Imagem aérea mostra garimpo ainda sendo explorado em novembro (Foto: Reprodução/TVCA)
O garimpo ilegal da Serra da Borda, na cidade de Pontes e Lacerda, a 483 km de Cuiabá, voltou a ser explorado por moradores e garimpeiros da região. A informação foi confirmada neste sábado (5) pelo Prefeito de Pontes e Lacerda, Donizete Barbosa do Nascimento (PSDB). Em novembro, a área foi desocupada em uma operação da Polícia Federal para cumprir uma determinação judicial. No entanto, mais de mil pessoas retornaram ao local algumas semanas após a ação policial, segundo o prefeito.
O delegado da Polícia Federal, Jesse James de Freitas, confirmou a nova invasão. "Estão sendo tomadas medidas para que uma nova desocupação ocorra, dessa vez com uma força [policial] permanente até a área seja regularizada para exploração", explicou Freitas.
O garimpo ficou conhecido como a 'nova Serra Pelada' depois de atrair cerca de 7 mil pessoas diante do volume de ouro encontrado na área. Depois da desocupação, determinada pela Justiça Federal, uma empresa foi contratada e fez a implosão de galerias, túneis e buracos abertos pelos garimpeiros.
“Eles voltaram a explorar a área algumas semanas depois da operação, pois as forças de segurança não continuaram no local. Não temos um número exato, mas seriam mais de mil pessoas. Eles não estão mobilizados como antes, mas as pessoas que foram embora para outras cidades e até outros estados retornaram ao garimpo”, comentou o prefeito por telefone ao G1.
De acordo com o prefeito de Pontes e Lacerda, o local está apenas sendo monitorado por policiais militares. Donizete diz que aguarda um posicionamento da Polícia Federal. O policiamento no entorno do garimpo seria apenas de forma ocasional e não teria o mesmo número de policiais como ocorreu na época da desocupação.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) da região informou que também está ciente da volta dos garimpeiros, no entanto, apenas reforçou a fiscalização nas rodovias, já que a responsabilidade da área é da PF. Os policiais rodoviários abordam os veículos para verificar se algum ouro está sendo retirado do garimpo. Caso isso ocorra, o ouro é apreendido.
“Esse retorno deles já ocorreu há mais de 10 dias e não chamou a atenção no início, eles voltaram devagar. O volume [de pessoas] aumentou bastante da última semana para esta semana. Seriam mais de mil pessoas. Eles vão e voltam todos os dias. Os buracos onde eles cavam não fica sem ninguém, eles se revesam”, declarou o PRF Ailton Antônio da Silva.
O caso
O juiz da Vara Federal de Cáceres, a 220 km de Cuiabá, Francisco Antônio de Moura Júnior, determinou, no dia 16 de outubro, o fechamento imediato das atividades de extração de minério da Serra da Borda.
A descoberta de jazidas de ouro entre as serras da Borda e Santa Bárbara começou a movimentar a região de Pontes e Lacerda em setembro. No entanto, nos últimos meses o volume de garimpeiros e 'aventureiros' chegando ao local se intensificou após notícias comparando o garimpo ao de Serra Pelada, no Pará.
As veias auríferas foram encontradas pelos moradores do município de 41.408 habitantes, segundo o IBGE, que, após acharem grandes quantidades do metal precioso, começaram a circular imagens de grandes pepitas pelas redes sociais e pelo WhatsApp, o que deve ter contribuído com o aumento da migração para aquela região.
Em outubro, o prefeito Donizete Barbosa (PSDB) foi até a sede do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), em Brasília, para se informar sobre a possibilidade de uma cooperativa que já explora ouro em Nova Lacerda, a 677 km de Cuiabá, passasse a explorar o minério legalmente no local também.
Os garimpeiros também pediram para que a extração seja legalizada e, atualmente, têm recolhido assinaturas para criar uma espécie de associação.
Operações
O processo de desocupação começou na semana seguinte à operação que desarticulou uma quadrilha, que, segundo a Polícia Federal, comandava o garimpo e extorquiam garimpeiros, comerciantes e até prostitutas que também estavam na área. Policiais civis, militares e até um vereador foram alvos da operação 'Corrida do Ouro', feita pela Polícia Federal.
Os policiais envolvidos conseguiam obter diversas vantagens financeiras se aproveitando da atividade garimpeira. Até mesmo cobrando quantias de mulheres que se prostituíram na região. Não existe uma ideia concreta do quanto era cobrado, mas os policiais acreditam que os valores variam por tipo de serviço, entre 20% a 25%.
Fonte: G1