Cidades

Profissionais buscam valorização da categoria em Mato Grosso

Passado o mês em que se celebra o dia dos médicos, a reportagem do Circuito Mato Grosso elaborou um panorama sobre essa profissão, tão importante, e sobre as condições em que os profissionais atuam no Estado de Mato Grosso. Qual a remuneração média, as áreas mais rentáveis, como eles avaliam a valorização da categoria e quais as maiores dificuldades da carreira.  

Mesmo sendo considerada uma das ocupações mais promissoras no Brasil, são constantes as críticas e reivindicações desses profissionais, principalmente quando se trata da rede pública de saúde.  Uma das principais alegações é que o retorno financeiro não condiz com o tempo e o investimento dispendido por quem segue a carreira.

O salário mínimo pleiteado pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam) ,em 2015, é de R$ 11.675,94 para 20 horas semanais de trabalho. Calculado anualmente, o valor é utilizado como base nas convenções, acordos e negociações coletivas da categoria por parte dos sindicatos. Apesar da recomendação, esse valor geralmente é bem menor na prática.

Presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Eliana Siqueira Carvalho afirma que em Mato Grosso a realidade do piso salarial é muito diferente.  “Em Cuiabá e Várzea Grande o piso é de R$ 3.800 para 20 horas semanais. Em outras partes do Estado o piso é menor ainda. Se hoje fosse aberto um concurso, dificilmente teríamos profissionais dispostos a assumir esses postos”, diz.  

Segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde (SES), o quadro Profissional de Nível Técnico Superior em Serviço de Saúde no SUS conta hoje com 379 profissionais contratados e concursados da área médica. Os contratos têm duração de um ano, podendo ser prorrogados por mais um ano. 

Os médicos contratados por processo temporário se enquadram em duas categorias: A1 (sem especialidades) e B1 (especialistas). A SES possui atualmente 20 profissionais médicos contratados temporariamente, sendo 12 da primeira categoria e oito especialistas. A remuneração nesse caso é de R$ 4.371,99 e R$ 5.829,31 para A1, 30 e 40 horas semanais, respectivamente e de R$ 6.120,79 e R$ 8.161,03 para B1, 30 e 40 horas semanais, respectivamente.

No caso do profissional médico concursado como Profissional de Nível Técnico Superior em Serviço de Saúde no SUS, não há diferenciação de remuneração por especialidade, mas sim pela progressão de carreira que se dá de forma horizontal e vertical conforme o Plano de Cargo, Carreiras e Salários dos servidores da Secretaria de Estado de Saúde.

O plano estabelece quatro classes na horizontal, ou seja, o servidor evolui conforme conhecimento adquirido por meio de pós-graduação, mestrado e doutorado. Na vertical são doze níveis, sendo que o servidor passa a receber mais conforme o tempo de trabalho. A carga-horária, que é de 20, 30 ou 40 horas semanais, também influencia na remuneração. 

Particulares

Já na iniciativa privada, o retorno é muito maior, atraindo grande parte dos profissionais. Segundo levantamento realizado em 2014 pelo site de empregos Catho, os cirurgiões plásticos detêm os maiores salários entre os médicos brasileiros, com rendimento médio de R$ 18.560 reais mensais. Em segundo e terceiro lugares estão o médico cirurgião e o médico ortopedista, que recebem, em média, R$ 15.975 e R$ 14.350, respectivamente.  

Além de indicar os cargos mais bem pagos na área médica, o estudo mostrou o impacto da qualificação na remuneração desses profissionais. Um médico com mestrado ou doutorado ganha até três vezes a mais que um profissional graduado. O domínio de outras línguas também pode influenciar o rendimento: médicos que dominam uma segunda língua recebem até 28% a mais.

Planos de saúde 

Segundo informações do Sindimed, atualmente os planos de saúde estão pagando valores que vão de R$ 45 até R$ 70 por consulta (o que varia de acordo com a especialidade e o plano). Realidade bem diferente dos consultórios particulares, onde uma consulta chega a custar R$ 300, R$ 400 ou até mais. 

Reivindicações

São frequentes as ações da categoria em busca de melhorias nas condições de trabalho. Esse foi um dos motivos que, assim como a reivindicação por aumento salarial e a contratação de mais profissionais, levaram médicos da rede municipal de Cuiabá a deflagrar greve no mês de junho. A paralisação teria sido uma resposta ao descumprimento, por parte da administração municipal, de um acordo feito em 2009. 

Recentemente, foram suspensas as atividades no Hospital Metropolitano de Várzea Grande. Desde o dia 1º de outubro, apenas casos de urgência e emergência estão sendo atendidos. O problema foi ocasionado pela falta de repasse do governo às empresas prestadoras de serviços contratadas. “Neste caso não é uma greve, mas sim uma paralisação das empresas prestadoras de serviços, que não receberam os repasses do Governo para os meses de julho, agosto e setembro”, informa a presidente do Sindimed.  

Profissionais dos hospitais municipais de Alta Floresta, Sinop e Colíder também estão com as atividades paralisadas. Os motivos são os mesmos: precariedade nas condições de trabalho, falta de equipamentos, de estrutura e remuneração baixa.  “Não temos acesso a exames laboratoriais, a medicamentos, a estrutura é sucateada e essa realidade é ainda mais complicada no interior”, lamenta Eliana.  

Empregabilidade

Embora concorrido nas grandes cidades, o mercado é promissor no País. A taxa de empregabilidade dos recém-formados em medicina chega perto de 100% e  o médico é o profissional com a menor taxa de desemprego do Brasil. Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado em 2013, 97,07% dos profissionais de medicina estavam empregados naquele ano. Os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste são os que oferecem as melhores possibilidades de remuneração.

Realização 

Apesar da busca por maior valorização, muitos profissionais da área sentem-se pessoalmente realizados, pelo fato de poderem contribuir com o bem-estar e a saúde dos pacientes. “Uma coisa é o lado econômico, que realmente tem sido muito desestimulante para quem investe mais de dez anos na carreira. Por outro lado, é muito bom poder ajudar pacientes que precisam. É outra forma de retorno, perceber a gratidão das pessoas que ficam satisfeitas com o seu trabalho”, afirma o médico e professor universitário Mardem Machado de Souza.  

Thales de Paiva

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