Internacional

Após visitar Cuba, Papa Francisco chega aos Estados Unidos

O Papa Francisco chegou por volta das 16h45 desta terça-feira (22) à base Andrews, no estado norte-americano de Maryland, que serve a capital Washington. O Papa foi recebido pelo presidente americano Barack Obama, acompanhado da primeira-dama Michelle e suas duas filhas, em sua primeira visita ao país. Em seguida, ele cumprimentou bispos, inclusive o cardeal Donald Wuerl, da arquidiocese de Washington, e recebeu flores de crianças.

O pontífice deixou a base naval em um Fiat 500 com uma placa SCV-1, que é usada em diferentes veículos para identificar o Papa Móvel. A abreviação "SCV" significa "estado da Cidade do Vaticano".

Há grande expectativa quanto ao que Francisco dirá nos Estados Unidos, onde fará o primeiro pronunciamento de um Papa perante o Congresso, em Washington, e falará na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O Papa também visitará a Filadélfia.

O primeiro compromisso oficial de Francisco em Washington será uma visita a Obama na Casa Branca, na manhã de quarta-feira. Vinte mil pessoas são aguardadas nos jardins da residência presidencial, onde o Papa deverá dar um discurso em inglês.

O Papa concluiu nesta terça sua visita a Cuba, fazendo assim uma ligação entre os dois países adversários de longa data que iniciaram uma abertura nas relações bilaterais com mediação do pontífice. Em julho, EUA e Cuba retomaram sua relações diplomáticas e abriram embaixadas nos respectivos territórios.

Antes de aterrissar nos EUA, o pontífice disse a repórteres a bordo do avião que o transportou que espera que o embargo imposto pelos EUA contra Cuba seja levantado como parte das negociações entre os dois países, mas que não falará sobre isso no Congresso norte-americano, mas sim sobre as relações internacionais de uma maneira geral.

"Meu desejo é que eles alcancem um bom resultado, que alcancem um acordo que satisfaça os dois lados", afirmou.

Cuba
Em Cuba, Francisco se reuniu com o presidente Raúl Castro e também encontrou o ex-presidente Fidel Castro em sua casa em Havana. O encontro durou cerca de 40 minutos e ocorreu em um "ambiente muito familiar e informal", com a presença da esposa do líder cubano, Dalia Soto del Valle.

Nesta terça, disse à repórteres a bordo do avião que o levava aos EUA que falou muito da encíclica papal "Laudato si", na qual o pontífice trata sobre o meio ambiente, em seu encontro com o líder da Revolução Cubana.

"Ele está muito interessado no tema da ecologia", declarou Francisco aos meios de comunicação internacionais, entre eles a Agência Efe. "O encontro não foi tão formal, mas espontâneo. Estava também sua família presente. Além de meus acompanhantes, meu motorista estava lá", contou o pontífice.

"Do passado não falamos. Bom, sim do passado, de como eram os jesuítas, de como faziam-no trabalhar, disso sim", revelou o papa argentino quando perguntado se o ex-presidente cubano tinha lhe passado a sensação de que se arrependeu de algo do que fez no passado.
"O arrependimento é uma coisa muito íntima. Uma coisa de consciência", acrescentou o Papa.

Além de Havana, o Papa visitou as cidades de Holguín e Santiago. Enquanto esteve na ilha o Papa evitou fazer declarações políticas ostensivas, que os dissidentes esperavam que ele fizesse, mas usou suas homilias para enviar mensagens ligadas à espiritualidade e sobre a necessidade de mudanças no país comunista, de partido único.

O pontífice pediu aos cubanos que pensem com maior abertura e sejam tolerantes às ideias de outras pessoas. Em uma missa na segunda-feira para dezenas de milhares de pessoas em Holguín, no leste da ilha, ele exortou seus ouvintes "a não se satisfazerem com a aparência ou com o que for politicamente correto”.

Moderação
A abordagem mais suave, um contraste com a adotada por seus dois antecessores imediatos quando visitaram Cuba, parece impulsionada por um desejo de incentivar calmamente os cubanos em um momento delicado após a retomada das relações diplomáticas com os Estados Unidos. Enquanto isso, a Igreja cubana está discretamente negociando mais espaço para a sua missão religiosa.

"Ele falou com clareza, discrição e moderação", disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, aos jornalistas, quando perguntado por que o Papa não tinha tratado diretamente de questões como o histórico de Cuba em direitos humanos e o embargo comercial dos EUA, ao qual o Vaticano se opõe.
"O papa quer fazer uma contribuição, mas a responsabilidade recai sobre os líderes das nações. Ele não quer exagerar o seu papel, só quer contribuir, fazendo sugestões, promovendo o diálogo, a justiça e o bem comum das pessoas", disse o porta-voz.

Dissidentes
Durante a entrevista no avião, o Papa também explicou que a Igreja cubana avisou os dissidentes políticos de que não seriam recebidos por ele.

"Não estava prevista qualquer audiência com dissidentes ou outros" cubanos, acrescentou o Papa, que foi criticado por não receber os opositores.
"Da nunciatura foram realizados telefonemas para algumas pessoas deste grupo de dissidentes para comunicar que eu os saudaria com gosto quando chegasse à catedral. Isto sim existiu, mas como ninguém se identificou como tal, não sei se estavam ou não lá".

O Papa recordou que saudou as pessoas "que estavam em cadeiras de rodas, mas nenhuma se identificou como dissidente". Sobre a notícia da prisão de cerca de 50 dissidentes durante sua visita a Cuba, o Papa disse que "não teve notícia deste tipo de coisa, não sei disto".

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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