Foto: Ahmad Jarrah / Circuito MT
Dívidas de R$ 100 milhões com fornecedores e bancos levaram o Grupo Bipar – formado por quatro empresas do prefeito Mauro Mendes (PSB) – a entrar com pedido de Recuperação Judicial (RJ), nesta quarta-feira (30). As empresas Bimetal Indústria Metalúrgica Ltda, Bipar Energia S.A., Bipar Investimentos e Participações S.A e Mavi Engenharia e Construções Ltda, entraram com o pedido na 1ª Vara Cível de Cuiabá.
Segundo nota divulgada pelo grupo, além da quitação das dívidas, a intenção é preservar os postos de empregos diretos e seguir com a execução de mais de R$ 200 milhões em contratos.
Como justificativa ao momento de crise, o diretor interino do grupo, Luis Nespolo, explica que entre os motivos que levaram as empresas a recorrerem à RJ, estão quebras indevidas de alguns contratos e inadimplências, o que gerou prejuízos ao grupo.
Um exemplo citado pelo diretor é a demora na aprovação de um pedido de aditamento de valor do contrato mantido pela Mavi com a Matrinchã Transmissora de Energia S.A., para a construção de uma linha de transmissão em Mato Grosso. “A Mavi está ingressando na Justiça Arbitral cobrando uma diferença de execução do contrato no valor de R$ 112 milhões”, diz. Argumenta que a Matrinchã demorou cerca de um ano para apreciar o pedido de aditivo o que gerou uma defasagem muito grande das receitas e despesas do Grupo “já que no período mantivemos a execução do contrato sem a remuneração devida".
A perda de crédito bancário das empresas em função da exposição política do fundador do grupo, Mauro Mendes, especialmente depois da sua inclusão na investigação da Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF) na Operação Ararath, também é apontada como fator que culminou na atual situação.
Mauro Mendes foi alvo da 5ª fase da Ararath, deflagrada no dia 20 de maio de 2014 e continua sendo investigado num inquérito sigiloso que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Outro fato preponderante que contribuiu para o agravamento da situação do grupo ocorreu em 2014, depois que Mauro Mendes foi considerado pelas instituições bancárias uma PPE (pessoa politicamente exposta), gerando uma restrição de crédito corporativo e impedindo o aumento do capital de giro das empresas. Devido a este fato e outros de exposição pública de seu principal acionista, o grupo teve parte dos seus limites de créditos bancários reduzidos ou cortados, em um momento em que deveriam ser ampliados para fazer frente a elevação do nível de atividade e faturamento", afirma o diretor do grupo, por meio de nota.
Confira a nota na integra:
"O Grupo Bipar, constituído pelas empresas Bipar Energia S.A., Bipar Investimentos e Participações S.A., Mavi Engenharia e Construções Ltda., e Bimetal Indústria Metalúrgica Ltda., ingressou nesta quarta-feira com um pedido de Recuperação Judicial na Vara Cível da Justiça de Mato Grosso. A intenção do Grupo Bipar, segundo seus representantes, é utilizar a recuperação judicial para preservar milhares de empregos diretos e buscar o equilíbrio financeiro para saldar cerca de R$ 100 milhões em dívidas com fornecedores, bancos e outras obrigações de fazer, além de seguir com a execução de aproximadamente R$ 200 milhões em contratos.
De acordo com Luis Nespolo – Diretor do Grupo a partir do licenciamento do sócio-presidente Mauro Mendes, prefeito de Cuiabá – entre os motivos que levaram as empresas a recorrer à solução da RJ, prevista pela Lei Federal 11.101, estão quebras indevidas de alguns contratos e inadimplências, o que gerou prejuízos ao grupo. Ele elenca, por exemplo, a demora na aprovação de um pedido de aditamento de valor do contrato mantido pela Mavi com a Matrinchã Transmissora de Energia S.A., para a construção de uma linha de transmissão no Estado de Mato Grosso. A Mavi está ingressando na Justiça Arbitral cobrando uma diferença de execução do contrato no valor de R$ 112 milhões.
“A Matrinchã demorou cerca de um ano para apreciar o nosso pedido de aditivo, e isso gerou uma defasagem muito grande entre nossas receitas e despesas, já que no período mantivemos a execução do contrato sem a remuneração devida”.
A Mavi também teve problemas com um contrato com a empresa Linha Verde Transmissora de Energia S.A. (LVTE) na execução de uma linha de transmissão entre os estados de Mato Grosso e Rondônia. Esta obra sofreu diversos atrasados motivados pela LVTE, o que vai exigir um reequilíbrio contratual para cobrir os prejuízos.
Considerada a empresa – mãe do grupo e a que tem a melhor saúde financeira, a Bimetal Indústria Metalúrgica Ltda acabou incluída no processo da RJ mais por ser a garantidora de vários dos créditos e financiamentos das demais empresas junto a instituições financeiras, do que por problemas de caixa.
Mesmo assim enfrentou alguns problemas na execução de um contrato para o fornecimento de estruturas metálicas para o Consórcio CPM Novo Fortaleza/Infraero para execução completa da ampliação do aeroporto de Fortaleza. Este contrato foi interrompido por litígio entre as partes, prejudicando o seu escopo, pois a Bimetal era um subfornecedor deste consórcio. Neste caso, explica Luis Nespolo, “importamos matéria prima, adquirimos outras no mercado nacional, fabricamos e não conseguimos faturar e receber na totalidade, gerando um prejuízo na ordem de R$ 10,5 milhões que estão sendo objeto de cobrança judicial”.
Ele esclarece, contudo, que a RJ foi a única saída por não conseguir receber os créditos nos prazos previstos. “Se hoje nós recebêssemos todos os créditos que temos na praça, conseguiríamos pagar todas as nossas dívidas e ainda geraríamos lucro real no nosso balanço”, frisa Nespolo.
No pedido de recuperação judicial, o Grupo Bipar também elenca como uma das causas do procedimento a perda de crédito bancário das empresas em função da exposição política do fundador do grupo, o atual prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, especialmente depois da sua inclusão na investigação denominada Ararath.
“Outro fato preponderante que contribuiu para o agravamento da situação do grupo ocorreu em 2014, depois que Mauro Mendes foi considerado pelas instituições bancárias uma PPE (pessoa politicamente exposta), gerando uma restrição de crédito corporativo e impedindo o aumento do capital de giro das empresas. Devido a este fato e outros de exposição pública de seu principal acionista, o grupo teve parte dos seus limites de créditos bancários reduzidos ou cortados, em um momento em que deveriam ser ampliados para fazer frente a elevação do nível de atividade e faturamento”.
Uma empresa em recuperação deve apresentar em 60 dias um plano de recuperação, com até 150 dias para a sua aprovação pelos credores e posterior homologação judicial. Neste período, explica Nespolo, a empresa tem o benefício suspender ações e execuções.
“Temos muita confiança de que brevemente conseguiremos receber tudo que temos direito e apresentar um plano de pagamento de todas as nossas dívidas com todos os nossos fornecedores”, afirma Luis Nespolo."
Atualizada às 11h10min