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A greve dos médicos peritos do INSS, que hoje completa 71 dias, adiou 600 mil perícias, segundo balanço do órgão, prejudicando milhares de segurados que ficaram sem o salário e sem receber o benefício. A paralisação fez ainda com que o tempo médio de espera para agendamento de auxílio-doença ou renovação mais do que dobrasse, passando de 20 para 49 dias. E a situação dos segurados pode ainda piorar, pois os servidores administrativos da Previdência, que pararam por 80 dias este ano, fazem assembleia dia 17 para decidir se voltam à greve novamente.
Para a auxiliar administrativa Geisa Cardoso, 29 anos, pedir o auxílio-doença foi um tormento. Com diabetes gestacional, ela foi afastada do trabalho no dia 3 de setembro, por sua médica, e foi várias vezes à agência da Praça da Bandeira para dar entrada no pedido de benefício. Só depois de dar à luz, em 26 de outubro, conseguiu ser periciada na sua quinta tentativa, na última quarta-feira.
“Foi um sofrimento. Estava grávida e tive de voltar aqui cinco vezes”, contou ela, que ainda encarou a agência fechada por duas vezes devido à greve dos servidores administrativos, terminada em 28 de setembro.
“A empresa me pagou os 15 primeiros dias. Mas fiquei sem salário o resto do mês e outubro. Vou receber o retroativo”, disse.
Sem poder andar, a auxiliar de cozinha Edileia Conceição, 38, também foi afetada pela paralisação. Em abril, ela sofreu acidente e teve fratura exposta no pé direito. Naquele mês, conseguiu pedir o benefício, mas teria de renová-lo três meses depois. Como não conseguiu marcar o reagendamento, deixou de receber o auxílio por três meses.
“Tenho três filhos e ainda estou nessa situação. Não posso ficar sem o dinheiro do benefício”, reclamou ela, que também foi à Praça da Bandeira essa semana.
Na conta da Associação Nacional dos Médicos Peritos, o prejuízo da greve da categoria é muito maior. Eles prevêem que 1,2 milhão de pessoas estejam afetadas.
A categoria reivindica 27% de aumento em dois anos, redução da carga semanal de 40 para 30 horas de trabalho, reestruturação da carreira e fim da terceirização. Segundo o INSS, atualmente há 4.378 médicos peritos, com salário que varia de R$ 11 mil a R$ 16 mil para de 40 horas. O INSS afirmou que está negociando com a categoria para retomada dos serviços. O órgão efetivou o corte de ponto de peritos que deixaram de trabalhar e descontou os dias parados.
A perícia médica é requisito para benefícios de auxílio-doença. O INSS passa a pagar o benefício 15 dias após a licença concedida pelo médico do trabalhador. O exame também é necessário para aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial e reconhecimento de acidentes de trabalho.
Levantamento feito ontem à tarde pelo DIA no site da Previdência mostrava que os prazos para agendamento no Rio variam entre o dia 18 deste mês até 4 de abril de 2016. Na Baixada, vão até 18 de janeiro e em São Gonçalo, 6 de janeiro.
Agendamento está mantido
Apesar da greve dos peritos, o atendimento para perícia está sendo agendado pelo INSS, que dá prioridade para as perícias iniciais. Segundo o gerente-executivo da Gerência Centro do Rio, Flávio Souza, o pedido pode ser feito pelo 135 ou pelo site da Previdência. “Estamos mantendo o atendimento com 30% do efetivo”, informou Flávio.
De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos, Francisco Cardoso, quem recebe auxílio e já pediu a renovação não pode ter o benefício suspenso. “Mesmo que a pessoa não tenha feito nova perícia, o agendamento garante a manutenção do benefício”.
Nova greve de servidores administrativos
Quase dois meses após retomarem as atividades, funcionários administrativos do INSS no Rio prometem nova paralisação a partir do 24 deste mês. A categoria alega que o governo não está cumprindo termos do acordo, que prevê reajuste de 10,8% em dois anos, entre outros benefícios. Diz ainda que houve apenas a devolução de dias cortados.
O INSS nega e diz que todos os pontos estão em andamento e alguns já foram atendidos.
Fonte: iG