Política

Delegado indicia oito e anuncia segunda fase da Operação Sodoma

Foto Ahmad Jarrah

O delegado Lindomar Aparecido Tofoli disse que a segunda fase da operação Sodoma já começou e tem como líder do esquema o ex-governador Silval Barbosa. Ele foi indiciado por participar de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As informações foram prestadas durante coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (24), na sede da Secretaria de Segurança do Estado (Sesp-MT).

O ex-secretário de Estado Pedro Nadaf, teria recebido o montante R$ 2,6 milhões como propina para manter benefícios de incentivos fiscais em Mato Grosso, por meio do Prodeic, para o Grupo Tractor Parts. A informação foi dada por um dos sócios do Grupo, João Batista Rosa, à Delegacia de Combate à Corrupção de Mato Grosso. Conforme o delegado informou outras duas empresas já irão compor novos inquéritos desta segunda fase da operação, que investiga a concessão irregular de benefícios fiscais e pagamento de propina.

Tolofi disse também que o ex-secretário da Secretaria de Indústria e Comércio (Sicme), Alan Zanatta, vai ser chamado para depor nesta etapa das investigações.“Alan Zanata vai entrar na segunda fase da Operação Sodoma. Será instaurado um inquérito separado, até porque ele está morando em Minas Gerais. Ele será investigado porque, nesse contexto da concessão do benefício, ele também já exerceu a função na Sicme”, disse o delegado. O antecessor de Zanatta, Pedro Nadaf, foi preso na primeira fase da operação juntamente com Silval e o ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi.

A lista de denunciados pela Delegacia Fazendária (defaz) possui oito pessoas que integravam diretamente o esquema: Karla Cecília de Oliveira Cintra, funcionária de confiança de Nadaf na presidência da Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio); Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, procurador do estado aposentado; e Sílvio Cezar Correa Araújo, ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa no governo do estado; além dos já citados Silval Barbosa, Nadaf e Cursi.

O MP também requereu a devolução de quase R$ 2,6 milhões que seriam o valor obtido criminosamente pelos denunciados e a perda do cargo público de Marcel de Cursi, servidor de carreira da Sefaz.

Como funcionava o esquema

Para dar aparência de legalidade ao recebimento de propina, o ex-secretário de Indústria e Comércio, Pedro Jamil Nadaf, utilizou sua empresa, a NBC Assessoria e Consultoria, para emitir notas fiscais de prestação de serviços não realizados, mediante celebração fraudulenta de contrato de prestação de serviços. As notas da NBC eram enviadas pela funcionária Karla Cecília ao e-mail de João Batista Rosa. 

A Polícia Civil apurou, que dentre o montante pago pelo empresário, mais de R$ 500 mil foram descontados e ‘lavados’ em factoring da capital, dentre as quais FMC e Invest Fomento. 

Braço de confiança

Quanto à empresa FMC, a investigação confirmou que aproximadamente R$ 500 mil foram levados para transação comercial, por determinação do ex-governador Silval Barbosa, que delegou a função de operar a lavagem de dinheiro, proveniente do pagamento de propina, a pessoa de sua extrema confiança, o então procurador do Estado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, que possuía uma sala no Palácio do Governo, ao lado da sala do governador. 

A tarefa do ex-procurador, conhecido como “Chico Lima”, era descontar os cheques de propina das empresas de João Batista Rosa, recebendo parte em dinheiro, em cheques da própria empresa de factoring. No local também foram pagas despesas pessoais do próprio procurador Francisco, além de ordenar ao representante da FMC que fosse depositada R$ 25 mil na conta pessoal de Silvio Cezar Correa Araújo, que foi chefe de gabinete de Silval Barbosa, de 2011 até o final de 2014, e pessoa de confiança do governador a época. 

Cobranças após saída de Silval

Conforme as investigações, os ex-secretários, Pedro Jamil Nadaf e Marcel de Cursi, mesmo depois de deixarem os cargos políticos no final da gestão do ex-governador Silval Barbosa, continuaram solicitando dinheiro ao empresário João Batista Rosa, sob alegação de estar com bens bloqueados, e com intuito de pagamento de honorários advocatícios para a defesa de Marcel. 

Ainda, segundo as investigações, o empresário estaria recebendo ameaça velada de que poderia ser prejudicado caso não ajudasse financeiramente, diante da instauração de CPI pela Assembleia Legislativa que apura irregularidades na concessão de benefícios fiscais, sob o argumento de que possuíam influência política. 

 

Seis servidores presos trabalham com a deputada Janaína Riva

Desembargador do TJMT mantém Pedro Nadaf preso em Cuiabá

Ex-governador se manteve calado durante depoimento na Defaz

Operação Sodoma desarticula farra fiscal em Mato Grosso

Nadaf teria recebido R$ 2,6 milhões como propina para conceder incentivos fiscais

 

 

 

 

Ulisses Lalio

About Author

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões