Foto: Marcos Lopes
O ex-diretor da Agência da Copa (substituída pela Secopa), Yenês Magalhães prestou depoimento a Comissão Parlamentar de Inquerito (CPI) da Copa do Mundo, na tarde desta quarta-feira (14). Aos deputados membros da comissão, ele afirmou que a havia uma pressão da Assembleia Legislativa para efetuar a mudança de BRT (Bus Rapid Transit) para VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos).
Magalhães que atuou como diretor de planejamento e diretor-presidente da Agecopa, explicou que ao assumir o cargo em 2009, recebeu determinação do governo do Estado para apresentar em 18 de março de 2010, o projeto do BRT. O ex-diretor destacou que o estudo do BRT foi doado pela AMPA, APROSOJA e ACRIMAT, sem qualquer ônus ao Executivo.
Conforme Yenês, o ex-governador Blairo Maggi havia assegurado recursos na ordem de R$1 bilhão para gastos com a Copa do Mundo, mas que a obrigatoriedade imposta pela FIFA abrangia apenas quatro pontos, sendo a Arena para a realização dos jogos, dois Centros Oficiais de Treinamento (COT) e o Aeroporto. “Todo o resto que fizeram para a Copa do Mundo não era obrigatório”, relatou durante reunião da CPI presidida pelo deputado Oscar Bezerra (PSB).
O ex-diretor atestou que o VLT é um transporte coletivo para atender 15 mil passageiros/hora, sendo que a realidade local é de cerca de oito mil passageiros/hora. Porém, afirmou que a única opção é realizar a implantação do modal.
De acordo com Yenês, em audiência pública para debater os modais BRT e VLT afirmou que seriam necessários seis anos para concluir a obra do VLT, e que esta não seria feita com menos de R$2 bilhões.
Para o ex-diretor, o valor do BRT estava previsto em R$257 milhões, sendo que o maior custo seria com as desapropriações. Yenês rememorou que na Agecopa havia dois auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Com relação à troca do modal, Yenês lembrou que o ex-presidente da Agecopa Adilton Sachetti, queria trabalhar em cima dos quatro pontos obrigatórios.
“Acredito que por me posicionar contra o VLT, foi o motivo que levou à minha saída da Agecopa, pois havia estudo de viabilidade que apontava a melhor opção era o BRT. Para mim, houve má fé, pois o projeto era de R$700 milhões e subiu para R$1,4 bi, sendo que agora o Consórcio responsável afirma que é preciso R$2,2 bi, depois de ganhar a licitação. Infelizmente, o governo federal criou o Regime Diferenciado de Contratação (RDC) e uma licitação dessa magnitude foi realizada sem um projeto”, disse.
Yenês acredita que uma Parceria Público Privada (PPP) seria necessária para concretizar as obras do VLT, porém alertou que é preciso definir o sistema de gestão, como será feita a integração com o sistema de transporte, a troca dos vagões que tem vida de 20 anos, e se estas questões estarão embutidas no valor da tarifa. “A exploração do VLT é de R$75 milhões/ano, quem irá arcar com este valor, será o governo ou ele estará embutido na tarifa”, questionou.
Culpa do Eder
O também ex-diretor da Agecopa, Carlos Brito, foi o segundo a prestar esclarecimentos a CPI na tarde desta quarta-feira, ele afirmou acreditar que a extinção da Agecopa visou à mudança do modal, tendo em vista que os cargos eram mandatários, ou seja, os diretores não podiam ser exonerados, e todos haviam se posicionado contrários à troca do modal.
“As brigas internas começaram quando o Eder Moraes chegou na Agecopa querendo mudar tudo, todos os projetos. Antes, havia uma equipe de fiscalização que nos informava, e fomos sendo tirados de todo o acompanhamento da Copa, pois eles só poderiam se reportar ao presidente, bem como a equipe técnica, então ficou uma situação vexatória na Agência, o senhor Eder Moraes tirou todos os meus poderes para resolução. Chegou ao ponto de sermos proibidos de conceder entrevistas, era uma verdadeira mordaça”, lamentou.
Segundo Carlos Brito, a decisão de implantar o VLT foi um crime de lesa-pátria. “Eles queriam adequar o projeto do BRT para o VLT, mas é totalmente diferente um projeto de ônibus para um de trem, e por isso vemos estas situações como o encurtamento em 80 metros do viaduto da UFMT. Alteraram e abandonaram projetos importantes, que trariam mais fluidez ao trânsito da Capital, eram obras estruturantes necessárias para aportar o fluxo crescente. E este foi o momento que extinguiram a Agecopa e as obras em si começaram efetivamente com Eder na presidência”, apontou.
Com assessoria