Com um ano péssimo para a economia brasileira, os varejistas focam na Black Friday para tentar desovar estoques encalhados. Mais uma vez a grande aposta do setor de eletroeletrônicos será nas vendas de smartphones, que deve ser turbinada com o anúncio da possibilidade de terem um acréscimo de 9,25% no preço final do produto, a partir de 1º de dezembro.
Smartphones, tablets, computadores, modens e roteadores têm isenção fiscal até 30 de novembro referente a cobrança de PIS e Cofins desde 2005. A volta dessas alíquotas deve ser o mote do marketing das empresas para garantir a última oportunidade de compra sem o imposto, algo muito usado pelas lojas de carros no fim do ano.
Segundo o Ministério das Comunicações, 95 milhões de smartphones já foram comercializados no País com a isenção de PIS e Cofins. A regra vale apenas para aparelhos com preços até R$ 1,5 mil. Um aparelho de entrada, vendido hoje por R$ 500 passará a custar para 546,25 a partir de 1º de dezembro. Já um intermediário de R$ 1 mil passará a custar R$ 1.092,5, enquanto outro de R$ 1.500 valerá 1.638,75.
No entanto, há a possibilidade da isenção ser prorrogada em decorrência do forte lobby que a indústria tem feito para impedir a volta da cobrança. Parte do setor tem sugerido ao governo que se cobre as tarifas dos outros itens beneficiados com a isenção (o que gera recursos aos cofres públicos) e deixe apenas os smartphones livre da taxação. Mas a estratégia das empresas é apelar para “última compra com isenção na Black Friday”.
Segundo Leonardo Munin, analista de pesquisas da IDC Brasil, em 2014 a venda de smartphones cresceu 600% na Black Friday. “Caso as alíquotas voltem mesmo a serem cobradas nossas expectativas serão mais pessimistas para 2016 porque essa cobrança contagia toda a cadeia produtiva. Os impostos são cobrados apenas do varejista, na hora da venda ao consumidor final, mas isso eleva o preço final, o que leva a consequente queda das vendas e na produção. Toda a expectativa positiva para este ano está na Black Friday, o que pode aliviar o setor.”
O mercado de eletroeletrônicos viveu um 2014 um busca frenética pelos smartphones, passando de 35,2 milhões de unidades vendidas em 2013 para 54,5 milhões em todo o ano passado. “Tivemos um ano fora da curva em 2014 e os smartphones ficaram entre os primeiros itens de desejo do brasileiro desde então. Mas o cenário para este ano é muito ruim, impactado pela alta do dólar que encarece a produção em 80% dos insumos que são importados”, explica Munin. Segundo dados da IDC Brasil, até agosto deste ano 31,9 milhões de smartphones foram vendidos. A previsão total para 2015 é que as vendas fiquem entre 49 e 50 milhões de unidades.
Pesquisa aponta que 42% das pessoas querem trocar de smartphones
Uma pesquisa realizada pelo Google com mil pessoas, no final desse mês, mapeou os hábitos de consumo do brasileiro e as expectativas do varejo para a Black Friday 2015. Claudia Sciama, diretora de negócios para o varejo do Google Brasil afirmou que essa edição do evento será boa principalmente para o mercado de smartphones. “Eles apresentam a maior taxa de interesse de compra. Dos que compraram um celular no ano passado, 42% querem usar a data para trocar de aparelho neste ano”, relata Claudia.
Dentre as pessoas que compraram eletrodomésticos, moda, computadores, televisores e produtos de beleza, o interesse na compra de um novo aparelho de celular gira em torno dos 36%, de acordo com a pesquisa. Entre os termos mais procurados no buscador, celular, smartphone e iPhone estão no topo da lista.
O levantamento aponta que na semana da Black Friday cresce a busca por produtos que “cabem no bolso” do consumidor em detrimento dos "sonhos de consumo". No ano passado, por exemplo, na onda das TV’s 4K, o produto mais procurado foi a TV de plasma que teve um aumento de 415% nas buscas. O mesmo aconteceu com os smartphones. O iPhone 6 era o lançamento da época em 2014, no entanto durante o período da BF houve um boom de buscas para o iPhone 5s e o 4s.
Fonte: iG