Cidades

Policiais são presos por tiros em marcha contra racismo

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) é atingido por gás de pimenta durante tumulto na Marcha das Mulheres Negras, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, nesta quarta-feira (Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo)

Dois policiais civis foram presos por disparar tiros para o alto durante marcha de mulheres negras contra o racismo na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no início da tarde desta quarta-feira (18), informou a Polícia Militar. Pelo menos um dos dois presos integra grupo acampado em frente ao Congresso para defender a volta dos militares ao poder. Durante o tumulto, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) foi atingido com gás de pimenta, caiu no chão e precisou de socorro médico.

De acordo com a Polícia Civil, ele já havia sido detido na semana passada por supostamente ameaçar com arma manifestantes que participavam de atos na Esplanada. Nesta quarta, ele foi detido por disparo de arma de fogo, encaminhado para a 5ª DP, na Asa Norte, e liberado em seguida, após pagar fiança de R$ 790. A corporação informou que o caso será comunicado à Corregedoria da Polícia Civil do DF. A arma dele foi apreendida.

Policial civil Marcelo Penha é detido por atirar durante manifestação em Brasília(Foto: André Coelho/Agência O Globo)

O outro policial é do DF, segundo a Polícia Civil. Ele foi conduzido à Corregedoria da corporação, que está apurando a ocorrência. A Polícia Civil diz que não há relação entre os dois casos, que aconteceram em pontos diferentes da Esplanada, e que os envolvidos foram conduzidos por equipes distintas da Polícia Militar.

Após o primeiro disparo, lideranças da marcha pediram às participantes que se afastassem do gramado central e "não aceitassem provocação". Outros tiros foram ouvidos no local, após o início da confusão.

"Pessoas que estavam no 'Fora, Dilma', por não adesão do movimento [de mulheres negras] à questão, agrediram, tacaram bombas e parece que tem um rapaz que deu tiro na comunidade da marcha. Racismo", afirmou uma participante da caminhada.

O Corpo de Bombeiros enviou quatro veículos para atender eventuais feridos, mas até as 15h não havia informações sobre pessoas machucadas. A PM havia destacado cem homens para acompanhar a manifestação, mas deslocou mais policiais para a Esplanada depois da confusão.

A marcha das mulheres negras reunia 10 mil participantes até o momento da confusão, segundo a Polícia Militar, ou 20 mil, de acordo com os organizadores. A manifestação tinha como objetivo "mostrar o respeito pela ancestralidade", disse Vanda Menezes, uma das organizadoras do evento.

Pimenta em deputado
Durante o tumulto, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) foi atingido por gás de pimenta. A assessoria do parlamentar informou que ele conversava com representantes das marchas, tentando evitar conflito, quando o incidente ocorreu. 

Pimenta caiu no chão e precisou ser levado para o departamento médico da Câmara dos Deputados. Após análise, ele foi encaminhado a um oftalmologista, que receitou medicamentos para o olho. A assessoria disse que o órgão ficou inchado.

O parlamentar retomou o serviço em seguida. Ele participava de sessão na Comissão de Direitos Humanos à tarde.

Presente à marcha, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) comentou os tiros em uma rede social.

"Três tiros, entre várias outras violências, aconteceram agora no gramado do Congresso. Até quando os fascistas impedirão nossa atuação? O Congresso Nacional está sitiado. Golpistas q se instalaram aqui em definitivo impediram a Marcha de Mulheres Negras de se aproximar daqui. Um Congresso pode ser livre se está cercado por esse grupo armado? A própria policia legislativa está em risco, imagine o povo q luta" (sic), escreveu.

Fonte: G1

Redação

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