O fundo de pensão Postalis, dos servidores dos Correios e Telégrafos, comprava títulos da dívida pública com valor superfaturado, disse o delegado da Polícia Federal (PF) Alexandre Fornazarri Junior nesta quinta-feira (17). O esquema é investigado na Operação Positus.
A ação, que foi deflagrada nesta quinta, apura fraudes e desvios de recursos de cerca de R$ 180 milhões, entre 2006 e 2011, no fundo de pensão Postalis.
"Uma corretora, com sede nos Estados Unidos, comprava títulos da dívida pública brasileira e revendia no dia seguinte para o fundo com superfaturamento de valores", explicou Alexandre Fornazarri Junior, que atua na Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros.
A corretora que administrava o fundo era responsável por aplicar, no período investigado, cerca de 5% da carteira de investimentos do Postalis, cerca de R$ 370 milhões.
"O dinheiro era remetido a empresas offshore dos administradores da corretora nas Ilhas Virgens Britânicas, um destino clássico de lavagem de dinheiro. Mas não temos como mensurar se há mais recursos espalhados pelo mundo", afirmou Fornazari Junior.
O contrato do Postalis com a corretora, que tinha sede no Brasil, mas administrava o dinheiro a partir de remessas nos Estados Unidos, previa que fossem comprados apenas títulos da dívida pública brasileira, mas, conforme o delegado Alexandre Manoel Gonçalves, foram adquiridos também títulos da dívida pública da Venezuela, Argentina e outros papéis. "Nas transações, eles chegaram a lucrar 60% sobre o valor [dos títulos] em dois dias", afirmou.
Suspeitos
Até o momento, não foram identificados políticos e integrantes de partidos políticos no esquema, mas as buscas realizadas nesta quinta-feira em casas e escritórios dos envolvidos irão apontar novos elementos para a investigação.
Sete pessoas são investigadas – dois ex-gestores do fundo e mais cinco pessoas que trabalhavam em uma corretora responsável pelo gerenciamento dos recursos.
Um dos ex-gestores do fundo morava nos Estados Unidos e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Segundo o delegado Gonçalves, que coordenou a operação, ele recebeu recentemente cidadania italiana e teria viajado para a Europa. Seu paradeiro é desconhecido.
"Ele já teve o nome citado em outras CPIs de fundo de pensão", afirmou o delegado. O nome não foi divulgado oficialmente pela PF, mas segundo o delegado, o principal suspeito é Fabrizio Dulcetti Neves.
Fonte: G1