Cidades

Obras paradas afetam mobilidade urbana

Não bastasse o fato de que o suposto legado que a Copa do Mundo 2014 deixaria não se concretizou, muitas obras inacabadas continuam desfavorecendo a população de Cuiabá e Várzea Grande. Em várias regiões da capital, transtornos decorrentes das construções paralisadas ainda afunilam o trânsito e prejudicam a mobilidade urbana.   

VLT

Os blocos de concreto que servem para “isolar” a obra inacabada do Veículo Leve sob Trilhos (VLT) tornaram-se um grande empecilho para a boa fluidez do trânsito. Na Avenida Tenente Coronel Duarte, conhecida como Avenida da Prainha, grande parte da via é ocupada pelos obstáculos, que diminuem substancialmente o espaço para tráfego dos veículos, comprometendo o bom andamento do trânsito.

Além de não ter sido beneficiada com o VLT, a população continua tendo de conviver com o incômodo resquício da obra, que sequer tem previsão de conclusão. O problema se repete ao longo da Avenida da FEB – principal corredor de ligação entre a capital e Várzea Grande. Situação que deixa o trânsito mais lento e perigoso. Segundo informações da Secretaria Estadual de Cidades (Secid), “os blocos de concreto não podem ser retirados até o término da obra”. 

A atual gestão estadual discute a questão na Justiça, visto que o consórcio construtor cobra, pelo menos, R$ 800 milhões para finalizar a execução do projeto. O consórcio VLT Cuiabá venceu a licitação realizada em junho de 2012, na modalidade do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), que não permite aditivos, por R$ 1,447 bilhão. Deste total, R$ 1,066 bilhão já foram pagos.

Recentemente, foi anunciada a empresa que fará o trabalho de consultoria especializada da situação do VLT. A empresa KPMG Consultoria é a vencedora do processo de dispensa de licitação determinado pela Justiça Federal. O resultado do trâmite foi divulgado no último dia nove. O processo segue agora para elaboração de contrato. A previsão é de que a KPMG Consultoria assine os documentos da contratação ainda nesta semana. 

Trincheira do Santa Rosa

Na trincheira do Santa Rosa, os riscos relacionados à obra permanecem. A ausência do muro de contenção na parte superior do viaduto coloca em risco a segurança dos motoristas. No local, placas de metal e pedaços de ferro fazem a segurança. Mostrando a fragilidade dessa segurança, em março deste ano um veículo caiu no local, despencando por mais de cinco metros e deixando três jovens feridos.  

Em fevereiro, um terreno ao lado do viaduto desabou, levando ao fechamento de parte da via. Mesmo com o trecho já liberado para o tráfego, não foram adotadas as ações necessárias para a contenção da erosão. Motivo de preocupação constante para quem mora ou trabalha próximo ao local. 

A família de David Dietes tem um prédio bem ao lado da cratera. Desde que o problema começou , eles aguardam uma solução. “Cada vez que chove o terreno vai desmoronando mais e qualquer hora vai acabar afetando a pista. A rua ficou fechada por um bom tempo e isso atrapalhou muito a gente. Prejudicou o transporte público, porque o ônibus não passava mais aqui e ficou ruim para o comércio, porque não tinha como os clientes chegarem”, afirma.  

Sobre a erosão, a Secid informa que foi realizada perícia no local, por meio da POLITEC. O laudo aponta que o desmoronamento foi ocasionado devido a uma escavação irregular feita pelo proprietário do terreno particular. O Governo deve arcar com a obra, mas pode pedir o ressarcimento dos custos ao proprietário, já que a erosão não teria sido causada pelas obras da Trincheira. 

Avenida Lava Pés

Na Avenida Lava Pés, alguns retornos foram obstruídos com blocos de concreto. Com isso, o trânsito tem estado mais lento, principalmente nos horários de pico, já que os motoristas precisam percorrer grande parte da via antes de fazer a conversão. Muitos meses depois, nada mudou e os locais para o retorno de veículos continuam fechados com blocos de concreto, os chamados “gelo baiano”.

Aeroporto 

As obras de reforma e ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, podem ser retomadas em breve. A ordem de serviço foi assinada pela Secid e pelo Consórcio Marechal Rondon na terça-feira (20.10). A expectativa é de que os trabalhos sejam reiniciados no local nos próximos dias. Conforme o novo cronograma de obras, o prazo para conclusão é de 390 dias. 

Além do terminal de passageiros, o contrato também prevê a instalação de pontes de embarque, reforma e adequação de vias de serviço, nova sinalização horizontal do pátio de aeronaves, assim como a reforma, adequação e ampliação do sistema rodoviário interno do aeroporto. 

Orçadas em R$ 83,4 milhões, as obras no aeroporto Marechal Rondon foram iniciadas em dezembro de 2012 e tinham prazo de conclusão de 450 dias, ou seja, deveriam estar finalizadas desde o mês de março de 2014. Até o momento, R$ 60,7 milhões já foram pagos ao consórcio Marechal Rondon, que é formado pelas empresas Engeglobal, Farol Empreendimentos e Multimetal Engenharia. 

Melhorias

Apesar dos problemas que persistem, algumas melhorias foram concluídas ou estão sendo finalizadas. Um dos exemplos é o “retaludamento” no Morro do Despraiado. No local, uma grande erosão que colocava a população em risco, foi recuperada. O problema foi denunciado diversas vezes pelo Jornal Circuito Mato Grosso. A obra ficou paralisada por um período, mas foi retomada e está praticamente finalizada. 

O viaduto Jamil Boutros Nadaf, conhecido como viaduto da Sefaz, ficou interditado desde agosto de 2014. O elevado, que fica na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, teve o tráfego interrompido seis meses depois de concluído, devido à constatação de problemas estruturais na obra. Os reparos tiveram início no mês de fevereiro. Cinco meses depois, foram realizados testes de carga para liberação do trafego no local, que aconteceu no final de agosto. O viaduto faz parte do conjunto de projetos de mobilidade urbana para a instalação do VLT, cuja obra está parada. Tem 278 metros de extensão e custou R$ 7,4 milhões.

Retomada

Nesta terça-feira (20), o governador Pedro Taques (PSDB) firmou acordo com o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE MT) e o Ministério Público de Contas (MPC) para a retomada de seis obras paralisadas. 

As assinaturas são referentes às obras do Complexo Viário do Tijucal, Trincheiras Santa Rosa e Verdão/Santa Isabel, além das Duplicações da Estrada da Guarita e Rodovia Mário Andreazza. O Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) também foi assinado pelas construtoras responsáveis pelas melhorias.

Além disso, foram assinados outros dois Tag’s referentes a contratos com empresas supervisoras de obras de pavimentação asfáltica e de arte especial em Cuiabá e Várzea Grande.  De acordo com informações do Governo, R$ 50 milhões do orçamento 2015 e outros R$ 120 milhões do próximo ano serão destinados à conclusão dessas obras. Ainda não foi definido quando os trabalhos devem ser efetivamente retomados. 

Ainda segundo informações do Governo, a intenção é que sejam assinados 24 Tag’s. Somente a obra do VLT não deve ser contemplada, já que o desacordo entre Estado e Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande fez com que a questão fosse judicializada.

Thales de Paiva

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