Começa a ser testado nesta quinta-feira (17) um aplicativo de celular que vai funcionar para proteger mulheres vítimas de violência que têm medida protetiva. Quando se sentirem ameaçadas, elas vão poder chamar a polícia pelo aparelho.
O aplicativo não precisa estar aberto, basta apertar quatro vezes no botão liga e desliga do celular e, logo depois, o chamado vai para o 190, o serviço de emergência. Em seguida, a pessoa recebe uma mensagem confirmando que uma viatura está indo até o local.
Os testes estão sendo feitos com duas mulheres em Porto Alegre e devem durar três meses. Mas ainda não há prazo para o aplicativo estar disponível para outras vítimas de agressão.
Conforme o analista de sistemas, Daniel Dora, a partir do aplicativo o serviço de emergência terá acesso a informações da medida protetiva, como quem é o agressor e os dados da mulher.
O aplicativo foi criado pela Organização Não-Governamental (ONG) Themis, que luta em favor da defesa das mulheres contra a violência. A coordenadora de projetos da ONG, Lívida de Sousa, diz que a ideia do aplicativo é salvar vidas. "Tem vários dados que comprovam que, depois que ela denuncia seu companheiro, ela está muito exposta a ser morta pelo seu ex-companheiro, então é pra combater isso principalmente".
O sistema funcionará em parceria com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado. Já a Justiça vai determinar quais mulheres vão ter prioridade para ter o aplicativo. "A execução vai ser via centro de controle, a partir das patrulhas que já estão cobrindo Porto Alegre", explica o titular da pasta, Wantuir Jacini.
Vítima de violência aprovou ideia de aplicativo
A vítima de violência Bárbara Penna, 21 anos, gostou da ideia do aplicativo. Há dois anos, ela foi espancada, teve o corpo queimado e foi atirada do terceiro andar de um prédio pelo ex-companheiro. Não bastasse isso, os dois filhos do casal e um vizinho morreram no incêndio provocado pelo agressor.
Ela diz que ele sempre foi violento, mas que nunca o tinha denunciado. "Briga todo mundo vai ter, mas a partir do momento que a pessoa humilha, ameaça, encosta a mão em ti, já tem que denunciar, já tem que dar um basta, porque isso acaba se tornando um ciclo vicioso", observa Bárbara.
O ex-namorado está preso desde 2013, mas ela afirma que seguiu recebendo ameaças. Foi só então que denunciou e conseguiu uma medida protetiva.
No entanto, ela diz que nem assim se sente segura porque a defesa do ex-namorado tenta que ele seja por meio de um pedido de habeas corpus levado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Eu tenho medo de que ele termine o que ele não conseguiu fazer aquela noite. Ele olhou nos meus olhos e falou várias vezes que iria me matar, e que faria qualquer coisa pra me matar. Então, se ele acabar sendo solto, eu tenho certeza de que ele vai vir atrás de mim".
Fonte: G1