Circuito Entrevista

Planejamento financeiro é essencial em mais um ano de recessão

Muito antes da chegada de 2016, analistas políticos, economistas e especialistas já afirmavam com segurança que este não seria um ano nada fácil para os brasileiros. O prenúncio vem sendo confirmado dia após dia e não há previsão de quando a recessão será minimizada no País. Para falar sobre o assunto, convidamos o economista Renato Gorski, que concedeu entrevista ao Circuito Mato Grosso.

Renato Gorski nasceu no Paraná em 1961 e veio para Cuiabá duas décadas depois, em 1981. Formado no Curso de Economia na UFMT FAECC, é Especialista em gestão Tributária pela UNED, consultor econômico e sócio da Aliança Projetos – empresa que está no mercado há 20 anos, com mais de uma centena de projetos e trabalhos prestados para empresas dos setores de Indústria, Comércio e Serviços. Atua mais especificamente com Projetos de Viabilidade Econômica Financeira para Financiamentos FCO e BNDES, Incentivos Fiscais Estaduais para redução do ICMS (Prodeic) e incentivos Federais, de Redução de IRPJ na SUDAM e Registro de Marcas junto ao INPI.  

Circuito MT – O ano de 2016 já começou bastante conturbado, tanto politicamente quanto economicamente. Os brasileiros devem esperar por um ano ainda mais difícil que 2015?

Renato Gorski – Exatamente, enquanto Brasília não definir o processo de impeachment, as incertezas políticas e econômicas devem predominar.

Circuito – Dólar alto, inflação crescente, mercado de crédito cauteloso, com os bancos já sendo mais criteriosos na concessão de financiamentos. Mesmo com tantos indícios de que não vai ser um ano fácil, existe perspectiva de estabilização econômica?

Gorski – Primeiramente o governo federal tem que ser mais honesto e transparente, a exemplo do preço do petróleo, que caiu no mundo inteiro e os brasileiros não tiveram vantagem da queda dessa commoditie nos preços da gasolina e diesel nas bombas.  O primeiro problema é analisar o processo de impeachment, no entanto o STF deu um nó no processo e passou de mão beijada para o Senado curvado para o governo barrar o processo. Mas a lógica de travamento do impeachment pode sofrer um revés e a presidente ser afastada. Como o Governo da Presidente Dilma está sem credibilidade e fôlego para fazer mudanças, o seu afastamento poderia ajudar na retomada da economia. Caso a mesma permaneça no poder, a economia tende a continuar embolada.

Circuito – No começo do ano são comuns alguns gastos extras, como seguro de automóvel, IPTU, IPVA, compra de materiais escolares, entre outros. Qual a melhor maneira de ficar em dia com esses compromissos?

Gorski – Cada família e agente econômico deve ser cauteloso, seguir um orçamento, pesquisar e buscar alternativas, que o ano não será fácil.

Circuito – Planejamento financeiro pode ser uma ferramenta importante tanto para quem está endividado como para quem está com as contas em dia. Qual a importância de colocar as contas no papel?

Gorski – Com certeza a família e o consumidor que conhece as suas despesas e tem controle sobre as mesmas, tem chances de ter um ano mais equilibrado. Se não tiver controle e orçamento, os gastos podem sair do controle e complicar a vida.

Circuito – Os brasileiros devem se preparar para uma recessão forte e longa. Quais dicas podem ser úteis para enfrentar a crise?

Gorski – Devido ao cenário, ninguém consegue ainda fazer uma previsão segura de melhora ou piora do quadro. Vamos ainda continuar sentido os efeitos do comportamento atual, refletida pela crise política, econômica e de moralidade, com a descoberta de novos capítulos da “tradição de corrupção nas contas públicas” da cultura de levar vantagens de políticos e gestores raposões.

Circuito – É importante fazer uma reserva para lidar com imprevistos, mesmo que não sobre muito dinheiro no fim do mês. Qual seria uma referência (em termos de valor da reserva) para quem deseja ter mais segurança para lidar com imprevistos, como a perda do emprego, por exemplo? 

Gorski – O ideal sempre é guardar uns 10% a 20% do que se ganha. Quem consegue fazer isso, sempre tem essa reserva necessária para imprevistos em momentos difíceis. No entanto, a minoria das pessoas consegue guardar. A reserva ideal seria de 20%, mas se não for possível, guardar 15 ou até 10% já ajuda.

Thales de Paiva

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