A escuridão está no caminho e na rotina de milhares de brasileiros. No Brasil, a falta de luz afeta a vida de muitas pessoas.
Itaquatiara (AM)
Itaquatiara é a terceira maior cidade do Amazonas, o estado que tem mais dificuldade no acesso à energia elétrica. As comunidades improvisam como podem. Boa parte delas conta com geradores a combustível.
Uma equipe do programa Luz Para Todos, do Governo Federal, vai de barco até uma comunidade que ainda não tem energia elétrica. Das 56 comunidades que ficam às margens do rio Arari, 36 não têm luz.
Os técnicos da Eletrobras chegam com o material para instalar a energia elétrica na Vila Fátima e os moradores da comunidade abrem caminho na floresta para a passagem dos cabos. A instalação foi comemorada com festa. Os moradores organizaram um jantar comunitário e até uma queima de fogos.
O Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes. Cerca de 1 milhão ainda não tem energia elétrica em casa.
São Paulo (SP)
Na zona leste de São Paulo, todos os moradores de uma comunidade têm gato de energia elétrica. Na avenida fica o único ponto de energia que atende a comunidade. É de um único poste que duas mil pessoas puxam os fios para levar a luz até as casas.
A Eletropaulo diz que perde 4% da energia que produz com ‘gatos’, mas que não tem planos deregularizar a energia elétrica na comunidade. Segundo a prefeitura, essa área é invadida e as famílias serão removidas para a construção de um parque.
Em 2015, as contas de luz subiram, em média, 50% no Brasil. Em São Paulo, o aumento foi de 75%.
Recife (PE)
Na comunidade do Passarinho, a única luz que ilumina as ruas é a dos carros. Durante a noite, as pessoas têm medo de sair de casa, porque a escuridão é total.
Uma pesquisa feita em quatro estados apontou a Comunidade do Passarinho como uma das mais inseguras para as mulheres, já que 86% dizem que as ruas do bairro são perigosas e 74% já deixaram de sair de casa, com medo da violência.
Roubos e estupros são frequentes na comunidade e até carros roubados são desmanchados e abandonados nas ruas escuras.
A prefeitura de Recife informou que, nos últimos anos, o bairro do Passarinho recebeu 1.300 postes e que a população pode reclamar por telefone quando eles estiverem apagados.
Na Universidade Federal de Pernambuco, as mulheres lutam por mais segurança dentro e fora do campus. As alunas reclamam que não há segurança no campus durante a noite, porque falta iluminação pública. Uma pesquisa do IPEA mostrou que mais de 90% das mulheres do Brasil têm medo de sofrer alguma agressão sexual.
Em agosto, uma aluna foi estuprada em um terreno que pertence à universidade. Depois do estupro, Laíze abandonou a faculdade e voltou para a cidade onde morava com a família. “Na hora em que eu desci do ônibus, ele estava no ponto. Enquanto eu pegava o dinheiro, ele ficava falando isso. Na hora em que eu terminei de dar as coisas para ele, ele falou ‘você vai ficar aqui do meu lado’. Pegou na minha mão e não me largou mais”. A jovem foi levada para o matagal e estrangulada. Ela desmaiou e tem lembranças vagas do que aconteceu.
Os grupos feministas dizem que este ano sete alunas sofreram violência sexual no campus ou no entorno dele. A reitoria diz que só teve conhecimento do caso de Laíze e que está melhorando a iluminação do campus.
Rio de Janeiro (RJ)
As equipes da Light fazem operações contra o roubo de energia. O Rio de Janeiro é a cidade que mais rouba energia no Brasil. Cerca de 40% da energia de baixa tensão que eles geram é roubada.
Na inspeção das 24 casas do condomínio foram encontradas cinco suspeitas de fraude. A polícia fica encarregada de fazer a perícia nos medidores.
A redução repentina no consumo de energia em algumas casas de um condomínio de luxo chamam a atenção dos técnicos da Light. Os números mostram que 34% do roubo de energia acontece em comunidades e 66% em indústrias, comércios e residências.
Fonte: G1