Mesmo com contas zeradas, o ex-secretário Éder Moraes ainda continua ostentando uma vida de luxo. A declaração foi dada pela Polícia Federal durante coletiva na tarde desta quarta-feira (25). As evidências foram apontadas na 8ª fase da Operação Ararath deflagrada pela PF. Segundo a polícia, o foco desta operação é reaver R$ 16 milhões, que a Justiça Federal determinou que fosse restituído aos cofres públicos. Uma nova fase da operação não está descartada.
O delegado da Polícia Federal, Marco Aurélio Faveri afirma que, o que chama a atenção é a ausência de transação financeira nas contas de Éder e dos familiares. Mesmo assim, o ex-secretário estaria ostentando com festas, compras, fatura de cartão e até segurança pessoal. “As contas estão zeradas e o dinheiro a ser ressarcido não é encontrado, mesmo assim Éder ainda leva uma vida suntuosa que tinha antes de ser preso” diz o delegado.
Faveri afirma ainda que os documentos recolhidos durante a operação podem ser suficientes para terminar a investigação. Porém, podem também ser subsídios para uma nova fase da operação. O próximo passo agora é analisar a documentação. O delegado também confirmou que a investigação segue no sentido de apurar se Éder possui contas no exterior ou dinheiro nas contas de “laranjas”.
Segundo a PF, Éder nega a todo o momento que estaria ostentando. Porém, o que ele declara não bate com as investigações. O dinheiro desviado por Éder, conforme a Polícia Federal, seria proveniente dos cofres públicos das repartições que o ex-secretário passou.
A operação
A oitava fase da operação Ararath, visa desarticular um braço da organização criminosa responsável por ocultar das autoridades o dinheiro público desviado e sustentar o luxuoso padrão de vida mantido pelos investigados. A organização criminosa atuaria em Mato Grosso há muitos anos com ramificações na política. Segundo a PF, as investigações apontam Éder como o “cabeça” desta quadrilha.
Ao todo foram cinco mandados de busca e apreensão e sete mandados de condução coercitiva nas cidades de Cuiabá e Chapada dos Guimarães, expedidos pela 5ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso, com manifestação favorável do Ministério Público Federal. Além de Éder, um servidor da Secretaria de Estado de Fazenda, um sargento da Polícia Militar, a esposa dele, Laura Costa, foram levados a sede da PF. Todos foram ouvidos e liberados. Quanto às prisões, o delegado da Polícia Federal alega que não houve elementos que fizessem que elas fossem decretadas. Os servidores seriam responsáveis por pagar as contas de Éder, mas a origem do dinheiro não foi descoberta.
Foi constatado que os integrantes da organização criminosa se utilizam de esquema para ocultar a origem e a natureza de recursos obtidos com atividades ilegais, mediante a contratação e pagamento de empréstimos fraudulentos, aquisição de bens e investimento em empresas com a utilização de interpostas pessoas físicas e jurídicas (“laranjas”).
As condutas investigadas estão capituladas no artigo 1º da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei 9.613/98), com pena que pode ultrapassar a 16 anos de reclusão, e artigo 2º da Lei de Organizações Criminosas (Lei 12.850/2013), com pena que pode superar os 13 anos de reclusão.