Foto: Marcos Lopes/ALMT
O deputado estadual Zeca Viana (PSD) revelou, durante a sessão ordinária da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, na noite desta quarta-feira (21), que foi alvo de um inquérito da Polícia Civil, por, supostamente, ter contratado um pistoleiro profissional para assassinar o secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, e sua esposa. De acordo com o parlamentar, a investigação começou a partir de uma denúncia por e-mail enviado ao chefe de gabinete do Palácio Paiaguas, José Arlindo.
“Eu fiquei sabendo que eles tentaram montar uma armação contra mim. Não adianta tramar nada contra minha pessoa. Tudo que fizerem, calúnia, difamação, se não for verdadeira, eu não tenho medo. Eu não vou me intimidar", declarou o político.
Conforme Viana, o inquérito foi aberto em 12 de março, coincidentemente, logo após o deputado ter trocado ofensas públicas com o secretário. O e-mail enviado ao Governo denunciava que o parlamentar havia contratado um homem, chamado Donizete, para matar o secretário da Casa Civil. Ele garante que só tomou conhecimento de seu envolvimento nesta denúncia anônima, porque o inquérito foi arquivado, em razão de ausência de provas.
Ele citou que a Polícia Civil não encaminhou ao Google, conforme solicitação da própria empresa, o número de IP (identificação) da máquina pela qual o e-mail foi enviado – tampouco da máquina que recebeu o conteúdo. A medida facilitaria a identificação do autor da denúncia.
"Colheram o depoimento do suposto pistoleiro, que disse que não conhecia a mim, nem o secretário. Pediram a Polícia a quebra de sigilo, o Google pediu que eles enviassem o IP das máquinas, o que não foi feito. Desta forma, o Ministério Público mandou arquivar o processo por falta de provas", disse.
Afirmando que as denúncias buscavam “ferir a sua honra”, Viana cobrou que o Ministério Público Estadual (MPE) a reabertura do inquérito policial.
“Tive a sorte desse inquérito ter sido conduzido em segredo de Justiça. Se ele tivesse vazado antes de ter sido concluído, eu teria sido trucidado pela mídia. […] Eu gostaria de pedir ao Ministério Público que vá até as últimas consequências. Porque fica muito mal um deputado suspeito de ter mandado matar um secretário”, afirmou o parlamentar, durante a sessão da AL.
Reabertura de inquérito
O deputado solicitou ao Ministério Público Estadual e ao Tribunal de Justiça a reabertura do inquérito.
"Fui envolvido em um crime sério que é uma acusação de mandar matar alguém. Não posso deixar isso quieto, meus princípios não permitem. Se eu fosse culpado, essa hora eu estaria na cadeia", afirmou.
"Como não sou, quero saber quem são as pessoas maldosas que me envolveram nessa história. Vou cobrar das autoridades. É preciso elucidar o caso, tornar isso público, pessoas que usaram dessa má-fé são criminosas, e têm que responder por seus atos", disse.
Zeca Viana ainda disse achar "estranho que a Polícia Civil e o Ministério Público, com todo os seus aparatos, não conseguirem descobrir a origem de um e-mail, vindo de Chapada dos Guimarães para a Casa Civil e não descobrir a pessoa que emitiu a mensagem".
“Ou não quiseram fazer, ou omitiram as informações. Eu, como cidadão sério, não aceito esse tipo de armação, esse tipo de calúnia. Por se tratar de uma ameaça atingindo a pessoa do nobre secretário Paulo Taques, eu não posso deixar passar em branco. Eu vou lutar até o final, e se tiver que ir para a Polícia Federal, nós iremos”, disse.
Governo faz declaração
Por meio de nota, o Governo do Estado confirmou a existência do inquérito policial e rebateu qualquer tentativa de prejudicar o deputado, que se destaca no papel de oposição no Parlamento.
"Ao prestar depoimento, o secretário Paulo Taques afirmou que não acreditava na veracidade das informações e que tal ação poderia ter sido orquestrada para prejudicar o relacionamento dos agentes do Poder Executivo com o Poder Legislativo", diz trecho da nota do Governo.
Confira a nota de esclarecimento do Governo do Estado:
"Para efeitos de publicidade e transparência, o Gabinete de Comunicação do Governo do Estado esclarece os fatos narrados pelo deputado estadual Zeca Viana, em pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, nesta quarta-feira (21), e que envolvem dois secretários de Estado:
1 – O secretário de Gabinete de Governo, José Arlindo de Oliveira Silva, confirma que recebeu e-mail apócrifo relatando supostos fatos que poderiam afetar a integridade física do secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, e sua esposa;
2 – Em posse do relato, o secretário informou os fatos à Secretaria de Segurança Pública que, por sua vez, levou ao conhecimento da Polícia Judiciária Civil. Um inquérito policial foi instaurado, em segredo de Justiça, a fim de apurar os fatos;
3 – Ao prestar depoimento, o secretário Paulo Taques afirmou que não acreditava na veracidade das informações e que tal ação poderia ter sido orquestrada para prejudicar o relacionamento dos agentes do Poder Executivo com o Poder Legislativo;
4 – O secretário-chefe da Casa Civil ressalta que o Governo tomou todas as medidas para proteger os envolvidos no email, bem como para afastar o deputado citado de eventual ação para prejudicar sua reputação. Informa que, à época, não deu publicidade ao caso por entender que poderia se tratar de mais uma tentativa de indispor o Poder Executivo com a Assembleia Legislativa. Por fim, ressalta também o compromisso do Governo com a veracidade e elucidação dos fatos.
Para outros esclarecimentos, o Gabinete de Comunicação se coloca à disposição.
Governo de Mato Grosso"