Porsche, Mustang, Audi, Lamborghini e dezenas de contas bancárias foram bloqueadas após a deflagração da décima fase da Operação Ararath, em Cuiabá. O delegado de Combate ao Crime organizado da Polícia Federal de Mato Grosso, Marco Aurélio Faveri, disse que há empresas, servidores públicos e até procuradores envolvidos no esquema. Ao todo a PF estima bloquear, com as apreensões em Mato Grosso e mais cinco estados – R$ 313 milhões que teriam sido desviados por meio de um esquema altamente complexo montado no ano de 2009.
Conforme explicou o delegado da PF, vários documentos foram apreendidos e os depoimentos dos envolvidos estão comprovando as suspeitas da instituição. “Conseguimos fechar uma parte do quebra cabeças: identificamos que empresas que possuíam precatórios a receber (dívidas não pagas pelo governo que são judicializadas e entram em uma fila para serem quitadas) fizeram acordos com factorings para receber administrativamente o valor e depois repassá-los a instituições financeiras clandestinas”, resumiu Faveri.
A principal investigada é a empreiteira Andrade Gutierrez que teria recebido o precatório de mais de R$ 200 milhões do governo do Estado (irregularmente) relativo a obras realizadas na década de 90 e pago em 2009. Detalhes sobre a 10ª fase deflagrada nesta sexta-feira (4) foram repassados pelo delegado regional da PF, em Mato Grosso, na sede da instituição.
O delegado afirmou ainda que o governo do estado, por meio do secretário de fazenda e seu substituto assinavam os acordos e quitavam a divida na sua totalidade. “Quando isso acontecia a empresa desistia de receber o precatório e firmava um acordo com a Sefaz. A secretaria então pagava 100% do valor administrativamente e extinguia o processo. O dinheiro dos precatórios pagos pelo estado, ia para a empresa ou empreiteira, depois era transferido para a conta das instituições financeiras clandestinas que concediam empréstimos e repassavam esses valores a certos grupos de políticos em Mato Grosso”, completou.
Sem citar nomes, o delegado concluiu a coletiva de imprensa dizendo que esta fase mostrou que seis servidores são investigados, dezenas de contas foram bloqueadas – por medida de segurança no total de R$ 313 milhões e quatro empreiteiras e factorings estão sob suspeita.
Operação
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (4) a décima fase da operação Ararath. O objetivo é apurar o desvio de cerca de R$ 313 milhões em recursos públicos do Governo do Estado de Mato Grosso através da utilização de sistema financeiro clandestino.
Ao todo foram cumpridas 47 medidas de busca e apreensão e 18 conduções coercitivas, conforme decisão judicial expedida pela 5ª Vara Federal de Mato Grosso. Os mandatos estão sendo realizados nas cidades de Cuiabá (MT), Brasília (DF), Luziânia (GO), São Paulo (SP), Caraguatatuba (SP), Curitiba (PR) e Itapema (SC).
A análise de documentos apreendidos em fases anteriores em conjunto com outros elementos de prova, apontaram a utilização de complexas medidas de engenharia financeira praticadas pelos investigados com o objetivo de ocultar a real destinação dada a valores de precatórios pagos pelo Estado de Mato Grosso em nítida violação à ordem cronológica e determinações legais.
Os investigados nesta fase responderão pela prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro, dentre outros que porventura venham a se confirmar.