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MPF denuncia cinco presos por fraudes em loterias

O Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) ofereceu a primeira denúncia contra investigados na Operação Desventura, que apura fraudes em pagamentos de loterias da Caixa Econômica Federal (CEF). De acordo com o órgão, neste primeiro momento, são alvos cinco integrantes da cúpula da quadrilha, que estão presos desde o último dia 10 de setembro. O ex-jogador da seleção brasileira Edílson da Silva Ferreira, conhecido como Edílson Capetinha, não está entre os denunciados nesta fase.

Segundo o MPF, devem responder pelo crime de organização criminosa Eduardo Pereira dos Santos, Arcanjo Jorge Peralta, Hernane de Araújo Lima, Leandro de Carvalho Oliveira e Sinomar José da Silva. Segundo o procurador da República Hélio Telho, eles se associaram para planejar e cometer as fraudes que renderam cifras milionárias.

O G1 tenta contato com as defesas dos envolvidos, mas elas não foram localizadas até a publicação desta reportagem.
A denúncia foi oferecida na última quarta-feira (14), mas a informação só foi divulgada pela assessoria de imprensa do MPF nesta sexta-feira (16).

Hélio Telho explicou ao G1 que, inicialmente, apenas os suspeitos que foram presos foram denunciados, mas que, em breve, o MPF vai se posicionar sobre os demais envolvidos, como o ex-jogador Edílson, que foi indiciado pela Polícia Federal por quatro crimes.

“A nossa urgência maior foi em analisar a situação dos suspeitos que estão presos, já que existem prazos e não podíamos correr os risco de que eles fossem soltos pela Justiça. Quanto aos demais, em breve teremos desdobramentos”, disse.

A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa da Justiça Federal, para confirmar se a denúncia já foi recebida, mas as ligações não foram atendidas até o início desta tarde.

Operação Desventura
A Polícia Federal deflagrou a Operação Desventura no último dia 10 de setembro. No total, foram expedidos 54 mandados judiciais contra o grupo em Goiás, na Bahia, São Paulo, Sergipe, Paraná e no Distrito Federal.

Segundo assessoria de imprensa da PF, dos mandados, 13 eram para prisões preventivas e temporárias, sendo os seis em Goiás. No total, 10 pessoas foram detidas, incluindo as três no estado. Já das do total de 22 mandados de conduções coercitivas, 19 foram cumpridos. Os 19 de busca e apreensão foram todos realizados.

De acordo com a corporação, a investigação, iniciada em outubro do ano passado, apontou que o esquema criminoso contava com a ajuda de correntistas da Caixa Econômica Federal, que eram escolhidos pela quadrilha por movimentar grandes volumes financeiros e que também seriam os responsáveis por recrutar gerentes do banco para a fraude.

Ainda segundo a PF, quando os criminosos estavam de posse de informações privilegiadas, entravam em contato com os gerentes para que eles viabilizassem o recebimento do prêmio por meio de suas senhas, validando, de forma irregular, os bilhetes falsos.

"A fraude não está no sorteio, ela está na validação fraudulenta dos bilhetes. Qualquer bilhete premiado tem o prazo de 90 dias para ser retirado. O sistema da Caixa emite um alerta quando faltam oito dias para prescrever esse bilhete. Com base nessas informações privilegiadas, servidores da Caixa repassavam quais seriam esses bilhetes para membros da quadrilha", explicou a delegada Marcela Rodrigues de Siqueira, logo após a deflagração da operação.

Em nota, a Caixa Econômica Federal informou que “manterá cooperação integral com as investigações em curso”. A instituição destacou, ainda, que “está tomando todas as providências de abertura de processos disciplinares, apuração de responsabilidades e afastamentos, nos casos de envolvimento de empregados do banco”.

Financiamentos
Segundo a delegada, o grupo também alterava o sistema do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de vários estado e conseguia retirar financiamentos ainda não quitados do registro de veículos.“De posse de informações sigilosas, eles obtinham senhas de gerentes específicos, entravam em um sistema que migra para o do Detran e, com isso, conseguiam tirar gravames de veículos de diversas instituições financeiras”, explicou.

Além disso, a delegada explicou que a quadrilha usava cartões do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e do ConstruCard, que é o financimento da Caixa para a compra de materiais de construção, para cometer o crime.

“A fraude não é estrutural, ela é na comprovação da obtenção do dinheiro nos estabelecimentos.Eles [quadrilha] entravam em contato com os comerciantes e empresários para passar esses cartões e simular compras inexistentes”, relatou.

Em nota enviada ao G1 no dia da deflagração da operação, a assessoria de imprensa do BNDES informou que está buscando mais informações sobre a investigação em curso para avaliar que medida deverá adotar em relação ao caso.

Edílson
No último dia 14, o ex-jogador Edílson prestou depoimento à Polícia Federal, em Goiânia, por mais de três horas, quando negou as acusações. Ao sair, disse que está "com a consciência tranquila" e que acredita que os fatos serão esclarecidos. "Fiz o meu papel de cidadão. Fiz questão de vir a Goiânia para ajudar na investigação. Não ia deixar meu nome ser jogado no lixo", afirmou o ex-jogador.

O ex-jogador segue em liberdade, mas foi indiciado por crime organizado, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. "Ele foi indiciado com as provas contidas na investigação e que são corroboradas com o material apreendido na casa de alguns investigados. Isso reforça o contato direto entre ele e os principais investigados", disse a delegada Marcela Siqueira.

A investigadora explicou que a participação dele era no recrutamento e acesso aos gerentes da Caixa para participarem do esquema.

Na ocasião, um dos advogados de Edílson, Wilson Ribeiro afirmou ao G1 que "não há nada comprovado" contra o ex-jogador. Segundo ele, o processo ainda está em fase de investigação.

Fonte: G1

Redação

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