Foto: Ahmad Jarrah / CMT
O gás de petróleo liquefeito (GPL) ou gás de cozinha, como é mais conhecido, é essencial no dia a dia da população, seja consumido de forma direta ou indireta, por aqueles que não cozinham em casa. Mas, será que pagamos um preço justo pelo produto?
De acordo com dados do SindiGas, o preço do botijão de 13 quilos aumentou 21,1% entre setembro de 2014 e o mesmo mês deste ano, chegando a quase R$ 53. A margem de lucro dos revendedores representa mais de 37% deste total (R$ 17,70). Outros R$ 12,81 são referentes à margem bruta de distribuição acrescida dos custos. A tributação do produto abocanha R$ 9,36 e R$ 13,01 vão para a Petrobrás.
No entanto, os valores praticados podem ser bem mais salgados em determinadas regiões. Um levantamento realizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra que Mato Grosso tem um dos preços mais altos do País. O botijão custa em média R$ 61,01, passando dos R$ 70 em alguns estabelecimentos e localidades. A logística e o ICMS são os principais motivos para o alto valor. A alíquota do ICMS, segundo revendedores, é de 17,2% no Estado.
Outro fator que impacta no preço é a distância, já que o produto comercializado em Mato Grosso vem de fornecedores de São Paulo. Além do alto custo, é praticamente inviável acompanhar se a quantidade paga pelo consumidor é a mesma que ele efetivamente recebe.
“A gente compra o botijão e não tem como saber se ele está mesmo cheio ou se está pela metade. Mas, de qualquer forma o preço está sempre subindo, isso não tem como não reparar”, diz Maria Aparecida Gonçalves, dona de uma pequena lanchonete na região central da cidade.
Apesar da fiscalização por órgãos como o Instituto de Pesos e Medidas de Mato Grosso (Ipem-MT), para quem compra é bem difícil fazer esse acompanhamento. “A pessoa até pode perguntar se tem uma balança e somar o peso da tara com o peso do produto, mas não é tão simples, até porque existe uma tolerância de diferença. Por isso estamos constantemente fiscalizando, e muitas vezes encontramos recipientes sem a tara, fora do peso, ou em más condições de uso”, informa Elaine Barros Prado, coordenadora de fiscalização de produtos pré-medidos do Ipem-MT.
Segundo informações do órgão, que funciona como uma autarquia estadual vinculada ao Inmetro, às operações de fiscalização são realizadas durante todo o ano em Cuiabá e no interior do Estado. “Desenvolvemos esse trabalho para evitar que o consumidor seja lesado, verificando se está sendo entregue a quantidade correta. Quando a gente verifica uma diferença grande, geralmente a responsabilidade é de quem envasa o produto, e não do ponto de revenda”, explica à coordenadora.
Gás encanado
Também é difícil fazer esse acompanhamento em condomínios com sistema de gás encanado, principalmente quando não existem medidores individuais por unidade consumidora. Neste caso, não há parâmetro para saber se determinado morador está gastando muito ou se a cobrança está sendo exagerada.
Para simplificar essa conta, em um condomínio de Cuiabá o preço do gás já está embutido na taxa mensal paga por todos os proprietários ou inquilinos. “Nesse empreendimento a construtora não implantou o medidor individual de consumo. Aqui o gás é incluído na taxa de condomínio e todos pagam o mesmo valor, de aproximadamente trinta reais, gastando mais ou menos. Futuramente nós vamos avaliar se compensa instalar os medidores, dependendo do custo benefício pra implantação desse sistema”, informa o síndico Edson Jabur.
Morador de um condomínio que conta com o serviço de gás encanado, o diretor de arte Vinícius Capuano acredita que, apesar da comodidade, a despesa é mais elevada. “Tem um medidor por apartamento e cada um recebe sua conta. Eu tenho a impressão que, nesse caso, o gás encanado é mais caro, porque a cada dois meses a gente paga aproximadamente cinquenta reais, mesmo sem ter um consumo tão grande”, compara.
Os valores também podem ser influenciados por alguns fatores, como o consumo total do edifício e se o gás é fornecido ao condomínio em botijão, em cilindros ou em tanques. Além disso, o gás pode ficar mais caro, dependendo da distância percorrida pelos fornecedores para entregar o produto.
Sobre o GLP
Os recipientes para armazenamento de GPL são cheios até 85% de sua máxima capacidade. O restante do espaço é utilizado na vaporização do produto, que ocorre com a troca de calor entre a parede do recipiente e o gás armazenado na forma líquida. Quanto maior a temperatura externa do recipiente, maior a velocidade de vaporização do GLP.
Como o próprio nome já diz, o GPL é um sub-produto do petróleo, extraído por meio de refino. Torna-se liquefeito apenas quando é armazenado em botijões ou tanques de aço, com pressão de 6 a 8 atmosferas (6 a 8 kgf/cm²). Na construção dos recipientes para armazenamento do gás, são utilizados materiais com capacidade mecânica para suportar grandes pressões. Isso garante a segurança com relação a eventuais possibilidades de rompimento e também facilita a vaporização do produto, que é essencial para a sua utilização.
Confira detalhes da reportem no jornal Circuito Mato Grosso