O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), derrubou 50 milhões de metros cúbicos de lama, quantidade que daria para encher 20 mil piscinas olímpicas. A barragem é da mineradora Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton.
Ainda é difícil conseguir autorização para ir até Bento Rodrigues, um mês após o rompimento da barragem. Maria e a filha Mônica foram até o distrito 20 dias depois da avalanche de rejeito de minério que soterrou a comunidade. “Foi-se a nossa história, a nossa vida, a nossa identidade. Está tudo enterrado aqui”, disse Maria das Graças Quintão. Bento Rodrigues foi fundada há mais de três séculos e barragem que se rompeu tinha sete anos.
Moradores de Bento Rodrigues dizem que não foram avisados pela Samarco sobre o rompimento da barragem. “Depois do dia cinco, que aconteceu esse acidente sem precedentes, a gente instalou uns equipamentos de monitoramento, que vão muito além do que a legislação diz. Nós temos sirenes instaladas nas comunidades abaixo das barragens, até o município de Barra Longa”, diz Álvaro Pereira, gerente de segurança do trabalho da Samarco. O sistema de alerta não existia antes do rompimento da barragem. A população foi avisada por terceirizados da Samarco, que estavam em Bento Rodrigues e ouviram na comunicação interna sobre o que tinha acontecido.
O rio, que começa no município de Rio Doce, percorre 800 quilômetros até desaguar no mar do Espírito Santo. A Samarco está distribuindo água mineral em cinco municípios que dependiam do rio para o abastecimento de água. Entre eles, Governador Valadares, que fica a 280 quilômetros de onde nasce o rio Doce. Na cidade, o abastecimento de água já foi reestabelecido, mas os moradores reclamam da qualidade e do gosto, mesmo depois de passar por tratamento.
Até agora, os bombeiros encontraram 15 corpos e os parentes das vítimas reclamam do tratamento que a Samarco tem dado para a busca pelos desaparecidos. Em nota, a empresa diz que o trabalho de reconhecimento dos corpos e notificação das famílias é de responsabilidade exclusiva do poder público. Segundo a Defesa Civil, quatro pessoas ainda estão desaparecidas.
Dois corpos foram encontrados a 90 quilômetros de Mariana, em uma fazenda do município de Rio Doce. Um mês depois da passagem da onda de lama pela propriedade, os donos ainda não conseguiram contabilizar os prejuízos. Ao longo do rio Doce, funcionários contratados pela Samarco tentam fazer a limpeza das margens do rio.
O Ibama está monitorando a mancha de lama que suja o mar do Espírito Santo. A lama de rejeitos já atinge doze quilômetros para o litoral norte do estado, cinco quilômetros para o sul e três mar a dentro.
Mais de um mês depois da maior tragédia ambiental do país, as causas do rompimento da barragem de Fundão ainda não são conhecidas. A população de Bento Rodrigues espera poder voltar a viver na comunidade.
Fonte: G1