O governador de SP, Geraldo Alckmin, apresenta nesta segunda (7) medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti (Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo)
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse acreditar que não há motivo para a manutenção das ocupações de escolas estaduais no estado. Em evento na sede da Secretaria da Saúde nesta segunda-feira (7), o tucano afirmou que a revogação do projeto de reorganização do ensino é motivo suficiente para a saída dos estudantes dos edifícios.
“Não há razão nenhuma para hoje ter escola invadida”, disse. “Se a causa era essa [a revogação da reorganização da rede], agora é retomarmos as aulas para poder, o mais rápido possível, concluir o ano letivo.”
Nesta segunda (7), a Secretaria da Educação informou que passou de 196 para 188 o número de escolas ocupadas Já a Apeoesp, sindicato que representa a categoria de ensino, tinha 205 escolas ocupadas e o número passou para 189. Veja a lista das escolas que permanecem ocupadas segundo a Apeoesp. De acordo com o sindicato, as Diretorias de Ensino de Sorocaba e Santo André permanecem ocupadas.
A reestruturação, que afetaria mais de 300 mil alunos, foi suspensa na sexta-feira (5), dia em que foi divulgado, pelo instituto Datafolha, que o governador teve seu índice de popularidade mais baixo, com 28% de aprovação.
Na sexta, o tucano disse que irá dialogar com pais e alunos no ano que vem a respeito da reorganização da rede de ensino estadual e que os estudantes permanecerão em suas unidades em 2016.
Após a suspensão da reforma da rede, o secretário da Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald, pediu para deixar o cargo. A carta com o pedido de demissão foi entregue ao governador, que aceitou a decisão de Voorwald. Questionado nesta segunda, Alckmin disse que, até agora, não foi definido o nome do novo secretário. “Não há pressa para isso.”
O governo defende que a reorganização vai melhorar o ensino. Os alunos, porém, contestam e reclamam que não foram ouvidos pelo governo sobre as mudanças e sobre o fechamento de 93 unidades.
Novos protestos
Um grupo de estudantes realizou um protesto na manhã desta segunda-feira (7) na Rodovia Raposo Tavares, na Zona Oeste de São Paulo. Os manifestantes de cinco escolas da Zona Oeste, entre elas a Escola Estadual Fernão Dias Paes, pediam a suspensão da reorganização escolar em definitivo.
O protesto ocorreu na altura do km 12 da rodovia no sentido São Paulo. Duas faixas direita foram bloqueadas e os veículos trafegam apenas por uma faixa, provocando congestionamento na região.
Os estudantes chegaram a interditar totalmente a pista no sentido São Paulo. De acordo com a Polícia Rodoviária, as pistas da estrada foram liberadas por volta das 12h20.
Outro protesto ocorreu no sábado (5), quando alunos percorreram a Av. Paulista e ruas do Centro da capital.
Ocupações
Um grupo de estudantes afirmou neste domingo (6), na Escola Estadual Diadema, que as ocupações e os protestos de rua continuarão acontecendo. O pronunciamento foi feito por quatro adolescentes, que disseram ainda exigir um pronunciamento "concreto" do governador Geraldo Alckmin sobre o cancelamento da reorganização em uma audiência pública "amplamente convocada".
O grupo leu um manifesto na Escola Estadual Diadema, ocupada desde 9 de novembro, e disseram representar os estudantes secundaristas. "Nós, estudantes secundaristas, após o encontro estadual das escolas ocupadas do dia 6 de dezembro, anunciamos que continuaremos na luta, seja ocupando as escolas ou as ruas", disse um deles. Questionados pela GloboNews, os jovens não afirmaram quantas escolas representavam.
Eles também cobraram punições a policiais que tenham "agredido ou ameaçado" os estudantes e o fim dos processos contra alunos, funcionários e professores.
O governo de São Paulo não se manifestou sobre as afirmações feitas pelos estudantes neste domingo.
Virada
Na frente de outra escola na Zona Oeste de São Paulo, outro evento chamado Virada Ocupação comemorou os atos dos estudantes e a suspensão da reorganização escolar. A Virada Ocupação acontece em uma praça no Sumaré, que fica em frente à Escola Professor Antônio Alves Cruz, uma das escolas ocupadas.
A virada foi convocada pela Rede Minha Sampa, que se define como uma rede de alerta e mobilização independente e “em prol de São Paulo”.
As apresentações começaram às 15h45 com o cantor Criolo. “Estou aqui por cidadania, por uma escola pública de qualidade. Não tem nada a ver com partido político, não tem nada a ver com guerra por poder. São crianças ensinando a nós, adultos, como a gente pode melhorar”, diz.
Protestos
Ao iniciarem os protestos dos alunos interditando importantes vias da capital, a Polícia Militar foi instruída a não permitir que as avenidas fossem ocupadas. Para isso, a corporação utilizou bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo, como ocorreu nesta sexta na Rua da Consolação (o G1 acompanhou o protesto em tempo real). A PM foi criticada por agir com truculência com os estudantes.
Segundo levantamento da TV Globo, 33 pessoas foram detidas nos atos. Os alunos afirmam que a PM foi truculenta. Entre os detidos, a maioria é de alunos. Os adultos são presos e os adolescentes apreendidos. Policiais disseram que tentaram negociar a liberação das vias com os estudantes, mas, como eles se recusaram, foi preciso agir, inclusive com o “uso progressivo da força”.
Na quarta (2), o governador criticou os protestos e disse que havia motivação política por trás do movimento. "Há uma nítida ação política", disse.
“A SSP permanecerá atuando para impedir que haja dano ao patrimônio, seja público ou privado, incitação de crime ou tumultos e badernas nas ruas, que prejudicam o acesso de milhões de paulistas ao trabalho”, afirmou a Secretaria de Segurança em nota.
Fonte: G1