Em 2015, as investigações da Polícia Civil conseguiram recuperar cerca de R$ 10 milhões de produtos subtraídos de fazendas agrícolas de Mato Grosso, e levaram à prisão 30 integrantes de quadrilhas que agem em roubos, furtos e receptação de defensivos agrícolas em Mato Grosso e também no estado de Goiás. Em inquéritos policiais, 45 pessoas foram indiciadas nos crimes.
O delegado do GCCO, Diogo Santana Souza, destaca que a migração das quadrilhas para o defensivo se dá devido à rentabilidade e a fragilidade dos locais armazenados. “Para cada furto as quadrilhas conseguem angariar de R$ 2 a 3 milhões, enquanto que no Novo Cangaço não conseguem isso e o risco é maior”, disse. “Estamos tentando sensibilizar os juízes para não tratarem o furto de defensivos agrícolas como se fosse o furto de uma geladeira, de uma bicicleta, a própria economia do Estado é colocada em risco quando se começa a furtar grandes produtores”, ponderou.
De acordo com o delegado titular do GCCO, Flávio Henrique Stringueta, em regra, as quadrilhas agem nos horários em que não há pessoas vigiando os locais com defensivos armazenados, na madrugada, finais de semana ou feriados. “O mais comum é o crime de furto, cuja pena é realmente muito baixa se comparada ao Novo Cangaço, em que o crime pode ser de roubo triplamente majorado e até tentativa de latrocínio, devido aos disparos efetuados pelas quadrilhas”, destaca.
As quadrilhas de ataques a caixas eletrônicos com uso de explosivos também estão de “olho” nos defensivos, justamente pelo risco ser menor. “Nos ataques a caixas eletrônicos relacionados aos explosivos, que eleva a pena e a lucratividade é muito inferior, raramente ultrapassando R$ 50 mil, há maior risco de serem pegos em flagrante, por se tratar de crime cometido nos centros urbanos”, completou Stringueta.
Os casos são investigados pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Judiciária Civil, que por mês recebe de 3 a 4 ocorrências de furto e roubo, no período da safra de alguns grãos. Segundo o GCCO, os registros crescem entre os meses de outubro e dezembro, quando inicia o plantio da soja, principal grão cultivado no País, e segue também com ocorrências durante o plantio do algodão e do milho, entre os meses de janeiro a março.
Para os crimes, as quadrilhas empregam entre 8 a 10 pessoas, que invadem as propriedades já com conhecimento do local exato onde o produto está guardado e usando, geralmente, caminhonetes colocam o agrotóxico na carroceria do veículo e depois transferem para um caminhão, mantido escondido nas proximidades.
Para a Polícia Civil, os delitos não ocorrem aleatoriamente, as quadrilhas já têm mapeado a propriedade que armazena determinado tipo de produto, que são levados para compradores certos, dentro do próprio Estado de Mato Grosso e outros Estados da região Centro Oeste, como Goiás. “Não é simples estar com uma carga de R$ 3 milhões com defensivos específicos e sair à procura de comprador. Antes de cometer o furto já sabem para onde irá cada carga. Nesse trabalho, identificamos algumas quadrilhas de Goiás que vêm para cá furtar e volta com o produto”, disse Diogo Santana.
Devido à incidência das ocorrências, as Polícias Civis de Mato Grosso e Goiás firmaram parceria para troca de informações e intensificar a repressão às quadrilhas que agem em roubos de defensivos agrícolas nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins.