A lua era tua! Hás de convir que vê-la por onde o sol nasce quadrado não é lá muito animador. Para uns, uma tragédia. Para outros – poucos esses -, uma opção conscientemente sábia.
“O mundo está assim, levando tudo para o lado pior. Cambando a vida para a beira do barranco, deixando a lama correr solta: sem chance de reduzir, amenizar, afagar. E quando não é lá, é cá”.
Singelos exercícios filosófico transparecem no texto digitado por Pluct, Plact, o alienígena já quase humano. Ele segue tentando recolher energia para um impulso toín,óin,óin que o devolva para o espaço interplanetário a que de direito pertence. Mas… Ainda não será dessa vez que ultrapassará a camada de ozônio, cada vez mais pesada, reflexo das energias circulantes, dominantes e reinantes.
Não, caros amigos, ele não tem a menor ideia de como suas palavras alcançarão a cronista enclausurada. Talvez nunca. Ela se recusa a manter qualquer contato com o mundo exterior. Trancou-se em seu espaço no outro lado do túnel. Jogou a chave fora, por entre as barras da janela antiga. Avisou a lua que numa certa época do ano não poderá saudá-la por seu exíguo, mas suficiente, quadradinho de luz. Melhor para ela. Só alimento para o corpo. Para a alma, evita-se perturbações. Portanto, nada de tudo.
Não há justificativa plausível para os últimos acontecimentos. Muitos últimos. Que num jogo entre a França e a Alemanha, em Paris, seria o princípio de uma carnificina religiosa, estopim para a violência em vários continentes do planeta. Que no Brasil um desastre ambiental sem precedentes exporia a incompetência e a paralisia geral diante de prioridades equivocadas. De Mariana aos Abrolhos os detritos tóxicos que desceram pelo Rio Doce transformam a paisagem e apontam a sucessão de falhas e a incompetência para lidar com as consequências do rompimento das barragens físicas e morais, em Minas.
Na Argentina, uma novidade eleitoral: a vitória apertadíssima de Macri, o novo presidente é oposição ao governo anterior. Na Venezuela, um representante da oposição é abatido num comício. Pensem no clima. No Mercosul fronteiras abertas…
E como se não bastasse, depois de dar o bote no homem do Passe Livre (não, não o futebol, querida, o fazendeiro de Mato Grosso do Sul, chapa do Lula), num desdobramento da operação Lava Jato, acordamos no meio da semana com o Senado visitado pela Polícia Federal que apreendeu documentos e numa ação inesperada, prendeu o senador Líder do Governo e presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, Senador Delcídio Amaral. Além dele, também foi parar no xilindró André Esteves, um banqueiro bilionário. A ordem de prisão veio e foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal. Os desdobramentos proporcionaram uma aula intensiva de processo congressual a quem acompanhou a sessão do Senado que decidia como seria a votação (voto aberto ou secreto) e qual a posição dos pares da augusta casa em relação a autorização necessária para que o apreendido assim permanecesse. Foi um barata voa. Elas ainda passeiam pelos espaço aéreo. Por enquanto livres, leves e soltas. Mas não circulam mais pelo espaço telefônico, meio pelo qual o peixe mordeu a isca e, mais um, acabou morrendo pela boca.
Fui, amiga. Meu processador perde potência! Só um banho de sal grosso e lua para depurar essa energia.