A crise na Saúde do Rio Janeiro fechou unidades, deixou pacientes sem atendimento e funcionários sem salários e insumos para trabalhar. Para entender o processo que levou os hospitais a chegarem a esse ponto e quais medidas podem solucionar a crise, o G1 preparou uma lista de respostas para as principais questões.
Qual o principal motivo da crise?
Segundo o governo, a grande questão é a queda na arrecadação do estado, causada principalmente pela baixa no preço do petróleo e a diminuição dos royalties e a redução da arrecadação com o ICMS, o imposto sobre produtos.
Por que só agora a crise se agravou?
Sem verba, o governo iniciou cortes e atrasos em pagamentos. Servidores e terceirizados pararam de receber, fornecedores também. Sem insumos e funcionários em condições precárias de trabalho, unidades reduziram ou interromperam atendimento. Por ser de primeira necessidade, a saúde acabou sendo a principal expressão da crise financeira que assola vários setores do estado.
Por que a situação de emergência na saúde foi decretada só agora?
Questionado nesta quarta (23) sobre a suposta demora, o governador Luiz Fernando Pezão disse que "fez o possível". Para a professora Lígia Bahia, especialista em saúde pública e professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o ato do governo "demorou muito".
O que esse decreto permite o governo estadual realizar na prática?
Com o estado de emergência decretado, é possível receber dinheiro, equipamentos e medicamentos do governo federal com menos burocracia, mais rapidamente. No caso do Rio, pacientes de unidades estaduais agora podem até ser transferidos para os seis hospitais e três instituições federais de saúde mais facilmente. O Gabinete de Crise da Saúde do governo federal é coordenado pela Secretaria de Atenção e Assistência à Saúde do Ministério da Saúde. No total, o governo repassará R$ 155 milhões até 10 de janeiro – desse total, R$ 20 milhões são em insumos hospitalares.
Quais os hospitais mais afetados?
Getúlio Vargas, Albert Schweitzer e Rocha Faria. Os dois últimos são os principais hospitais da Zona Oeste, região mais prejudicada.
Os hospitais municipais e federais correm risco de ter a sua crise agravada?
O Ministério da Saúde e o governo dizem que não, mas segundo médicos a sobrecarga tende a piorar a qualidade do serviço, que já é alvo de críticas. Para Lígia Bahia, a reativação dos hospitais universitários poderia ajudar. "Seria importante reativar o Pedro Ernesto (Uerj), o Antônio Pedro, o Gaffré-Guinle e o Hospital do Fundão (UFRJ), quatro grandes estruturas hospitalares que estão em estado vegetativo e que deveriam ser reativados para compor uma rede integrada de serviços de saúde."
Fonte: G1