O juiz Flávio Miraglia Fernandes da Primeira Vara Cívil de Cuiabá (TJMT) confirmou nesta sexta-feira (12), ao Jornal Circuito Mato Grosso, a existência de uma auditoria no grupo empresarial Bipar, que tem como um dos sócios o prefeito Mauro Mendes (PSB). O estudo foi realizado pela empresa KGN Consult Company, a pedido do TJMT para analisar a situação econômica da empresa.
Segundo o magistrado, caso seja constatado que os gestores da empresa tenham transferido o valor de R$ 25 milhões, antes do pedido de Recuperação Judicial – como foi apontado pela auditoria – isso é um crime grave. “Mas levantando que essa hipótese ser verdadeira, em qualquer empresa isso é grave. Não posso afirmar essa hipótese no grupo Bipar, pois ainda não li toda a documentação e não tive acesso aos balanços. Caso isso tenha acontecido é como se a empresa tivesse preparado o terreno e agido de forma ilícita para ela entrar com o pedido de recuperação judicial. Isso é crime falimentar grave”, disse.
Contudo Miraglia explicou que ainda faltam informações relevantes que a empresa ainda deverá anexar no processo. “Existe uma auditoria ela está anexada aos autos do processo de Recuperação Judicial do Grupo Bipar – constituído pelas empresas Bipar Energia S.A., Bipar Investimentos e Participações S.A., Mavi Engenharia e Construções Ltda., e Bimetal Indústria Metalúrgica Ltda. Mas ainda não acabei de ler todo o documento – ele possui mais de 60 páginas e é muito detalhado. Esse documento foi baseado nos balancetes fornecidos pela Bipar. Além disso como o ano fiscal se encerrou, o grupo Bipar ainda tem um prazo legal para apresentar os balanços até o fim do primeiro trimestre de 2016”, explicou o juiz.
O processo ainda carece da inclusão dos balanços financeiros fornecidas pela Bipar, conforme pontuou Miraglia, via de regra os balancetes (que foram usados como a base da auditoria) levam aos mesmos resultados dos balanços. “Mas há algumas exceções e isso pode não acontecer. Os documentos devem ser apresentados até o final de fevereiro. Porque o processo ganhou certa publicidade na imprensa, a partira dai a advogada que representa o grupo me prometeu antecipar a entrega dos balanços, mas tenho que aguardar isso, para dar meu parecer”, concluiu.
O processo contendo a auditoria pode ser acessado por qualquer cidadão, pois é público. Contudo a auditoria só deverá ser devolvida para cópias, ou vistas na segunda-feira (15) – prazo que o magistrado irá ler todo o processo. Para consulta se o processo está disponível é só acessar o portal do TJMT e verificar pelo processo nº 1049831 da 1ª Vara Civil de Cuiabá.
OUTRO LADO
Por outro lado, a assessoria de imprensa do Grupo Bipar, através e nota, mencionou a existência de um relatório contábil, sem fazer menção a qualquer desvio de numerários ou cometimento de fraude.
Veja a nota na integra:
Nota de Esclarecimento
Por conta da notícia publicada, no blog "Isso é Noticia", no dia 11 de fevereiro, com o título “Auditoria aponta fraude de R$23 milhoes em recuperação judicial do Grupo Bipar”, o administrador judicial Antonio Luiz Ferreira da Silva e o auxiliar contábil Agnaldo Aparecido Souza, esclarece que:
– Foi juntado aos autos do processo de recuperação do Grupo BIPAR código nº1049831 na 1º Vara Cível, o relatório de atividades das recuperandas e não uma auditoria, como veiculado na imprensa.
– O referido relatório são demonstrações contábeis das empresas e não fazem menção a qualquer desvio de numerários ou cometimento de fraude.