Baía do Sueste é uma das praias mais frequentadas por turistas em Fernando de Noronha(Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo)
O turista paranaense Márcio de Castro Palma, de 33 anos, contou ter visto a boca do tubarão se abrindo quando foi atacado na Baía do Sueste, em Fernando de Noronha, na segunda-feira (21). Ele conversou com a reportagem do NETV 1ª Edição nesta quarta-feira (23), mas preferiu não gravar entrevista nem permitiu foto.
Márcio explicou ainda que estava boiando a cerca de 150 metros da areia quando foi surpreendido pelo tubarão. "Eu olhei para a direita, vendo os peixes. Quando olhei para a esquerda, dei de cara com o tubarão. Estava do meu lado. Tentei me afastar nadando", recordou o turista, que lembra de ter visto "a parte de baixo da boca, branca" do animal.
Ele foi mordido e puxado para o fundo do mar. Apesar de tudo ter durado apenas alguns segundos, ele conseguiu ver o tamanho do tubarão, que estimou em aproximadamente 1,5 metros. O turista contou ainda que estava com colete e nadadeiras. "Eu tinha nadado para o lado que a água estava mais limpa, que tinha menos pedra", apontou.
Praia interditada
A Baía do Sueste, em Fernando de Noronha, local em que houve um ataque de tubarão na última segunda (21), permanecerá fechada por pelo menos 48 horas, segundo a fiscalização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Representantes do órgão devem avaliar o caso, juntamente com profissionais do Ibama, do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) e com pesquisadores que conhecem a ilha para entender como o ataque aconteceu e, assim, liberar o acesso da área à população.
Segundo informações coletadas pelos representantes do Cemit, havia, no momento do ataque, condições propícias para a interação entre o turista paranaense e o tubarão. “Suspeitamos que a espécie que atacou o turista é migratória, não é típica da ilha, porque a probabilidade de ataque das espécies naturais de lá é baixa. Outras condições como a maré alta e a água turva também podem ter aumentado a probabilidade de o turista ter se deparado com o tubarão”, explica o Coronel Ramalho.
Entenda o caso
do Sueste, em Fernando de Noronha. A vítima recebeu os primeiros socorros no próprio arquipélago e viajou para o Recife na manhã da terça (22) para atendimento no Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, área central do Recife.
Durante o ataque do animal, a vítima teve a mão direita e parte do antebraço amputados. Após cirurgia no HR, o paciente teve quadro classificado como estável e foi transferido para um hospital particular na Ilha do Leite, no Recife.
Estudos
Na terça (22), o engenheiro de pesca Leonardo Veras e a bióloga e fotógrafa Zaira Mateus fizeram um mergulho na Baía do Sueste, onde tudo aconteceu, autorizados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que gerencia o parque nacional marinho, para tentar entender o ocorrido. De acordo com o pesquisador, a suspeita é de que o ataque tenha sido de um tubarão tigre.
O engenheiro de pesca, morador da ilha e curador do Museu do Tubarão, também em Noronha, explicou como foi feito o estudo. “O depoimento dele [o turista] deixou bem claro que era um tubarão tigre”, atesta Veras. Segundo ele, essa espécie migra longas distâncias, frequenta regiões oceânicas, costeiras e até estuários. “Temos animal marcado aqui em Noronha que já foi encontrado na costa da África; marcado aqui e que já foi bater na Paraíba. Ele tem uma distribuição geográfica muito grande e errante”, analisa.
Este foi o primeiro ataque registrado na ilha nos últimos 23 anos, desde que começou o monitoramento. Em Pernambuco, entre o Cabo de Santo Agostinho, no Litoral Sul, e Paulista, no Litoral Norte, foram 61 ataques, nos quais 24 pessoas morreram.
Fonte: G1