Opinião

ETERNIZANDO VILLÁ, O ÍNDIO DE CASACA

Ao raiar do século XXI, membros da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em visita oficial ao Museu Villa-Lobos, Rio de Janeiro, preocuparam-se em analisar o acervo e a proposta de registro no Programa Memória do Mundo das partituras do maestro e compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959). São mais de 50 mil itens, dentre documentos, partituras (manuscritas e impressas), correspondências, recortes de jornais, discos, filmes, livros, condecorações, instrumentos musicais e objetos de uso pessoal de Heitor Villa-Lobos, apelidado carinhosamente de “Villá” e “Índio de Casaca”.

O Programa Memória do Mundo é uma iniciativa da Unesco em reconhecer documentos, arquivos e bibliotecas de grande valor regional, nacional e internacional. “Preservar e difundir acervos e impedir que o patrimônio da humanidade seja esquecido” são os principais objetivos da iniciativa. Neste mês, foi publicada a portaria do Ministério da Cultura que inscreve as Partituras: obras de Heitor Villa-Lobos no Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Unesco. Sem dúvida, reconhecer a obra de Villá é uma vitória para a história dos grandes feitos da humanidade. 

Entre os pertences tombados estão fragmentos indentitários dos indígenas. Nozani-na, por exempo, canção do povo indígena Aliti/Paresi, integra a coleção para canto orfeônico, recolhida por Roquette-Pinto e adaptada por Villá. Muitos depois do maestro – que foi atingido por ovos durante a Semana de Arte Moderna de 1922 – interpretaram a canção. A lembrar da portuguesa Cristina Maristany (1906-1966), Marlui Miranda e Milton Nascimento. Na década de 1990, alunos da Escola Livre Porto Cuiabá, sob a regência de Roberto Sol, também emprestaram suas vozes infantis para louvar a diversidade indígena do País, ao cantarem: “Nozani na ôrê kuá, kuá/Noza niná ôrê kuá, kuá. Nozani noteraham, rahan. Oloniti, niti, noteraharan, kozêtozá tozá. Nôterá têrá, kenakiá kiá, nê ê êná, êná. Uálálô lálô, nê ê êná, êná. Uálálô lálô, firáhalô halô. Nolô uai!” 

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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