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Com crise número de vagas temporárias será 20% menor

“Nunca trabalhei como temporária, mas esse ano eu cogito isso. Agora fica mais fácil com o Natal, porque, mesmo na crise, o pessoal gosta de gastar”.

O bolso aberto do consumidor brasileiro no final de ano é a aposta de Leia de Lima Ruiz, de 25 anos, para não fechar 2015 desempregada.

Ela está sem trabalho há um ano, após ocupar por dois anos o cargo de controladora de acesso em um estacionamento de Francisco Morato.

“Toparia trabalhar em qualquer loja”, diz ela, que tem o ensino médio completo, já entregou o currículo 34 vezes neste ano, mas ainda não conseguiu uma entrevista sequer.

As notícias para Leia, no entanto, são desanimadoras. Em ano de alta do desemprego, as vagas temporárias também sofrem com os cortes.

Levantamento realizado pela Asserttem (Associação Brasileira de Trabalho Temporário), nos meses de agosto e setembro, mostra que o número de vagas temporárias será 20% menor no último trimestre de 2015, em comparação ao mesmo período do ano passado.

O mercado contratou 377.502 trabalhadores temporários em outubro, novembro e dezembro de 2014. Para este ano, a previsão é de 302 mil contratações.

O cenário recessivo, aliado à inflação elevada, tem pesado sobre o mercado de trabalho. Além disso, a forte crise política também mina a confiança de empresários e consumidores, reduzindo gastos e investimentos.

Perfil

O Estado de São Paulo é responsável por quase 70% dessas contratações, seguido do Rio de Janeiro (7%), Paraná (6%) e Minas Gerais (4%).

Ao longo do ano, as oportunidades temporárias se dividem igualmente entre comércio e indústria (50%-50%). Mas, no fim do ano, o comércio chega a oferecer até 70% dessas vagas.

No comércio, o trabalhador mais comum é aquele que tem entre 18 e 40 anos e o 1º grau completo. As vagas são sobretudo para comércios de rua, shoppings e supermercados.

Já na indústria a faixa etária é a mesma, mas o 2º grau completo é a regra, com destaque para os trabalhadores que possuem alguma qualificação técnica.

Segundo Michelle Karine, diretora de comunicação da Asserttem, esse aperto no mercado torna o cenário mais competitivo.

— Paro trabalhador está mais competitivo do que antes. Então acaba sendo valorizado tanto a formação dele quanto o perfil cultural. Não só o que ele sabe fazer, mas como ele faz, se é comprometido, se trabalha bem em equipe, se é comprometido.

Menos efetivações

Gabriel Lucas Lopes da Silva, de 22 anos, também está nessa batalha. Desempregado há quatro meses, ele está “só procurando, e nada”.

— Já procurei vaga de ajudante de auxiliar, que é meu cargo, motorista, auxiliar de logística, de tudo quanto é jeito, mas está difícil.

“Meu objetivo é ser efetivado”, diz ele.

— Meu objetivo é sempre estar ali fazendo o ‘trampo’ certo para poder ser efetivado.

Mas as oportunidades de conseguir uma vaga fixa também estão menores.

“Até o ano passado, a expectativa para efetivação sempre variou entre 30 a 40%. Mas com a atual instabilidade econômica e a insegurança das empresas, que reduziram ao máximo o seu contingente efetivo, provavelmente esse índice de efetivação será menor”, diz Karine.

Trabalho temporário: lei 6.019/74

A diretora da Asserttem ressalta que é importante esclarecer o que é o trabalho temporário. Essa modalidade de emprego é regida pela lei federal 6.019/74. Ela é acionada somente em duas ocasiões: atender à necessidade transitória de substituição de pessoal, ou para atender a um acréscimo extraordinário de serviços.

“Contrato de experiência não é trabalho temporário, isso é CLT. E o contrato de experiência não pode ser usado como contrato temporário. Contrato por prazo determinado também não é contrato temporário”, explica.

O trabalho temporário só pode ser oferecido por agências de emprego autorizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Durante a vigência do contrato, o trabalhador ficará atrelado tanto à agência quanto á empresa contratante.

Esse funcionário tem todos os direitos de um funcionário efetivo, exceto o aviso prévio e seguro-desemprego. Os contratos são de no máximo três meses, prorrogável pelo mesmo período.

“O grande diferencial hoje é o perfil comportamental, tanto quanto a qualificação técnica”, diz Karine.

— As empresas consideram muito isso na hora de contratar. Estamos percebendo uma forte tendência nos últimos 15 anos. E agora, nesse cenário, o comportamental vai ter mais importância.

Para Leia, que tem experiência como controladora de acesso, uma vaga temporária seria também uma oportunidade para mudar de área de atuação.

— Dependendo da opção que aparecer, a gente tem que aceitar. Tem que topar tudo agora.

Fonte: iG

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