Eu fiz terapia durante anos seguidos. Como disse Divaldo Pereira Franco, “A maioria das pessoas possuem traumas de infância, a terapia te ajuda a aliviá-los mais rapidamente.”, este ano precisei retornar à terapia e durante um dos encontros meu psicólogo disse: Iracema, não existe vida sem dor. Parecia que nunca havia escutado isso, olhei pra ele com um misto de raiva e dor, respondi: Eu sei bem. Saindo de lá aquela frase ficou ecoando dentro de mim, todos sabemos disso da boca pra fora.
O grande desafio é dar o peso “certo” para dor, como li em um artigo recente de André J. Gomes, “…Há os que demonstram pouco, quase nada, e isso não quer dizer que também não amarguem uma perda aqui, uma separação ali, uma decepção acolá. E há os que escancaram seu pesar com a honestidade de um alto-falante. Tem gente que grita sua queixa muito mais alto que o volume da dor que sente. Também tem aqueles que sofrem não pela tristeza da perda, do fim, do adeus, mas pela incompreensão do fato, pela dificuldade de aceitar que algo acabou. E tem ainda aquela gente que sente tanto, mas sente tão fundo, que nem tem força para sair por aí berrando seu desespero. Então se fecha e chora baixinho até passar a dor. Cada um de seu jeito, todo mundo sofre. Paciência. Estamos todos na fila para renovar nosso visto de permanência na vida. Talvez esteja aí a menor distância entre cada um de nós. Nossa divina capacidade de sofrer, deixar para trás e seguir em frente. Em cada um de nós essa arte se manifesta de um jeito, em seu tempo. Porque somos diferentes, digerindo misérias diversas…”.
Minha mãe foi para outro plano eu tinha 14 anos, uma dor incurável, mas sei que os laços de amor não se partem, sei que ela fica triste junto comigo, por essa razão me dou o direito de chorar no aniversário dela e no dia que ela se foi, gerenciar a dor exige coragem, autoconhecimento e amor por quem se foi, por isso é tão importante não ficar colocando o dedo na ferida, mas então o que fazer? Uma possibilidade é a meditação, ser capaz de observar a própria mente, ser capaz de definir, isso é dor ou isso é drama, e como nosso cérebro é muito poderoso, assim que damos o peso correto ele imediatamente inicia o processo de busca por uma solução. Um pergunta que sempre ajuda é: Existe algo que eu possa fazer para mudar a situação? Se a resposta for sim, crie um plano de ação. Se a resposta for não, gerencie suas emoções, atividades para lhe distrair e despertar sentimentos positivos. Se você não fizer nada, a dor aumenta, essa é uma das razões de tanta insônia e depressão nos finais de semana. Como disse André no artigo “Só sente dor quem continua vivo.” Namastê.