Cartaz feito por alunos que ocuparam a reitoria da Universidade de Brasília em protesto contra a suspensão do pagamento de bolsas universitárias (Foto: Mateus Rodrigues/G1)
Alunos da Universidade de Brasília (UnB) ocuparam a reitoria da instituição na tarde desta quinta-feira (3) para protestar contra atrasos no pagamento de bolsa-auxílio estudantis. Os estudantes chegaram ao local por volta das 16h, segundo a segurança do prédio. Duas portas de vidro que dão acesso à sala da reitoria foram quebradas.
Por volta das 19h45, estudantes entraram em conflito com integrantes da guarda patrimonial terceirizada da universidade. Os funcionários tentavam impedir a entrada de estudantes que se juntavam ao protesto. Câmeras na reitoria foram pintadas com tinta guache.
A decana de Extensão da UnB, professora Thérèse Hoffman, afirma que ex-alunos que já foram expulsos da instituição estavam entre os manifestantes. "A UnB não segura dinheiro de ninguém. Se não estamos pagando é porque o dinheiro não chegou", declara.
Um aluno e representante de centros acadêmicos, que pediu para não ser identificado, afirma que as bolsas deveriam ter sido pagas no último dia 5, mas foram suspensas. "Tem alunos que precisam disso para comer, para chegar à universidade", afirma.
Os estudantes afirmam que a ideia do grupo é permanecer no local ao longo da noite. Por volta das 19h, cerca de cem alunos estavam instalados no gabinete do reitor, no último andar da Reitoria, segundo estimativa do próprio movimento.
Por e-mail, a UnB informou que cerca de 2 mil alunos recebem bolsa permanência e 700, auxílio-moradia. O valor para a primeira é de R$ 465. Para a outra, R$ 530.
"Temos o orçamento para pagar estas bolsas, já fizemos o empenho, mas não temos o financeiro, que precisa ser transferido para conta da UnB. Temos mais de R$ 20 milhões parados aguardando financeiro, que envolve as bolsas, além de outras contas", disse.
No andar abaixo da reitoria, um cartaz afixado pela Diretoria de Contabilidade e Finanças informa que "em função do decreto 8.580/2015 todos os pagamentos da universidade estão suspensos". O decreto, publicado pela presidente Dilma Roussef na semana passada, contigencia recursos de várias áreas do governo.
A instituição isse ainda considerar que o pagamento das bolsas seja um gasto prioritário e que por isso aguarda revogação do decreto da presidente Dilma Rousseff, que contingenciou os investimentos em educação, para liberação dos recursos.
O assessor do reitor Ivan Camargo, Ebenezer Nogueira, compareceu à reitoria por volta das 19h para conhecer as pautas do movimento. Segundo ele, a presença do próprio reitor está descartada.
"Eles estão reivindicando a bolsa, que está atrelada ao decreto presidencial, embora a gente entenda que eles deviam receber apenas no dia 7. Vou levar ao reitor e ver o que será feito", disse.
Os alunos afirmam que as bolsas geralmente são creditadas no dia 5. Para que isso aconteça, os nomes dos alunos beneficiados deveriam ter sido publicados com 48 horas de antecedência no Portal da Transparência, nesta quinta – o que, segundo eles, não aconteceu.
Fonte: G1