A Secretaria Estadual de Saúde (SES) investiga três casos de morte de bebês com microcefalia no estado. Dois dos bebês nasceram no Recife. O parto da outra criança foi realizado no município de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana (RMR). Os três tinham menos de 32cm de perímetro cefálico, medida que corresponde ao novo protocolo para identificar crianças com a malformação congênita.
Duas das crianças morreram ainda no útero da mãe, com 38 e 40 semanas de gestação. Os partos foram feitos na última sexta (11) e na quarta (15), respectivamente, um na rede pública e a outra na rede privada. A terceira faleceu logo depois de nascer, mas o dia do óbito não foi informado pela SES. A gestação tinha 33 semanas e o feto já havia sido diagnosticado com a malformação. Por meio de nota, o órgão ressaltou que a microcefalia não é a causa básica dos óbitos.
Segundo a médica Ângela Rocha, chefe do setor de infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), a malformação por si só não tem sido a principal causa mortis dos bebês. "Nem sempre a microcefalia leva ao óbito. É preciso saber se há outras malformações no bebê", esclarece.
Ainda segundo Ângela, a gestação de um bebê microcéfalo não recebe classificação de risco. "O que temos observado é que as crianças com a malformação nascem com um Apgar bom e têm apresentado bom desenvolvimento ao longo dos primeiros minutos de vida. Esses casos precisam ser investigados para avaliar se há outros motivos que influenciaram o óbito", explica. O Apgar é uma escala utilizada para avaliar respiração, cor, frequência cardíaca, tônus muscular e irritabilidade reflexa do bebê nos primeiros minutos após o nascimento.
De acordo com a infectologista Regina Coeli, do Huoc, a investigação será feita no Serviço de Verificação de Óbito (SVO), na Cidade Universitária. "Não sabemos se houve alguma outra causa materna que tenha contribuido. Isso vai ser investigado no SVO, através de fragmentos dos bebês", pontua. Em seguida, o material colhido deve seguir para o Laboratório Central (Lacen) e, provavelmente, para o Instituto Evandro Chagas, em Belém.
Estatísticas
Segundo boletim do Ministério da Saúde (MS) divulgado na última terça (15), Pernambuco é o Estado que lidera o número de casos de microcefalia. Até o dia 12 de dezembro, foram notificados 920 casos em 145 municípios pernambucanos. Desse total, 29 foram confirmados, 874 estão em investigação e 29 foram descartados.
No Brasil, o registro atual é de 2.401 casos da malformação em bebês, registrados em 549 municípios de 19 estados e no Distrito Federal. Do total de notificações, 2.165 estão sendo investigados, 134 foram confirmados e 102 tiveram diagnóstico descartado para vigilância. De acordo com o boletim mais recentes, as notificações foram feitas em seis novos estados.
Fonte: G1