Cidades

Segurados vão ao INSS e acham agência fechada

Severino José da Silva, 71 anos, não recebe o auxílio-doença que é sua fonte de renda há três meses. Perdeu o benefício por um erro do INSS, e não pôde solucioná-lo porque os servidores entraram em greve. Quando soube que a paralisação havia chegado ao fim, correu para uma agência no Recife. Mas, como o atendimento ainda não foi normalizado, não conseguiu resolver nada.

O Sindicato dos Trabalhadores Públicos Federais em Saúde e Previdência Social no Estado de Pernambuco (Sindsprev-PE) confirmou que os servidores só voltam ao trabalho na quarta, mas apenas para trabalho interno. O atendimento ao público só será retomado na quinta-feira (1º). Por isso, a orientação do INSS é de que as pessoas aguardem mais um pouco.

A situação varia nos demais estados do país. De acordo com a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores (Fenasps), o retorno unificado deve ocorrer na quarta-feira (30), mas os segurados devem ficar atentos. É preciso verificar se o atendimento ao público será feito no primeiro dia de retomada de trabalho.

Em Manaus, por exemplo, o atendimento já está sendo feito. Em Maceió, há longas filas em frente às agências no primeiro dia de trabalho após a greve. Já em Piracicaba, interior de São Paulo, quem buscou atendimento encontrou as agências fechadas.

O mesmo aconteceu com Severino. Nesta terça (29), ele saiu cedo de casa, em Paudalho, para buscar uma solução para seu auxílio-doença no Recife. Mais uma vez deu viagem perdida, já que os servidores só retomarão o atendimento ao público na quinta (1º), uma semana após anunciarem o fim da greve de 78 dias.

O aposentado e vários outros beneficiários acreditavam que o atendimento nas agências do INSS seria normalizado nesta manhã, como inicialmente havia anunciado sindicato. Na segunda (28), no entanto, os servidores informaram que só voltariam ao trabalho na quarta (30), porque o acordo com o Governo Federal só deve ser assinado na tarde desta terça. Muita gente não soube da mudança a tempo.

Severino, por exemplo, esteve na unidade da Avenida Mário Melo, no centro do Recife. Ele saiu de casa às 3h30 com a filha Edilene Silva, 37, para poder chegar cedo à capital. Na segunda, já havia se dirigido ao INSS de São Lourenço da Mata, no Grande Recife.

“Soubemos que a greve tinha acabado, então achamos que já estava tudo funcionando. Viemos para o Recife porque não conseguimos resolver nada em Paudalho, nem em São Lourenço, então nos mandaram para cá", explica o aposentado, que era gari, mas parou de trabalhar há um ano e meio por causa de uma hérnia de disco.

O retorno do atendimento, no entanto, não garante a realização das perícias médicas, porque a greve dos médicos peritos ainda não foi encerrada. “O INSS é composto de servidores de duas carreiras: serviço social e perícia médica. A greve que chegou ao fim foi a dos servidores administrativos. Mas nós peritos paramos no dia 4 e continuamos em greve”, explicou o delegado da Associação Nacional dos Peritos da Previdência Social no Recife, Adilson Amorato Filho.

A categoria pede reposição inflacionária, reestruturação da carreira e cumprimento da legislação previdenciária e aguarda a retomada da negociação com o Governo Federal para decidir os rumos do movimento. Até então, mantém apenas 30% dos trabalhos.

Por isso, Severino continua sem saber quando voltará a receber o benefício. Antes, precisa fazer uma perícia e aguardar a liberação do INSS. A filha dele explica que o benefício de um salário mínimo foi cortado em junho porque os exames do pai devem ser atualizados. “Ele precisava fazer uma nova perícia, mas houve um erro de marcação. O INSS me encaminhou uma guia para 18 de agosto, mas marcou o exame para 7 de julho. Não sabíamos, então não fomos neste dia. Depois, não conseguimos remarcar porque os servidores entraram de greve”, explica, contando que já foi várias vezes ao INSS para tentar resolver o problema do pai nos últimos três meses.

“É constrangedor. Trabalhar e contribuir com o INSS a vida toda para, nesta idade, ficar assim, com as contas todas atrasadas. Só não estamos passando necessidade porque consegui uns bicos”, diz Edilene, que é dona de casa, mas está à procura de bicos para sustentar o pai e os cinco filhos. "Está complicado ficar sem o benefício. Já estou com o aluguel, a água e a energia de casa atrasados”, revela o aposentado.

José Moura, 48, também está preocupado com as contas. Toda semana vai ao INSS em busca do seu benefício, mas continua sem saber se vai receber o auxílio. Ele conta que era pedreiro, mas sofreu um desvio na coluna e precisou parar de trabalhar há um ano. Em 12 de agosto, fez uma perícia médica para solicitar o auxílio-doença no INSS.

“Disseram que, em até 15 dias, uma carta chegaria na minha casa dizendo se eu tinha conseguido o benefício. Mas ela nunca chegou. Já fui várias vezes ao INSS do Cabo para saber se meu benefício foi aprovado, mas não consegui nada. Ontem, liguei para o 135 e me mandaram vir aqui. Achei que iam me atender, mas o rapaz não chamou meu nome, disse que só algumas pessoas serão atendidas hoje. Não sei se vou conseguir”, reclamou José, que mora em Ipojuca e foi ao Recife na manhã desta terça. “É difícil ficar assim, parado. Minha esposa também está desempregada, mas as contas continuam chegando”, diz.

"Podiam ao menos conversar com a gente, explicar direito essa situação. Quando soube que a greve tinha chegado ao fim, achei que o INSS ia voltar a funcionar, achei que agora teria uma solução. Mas, ontem [segunda], cheguei aqui e disseram que não estava funcionando, que ia funcionar hoje. Voltei hoje cedo e nada. Fico com medo de dar mais uma viagem perdida", reclama o aposentado Emídeo Sales, 71, que saiu do Janga para o Recife a fim de dar entrada no benefício do cunhado, que se operou e está sem trabalhar.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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