Itens básico dos supermercados têm alta

As altas do dólar, da gasolina, da energia elétrica, dos impostos e de tantos outros itens fazem o Brasileiro acreditar cada dia mais que a crise está só começando. Para findar essa lista, temos ainda a alta da Cesta Básica como consequência, item essencial para a mesa das famílias.

Segundo estudo do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a cesta básica em Cuiabá é a quarta mais cara do País, ficando atrás somente de Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). A pesquisa mostra que a cesta básica aumentou 18% em um ano. O conjunto de alimentos custava R$ 326,40 em dezembro 2014, e em 2015 foi para R$ 384,40.

De acordo com o economista Renato Gorski, esse aumento se deve a vários fatores, dentre eles o aumento da gasolina – que pode chegar a R$ 4 reais em fevereiro. “Se formos considerar o período de entressafra, esse é um aumento natural. Mas nós temos o aumento dos preços da gasolina que incidem nos preços de transportes, que acaba penalizando os produtores na distribuição. Há ainda o aumento da energia elétrica, que incide sobre produtos industrializados”, explica. 

De olho neste cenário, a reportagem do Circuito Mato Grosso foi às ruas pela terceira vez e analisou 28 itens, nos cinco maiores supermercados de Cuiabá. Os itens correspondem ao consumo habitual dos brasileiros – não necessariamente pertencentes à cesta básica.

Fizeram parte da pesquisa três varejistas (Extra, Comper e Big Lar) e dois supermercados atacadistas (Assaí e Atacadão), contudo os preços dos produtos analisados foram somente o de varejo. Para maior veracidade da pesquisa, todos os itens possuem a mesma marca e peso, sendo a análise produzida na segunda-feira, 26 de janeiro, do ano 2016.

Os itens pesquisados foram arroz cinco quilos “Tio Urbano”, feijão “Urbano”, açúcar 2 kg “Doce Dia”, macarrão “Petybon” tipo espaguete, óleo “Liza”, café “3 Fazendas”, leite “Piracanjuba”, Omo “Multiação”, amaciante “Comfort” 2l, detergente Ipê, papel higiênico Neve, pasta de dente Colgate, sabonete Lux, refrigerante Coca- Cola, lasanha Sadia, iogurte Activia e margarina Qualy. 

Ainda foram avaliados os preços do quilo do pão francês e do pão pullmam 500g. E o quilo das carnes: filé de peito (Sassami) de frango, alcatra e acém e das frutas maçã nacional, banana nanica, tomate salada e os vegetais batata lavada, alface crespa e cebola.

Os supermercados atacadistas registraram os menores preços, mesmos os preços sendo o de varejo – Atacadão com R$ 164,17 e Assaí R$174,70. Bom lembrar que os atacadistas não possuem pão francês, portanto foram avaliados apenas 27 itens. Nos varejistas, o supermercado Comper que registrou o menor valor, R$ 196,04, seguido pelo Extra R$221,60 e Big Lar R$232,32. 

Comparando os atacadistas, há uma diferença média de preço de 6%. Os varejistas chegam a uma diferença maior 19%. E se compararmos os extremos, o mercado mais barato (Atacadão) e o mais caro (Big Lar) encontramos uma diferença de 41%.

Há ainda os itens com diferenças gritantes, como o tomate salada e a batata. O tomate com o preço mais barato no supermercado Assai R$4,79, chega a custar R$10,99, no Big Lar – um diferença de 112%. O aumento da batata ainda é maior registrando 186% de aumento – no Atacadão custando R$2,79 e no Big Lar R$7,99. 

De acordo com o Imea, o aumento da cesta básica chegou ainda a dois itens típicos da refeição dos brasileiros: o feijão com arroz. O arroz subiu 30%, enquanto o feijão teve alta de 55%. As pesquisas feitas pela reportagem comprovam esse aumento.

O Arroz Tio Urbano, 5 Kg, no supermercado Extra, em julho do ano passado estava R$12,90 e em janeiro deste ano, R$15,90. O que corresponde a um  aumento de 23% em seis meses. Já o feijão Urbano, 1kg, no supermercado Big Lar, foi de R$ 5,25 para R$ 6,25, tendo um aumento de 19%.

ALTA DO DOLÁR

Desde setembro, com a alta do dólar, o trigo, matéria prima para a fabricação do pão francês e outros itens primordiais para a dieta dos brasileiros, teve reajustes. Com a correção do preço do trigo, o repasse feriu o bolso do consumidor.

Na pesquisa feita pelo jornal Circuito Mato Grosso em Julho de 2015, o pão francês no Extra custava R$ 8,41, sendo atualmente, o pão francês mais caro R$10,90. Um aumento de 29%. O Comper cobrava R$8.49 e, hoje, elevou o preço para R$9,98. Apenas o Big Lar manteve o preço do pão francês em R$8,90.

Para o economista Gorski, estamos diante de um quadro de incertezas, e é preciso ter cautela na compra de alimentos. “Por conta da recessão econômica, houve aumento nas taxas de desemprego. Aliado a isso, estamos vivendo um problema de incertezas governamentais, como o pedido de impeachment em tramitação e falta de uma eficiência do governo federal em dar respostas às questões econômicas, todos esses fatos contribuem para um ano instável”, revela. 

SALÁRIO MÍNIMO

Com base no total apurado para a cesta mais cara do País, a de São Paulo, o Dieese calcula o valor que deve ser o salário mínimo do brasileiro. Segundo a instituição, o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. E é assim que o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. 

Em dezembro de 2015, último estudo lançado pela instituição, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ R$ 3.518,51, ou seja, quatro vezes e meia maior que o mínimo, de R$ 880,00.

VEJA TABELA AO LADO 

* Os itens da marca analisada não foram encontrados pela reportagem e foram substituídos por itens com a mesma descrição e peso.