxicos”, explica o coordenador do evento.

Barbosa explica que não é contra o desenvolvimento do agronegócio, muito menos contra o desenvolvimento do país. “Acontece que não podemos olhar o que está sendo produzido agora, sem olhar o que está sendo deixado para o futuro. Essa é a discussão sobre a qual devemos sentar todos os órgãos envolvidos, que devemos sentar a academia, federações e sindicatos, estudar estratégias para trazer resultado positivo para todos”.

Ainda estavam presentes ao evento autoridades de São Paulo e Paraná.  “Nós sentaremos com todos os movimentos sociais relacionados à saúde para discutir estratégias de como trabalhar a saúde do trabalhador no estado de Mato Grosso. Mostrando, inclusive experiências de outros Estados, como Paraná e São Paulo”.

PREJUÍZOS À SAÚDE

Os prejuízos para quem trabalha com agrotóxicos podem ir de um simples mal estar, passando por doenças da saúde mental e causar alguns tipos de cânceres.  “O primeiro efeito é diarreia, vômito, dores de cabeça, mal estar. Depois tem um segundo efeito que se chama intoxicação aguda quando ele começa a ter enjoos, afastamento até chegar na fase crônica em que começa a se instalar doenças como doenças da saúde mental, podendo levar a outras doenças. Existe, ainda, estudos que comprovam a relação do agrotóxico a alguns tipos de cânceres”, relata o coordenador do evento.

Dependendo da exposição, por tempo e contato, as doenças podem ser mais ou menos graves. “Em um caso grave, a pessoa tem contato com o agrotóxico, e em poucas horas já começa a passar mal”.

Segundo Jackson Barbosa, a Saúde Pública Brasileira ainda não está atenta às doenças correlacionadas ao contato com agrotóxicos. “Ao fazer uma Anamnese dessas pessoas acabam tratando como se fosse uma intoxicação qualquer, até alimentar, e se esquecem de perguntar com o que a pessoa trabalha e o que ela faz”. 

Para ele, o profissional de saúde deveria ter, no protocolo de atendimento, perguntas como “o que você faz? Onde trabalha? Há quanto tempo?”. Isso, para que o diagnóstico seja feito de maneira mais precisa, e que as patologias relacionadas ao contato direto com agrotóxico sejam mais claras. “Mesmo em casa, quando são aplicados inseticidas ou venenos parecidos, a pessoa pode se intoxicar”.

PROTEÇÃO IDEAL

Segundo as Normais Gerais sobre Uso de Agrotóxicos, o trabalhador que os manuseia, deve usar os Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequados. Mesmo assim, um longo tempo de exposição começa a provocar efeitos em sua saúde. “Hoje já se expandiu. Além do trabalhador, o agrotóxico já abrange o entorno das fazendas, nas cidades, chegando a locais onde não tem plantação, por conta do transporte e ventos”.

É uma situação que deve ser estudada mais profundamente, para que se possa criar mecanismos e estratégias de ações, trabalhos e produção, para que se produza um impacto menor à saúde do brasileiro. 

Cintia Borges

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