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‘Ela dava risada’, diz jovem que parou motorista que atropelou 2

A motorista que atropelou e matou dois homens que pintavam a ciclofaixa de uma avenida na Zona Norte de São Paulo, no dia 18, "dava muita risada" logo após o atropelamento, segundo testemunha ouvida pelo Fantástico. A administradora Juliana Cristina da Silva, de 28 anos, fugiu do local após atropelar Raimundo Barbosa dos Santos, de 38 anos, e José Airton de Andrade, de 53. Os dois morreram na hora. A motorista bateu o carro logo em seguida, cerca de 700 metros à frente. Ela deu ré, fugiu e foi alcançada por um rapaz e mais duas pessoas.

"Ela dava risada. Dava muita risada. Parecia que tava sendo engraçado", disse Bruna Vitória Nunes, que alcançou a motorista após o acidente. Juliana foi presa em flagrante. Ela pagou fiança e deixou a cadeia. Vai responder em liberdade.

"Ela saiu meio grogue. Saiu como um gatinho do carro, como se não tivesse feito nada", disse Artur Henrique Freixo, que também participou da perseguição à motorista.

Bruna relata que após bater o carro, Juliana disse: "Acabei de atropelar dois caras". Ela seguiu adiante com o carro amassado e parou em um cruzamento, buzinando para o veículo à frente que estava parado no semáforo. "Ficou uns 30 segundos buzinando pra querer ultrapassar meu carro pra abrir… passar o farol vermelho", disse Artur. Foi então que mais adiante ele conseguiu alcançar o carro de Juliana. Gabriel e Bruna vieram logo a seguir. Eles tiraram a chave do contato para a motorista não fugir mais.

Na ocasião do acidente, Juliana foi submetida ao exame de etilometria pela polícia e apresentou resultado de 0,85 miligrama por litro de ar – quase três vezes o limite para se configurar o crime de embriaguez ao volante, que é de 0,34 mg/l. Juliana foi autuada em flagrante por homicídio culposo, lesão corporal e fuga sem prestar socorro.

Juliana foi presa e encaminhada ao 89º DP. Na terça-feira (20) ela pagou fiança de 20 salários mínimos (cerca de R$ 15 mil) e foi liberada. Ela vai responder ao processo em liberdade. A decisão que permitirá à motorista responder o processo em liberdade foi do  juiz Paulo de Abreu Lorenzino, do Departamento de Inquéritos Policiais. Ela determina, além da fiança, que a motorista entregará a carteira de habilitação e deverá comunicar à Justiça caso fique ausente da cidade por mais de 30 dias. O Ministério Público recorreu da decisão.

Os dois operários eram funcionários de uma empresa terceirizada que prestava serviços para a CET. Ambos eram do Piauí.

Raimundo Barbosa dos Santos, de 38 anos, chegou a São Paulo há 19 anos em busca de uma vida melhor. Ele vivia na Brasilândia, na Zona Norte, com a mulher e quatro filhos.

"Tudo de um pai bom, maravilhoso, ele é. E foi acontecer essa tragédia hoje de madrugada, com essa bêbada. Acabou com a minha vida e com os meus filhos", disse a viúva de Raimundo, Sila Cavalcante de Souza. Ela foi ao 89º DP na manhã desta terça-feira para acompanhar a saída da mulher da delegacia.

José Airton morava em Francisco Morato, na Grande São Paulo, e tinha dois filhos. Um vizinho do operário mostrou indignação com a morte. "Eu quero que esta pessoa seja punida no rigor da lei para isso não voltar a acontecer com outros pais de famílias", disse Carlos Eduardo Cajaraville.

Um familiar do operário Raimundo Barbosa dos Santos também compareceu na manhã desta terça-feira ao 89º Distrito Policial. O pedreiro Manoel Ferreira da Silva, de 42 anos, é primo de Raimundo e, como mora na favela Paraisópolis, próximo ao DP, resolveu passar na delegacia para saber o horário em que a motorista seria solta. "Eu vim só para ver o rosto dela. A justiça quem dá é Deus. Se eu pudesse, queria saber dela, se ela fosse mãe de família, se acharia bom alguém matar o filho dela", afirmou.

Manoel conta que, até a noite desta segunda-feira, estava trabalhando em uma obra no interior de São Paulo. Sem acesso a televisão ou internet por lá, só ficou sabendo do caso na manhã desta terça, quando voltou para casa e ligou a TV. Assim que viu a notícia, ligou para Piripiri, no Piauí, sua cidade natal, e confirmou o ocorrido.

O pedreiro opina que a decisão da Justiça de conceder a Juliana o direito de responder pelos crimes em liberdade é um erro. Para ele, a motorista "tinha que pagar na cadeia direto". "Vi no jornal que ela vai pagar 20 salários mínimos. É uma injustiça muito grande. Não pode ser um negócio desses, porque a vida do meu primo não volta mais. Esses 15 mil reais vão pra quê? Não resolve nada", completou.

Fonte: G1

Redação

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