Foto: Ednei Rosa / Arquivo CMT
Por Cintia Borges e Ulisses Lalio
Junto ao recesso do trabalho e as festas de fim de ano, vem o bem-vindo 13º salário. A vontade de comprar aquele item tão desejado durante todo ano, se atrela, muitas vezes, à necessidade de quitar uma dívida ou até de poupar para futuros gastos que ocorrem no início do ano, como: IPTU, IPVA, seguro de carro, matrícula e material escolar das crianças.
O benefício é concedido pela Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965, e contempla todos os trabalhadores contratados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aposentados e pensionistas. Uma pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anafec) aponta que três em cada quatro brasileiros devem usar o 13º salário para pagar dívidas.
De acordo com o economista especialista em mercado, negócios e inovação, Edisantos Amorim, a atitude desses brasileiros é a mais correta, contudo é importante ser ponderado no uso do dinheiro. “O ideal é buscar um ponto de equilíbrio entre: pagar dívidas, poupar em curto prazo – para, no mínimo, honrar as contas do início do ano seguinte, e para as festividades do final do ano”, destaca.
Para o economista, as pessoas que estão endividadas devem separar cerca de 50% do montante salarial para o pagamento de dívidas. “Quitar uma divida que durante o ano todo teve forte impacto na renda, como por exemplo, as dívidas geradas por cartão de credito tem o maior impacto de cobrança de juros no mercado financeiro”.
Esse mesmo trabalhador deve poupar cerca de 30% para as dívidas que vêm no início do ano, como impostos, seguros etc. E 20% para presentear amigos e parentes e para as festas do fim do ano.
Aos que não possuem dívidas, o economista aconselha o investimento deste dinheiro na poupança ou no Certificado de Depósito Bancário (CDB). “Investir 70% na caderneta de poupança ou na renda fixa CDB, por exemplo, e deixar 30% para as festividades do final do ano, presentes, passeios e etc.”
Esse tipo de investimento é interessante para quem quer aplicar o dinheiro, mas não quer correr grandes riscos, como acontece nos investimentos da bolsa de valores. “Para o investimento em curto prazo, a caderneta de poupança. Se for em médio e longo prazo, CDB e ou Titulo do Tesouro Direto, que tem rendimentos atrelados à inflação”, explica o economista.
Amorim ainda revela que a caderneta de poupança é o modelo de investimento mais tradicional entre os brasileiros e o que oferece menos riscos. “Esse tipo de aplicação é isenta de Imposto de Renda e sem cobrança de taxa de administração, embora a caderneta de poupança ofereça o menor retorno de investimento ao poupador, rentabilidade média de 0,5% ao mês mais TR (Taxa referencial diária)”.
Os jovens que estão há pouco tempo no mercado de trabalho também precisam ter parcimônia para gastar o dinheiro extra. O vendedor Jefferson Felipe, 21 anos, já recebeu a primeira parcela do seu decimo terceiro que, por lei, deve ser depositada até dia 30 de novembro de todo ano, e a utilizou para pagar dívidas.
A segunda parcela, de acordo com a lei, deve ser paga até dia 20 de dezembro. Desta, o vendedor pretende usar uma parcela para pagar outras dívidas e, com o restante, investir na caderneta de poupança. Entretanto, Felipe nem sempre foi controlado como é hoje para gastar seu dinheiro. “Teve um ano que saí comprando de tudo. Comprei uma caixa de alto-falante pro meu computador de quase R$200,00. Se fosse hoje, não compraria”, revela.
Para o economista Amorim, Felipe é uma exceção entre os jovens, que preferem dispensar o dinheiro com produtos de grife e marcas caras, pouco pensando em poupar e até mesmo em investir. “Não se deve esperar muito desses jovens, vivendo em um pais onde não se tem a cultura da educação financeira que poderia, por exemplo, ser disciplina nas escolas. Compete aos pais orientar os filhos da importância de guardar uma parte do dinheiro todo mês para investimentos futuro”, alerta.
O QUE ESPERAR DE 2016
Nunca se ouviu tanto falar em “crise econômica” no País como no ano de 2015. Para o economista Edisantos Amorim, o ano foi recorde em cobrança de impostos, juros altos, inflação elevada, desemprego e descontrole cambial e nas contas públicas. Essa crise financeira irá refletir também no ano de 2016, que pede cautela.
O economista diz que o comércio foi prejudicado pelo momento em que as arrecadações dos estados e municípios encolheu, devido ao fechamento de portas de várias empresas. Isso ainda refletiu nos postos de trabalho que também fecharam. “Foi um ano de retrocesso do crescimento econômico. Sem falar dos prejuízos causados aos cofres públicos com os escândalos de corrupção, que refletiu diretamente na escassez de investimentos importantes no nosso País”, analisa o economista.
A dica do economista para o próximo ano é “poupar ao máximo, gastar o mínimo necessário e acompanhar o cenário econômico mês a mês”. Segundo o especialista a Crise Politica terá novos episódios que precisam se destravar. “No ano politico de eleições municipais é possível que as negociações na Câmara Federal e no Senado Federal avancem a caminho de entendimentos e soluções paliativas com o governo”, revela.
PREPARE O BOLSO
Em 2016 os já salgados impostos ficarão ainda mais caros. Com a arrecadação de R$ 1,7 trilhão em 11 meses, os impostos pagos pelo brasileiro neste ano dariam para edificar 49 milhões de casas populares; ou construir e equipar 125 milhões de salas de aula; ou pavimentar 1,5 milhão de quilômetros em estradas. Os dados são do site impostômetro.com – onde se faz a estimativa de quantos reais são arrecadados por minuto com os impostos no País. Na contramão desses dados, o Siprotaf/MT afirmou que o estado de Mato Grosso sonegou a cifra de R$ 5,9 bilhões, ou 35% do valor efetivamente arrecadado (montante que ultrapassa a cifra dos R$ 10 bilhões) – num total de R$ 437 bilhões.
Já estamos chegando ao fim de 2015 e, com o novo ano apontando, vem aí o mês de janeiro – bem conhecido pelos brasileiros como o mês oficial dos impostos. São várias faturas que chegam aos lares e abocanham parte dos rendimentos. Não dá para ignorar algo tão presente na rotina – a mão invisível dos impostos que se faz presente toda vez que uma lâmpada é acesa, pegamos um ônibus, recebemos nosso holerite, e até quando dormimos.
Esses são os chamados impostos diretos, que incidem sobre sua propriedade como, por exemplo, o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e o IR (Imposto de Renda). Contudo esses são impostos visíveis. Há outra parte de cobranças que nem todos os brasileiros conhecem e que incidem principalmente sobre o consumo. Até porque podem ser cobrados de forma indireta, ou seja, os percentuais podem vir embutidos nos preços dos produtos – e isso vale para pagamentos à vista ou no cartão de crédito.
Segundo dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), o brasileiro destina cerca de 40% de seus ganhos brutos ao pagamento de tributos. As taxas estão inseridas tanto em serviços públicos (contas de água e energia elétrica) quanto em transações financeiras (como movimentação de conta corrente e uso do cartão de crédito).
A CONTA VAI FICAR AINDA MAIS CARA
No ano que vem, algumas regiões de Cuiabá terão aumentos de até 30,9% no valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). A correção desses valores foi discutida, na Câmara Municipal da capital mato-grossense dia 16 de novembro. A proposta foi apresentada durante a audiência pública para a formulação de uma nova Planta de Valores Genéricos da capital.
Durante a audiência, o secretário de Fazenda, Pascoal Santullo Neto, apresentou todo o trabalho de revisão desenvolvido pela Comissão Mista formada por servidores públicos do Município, Poder Legislativo e representantes do ramo imobiliário e da construção civil. Por lei, a planta deve ser revista a cada três anos. “A prefeitura está cumprindo os princípios da legalidade e da transparência, que determinam a participação de toda a sociedade na elaboração da Planta”, disse o secretário.
Uma das regiões mais impactadas com os aumentos serão os imóveis localizados ao longo da Avenida das Torres, que apresentaram um maior índice de reajuste no valor do metro quadrado. Isto porque a atualização da Planta de Valores Genéricos foi realizada em 2010 e a avenida ainda não havia sido consolidada.
Por outro lado, as que receberão menos aumentos, em seu boletos do IPTU, serão aquelas próximas ao viaduto da Universidade Federal de Mato Grosso, por exemplo, que apresentaram um menor índice de reajuste no valor do metro quadrado devido aos constantes alagamentos no local em dias de chuva.
Outro ponto de ‘desvalorização’ foi a região próxima à trincheira Jurumirim, na Avenida Miguel Sutil, devido ao alargamento da pista e à inexistência de acostamento.
Confira detalhes da reportagem no jornal Circuito Mato Grosso