Já em casa, depois de um susto enorme, pai e filho contaram o que eles passaram nessas últimas horas, numa entrevista ao repórter André Barroso.
Depois do susto em Goiânia, o Pedro já está em casa em Brasília, ao lado da família. O pai do Pedro, o Nelson, estava acompanhando a corrida e viu tudo de perto. Eles concordaram em receber a equipe do Jornal Nacional e conversar sobre o acidente.
Jornal Nacional: Pedro, o que passou na sua cabeça naquele momento?
Pedro Piquet: A gente estava na primeira volta da corrida e acho que, na segunda curva, quando eu recebi o toque, eu já sabia que ia capotar. Tentei ficar o mais quieto dentro do carro. Mas depois de duas viradas, acho que apaguei. Não lembro de nada e só fui acordar só dentro da ambulância, que eu me lembre. Eles falaram que eu fiquei, acho que três ou cinco minutos dentro do carro, até conseguirem me tirar, porque a porta não queria abrir. E tiveram que me tirar por cima. Mas desse tempo, não me lembro de nada. O que eu lembro é que eu estava na ambulância e eu estava perguntando pro meu pai como é que eu estava na Fórmula 3, como estava o campeonato. Eu não lembrava se tinha sido campeão, se tinha começado o ano. Daí ele falou ‘você já foi campeão esse ano, está tudo certo’.
Jornal Nacional: Nelson, como é que foi naquele momento ver o acidente, que todo mundo viu as imagens, imagens impressionantes?
Nelson Piquet: É difícil. Um acidente que nem esse, tão espetacular que nem esse, ainda fiquei olhando pela televisão, tentaram abrir a porta, por dois, três minutos, e não conseguiram. O susto foi grande, e até a hora que eu cheguei perto, e eu vi que ele estava dentro do carro, que estava falando, que estava se ajudando a sair do carro e eu fiquei um pouco mais tranquilo. Estava com um pouco de dor no braço, um pouco de dor na costela, porque deve ter batido. Aí eu fiquei bem mais tranquilo, porque estava inteiro.
Jornal Nacional: Você estava disputando posição com o outro carro quando o outro carro te tocou?
Pedro Piquet: Não foi culpa nem minha nem dele. Acho que foi mais um toque de corrida. Ali é a curva mais rápida do circuito. Primeira volta, o pneu estava um pouco frio, a gente estava vindo antes da curva, a gente se tocou um pouquinho. E, com esse toque ele acabou furando o pneu dele da frente. E na filmagem, você até vê que ele trava o freio, ele freia muito forte pra não bater em mim. Mas com o pneu furado, furou o pneu do cara, e aí ele acabou tocando em mim, estava a mais de 200 km/h e o carro começou a capotar.
Jornal Nacional: Você foi pro hospital em Goiânia. Como foi? Você fez exames até ser liberado pra voltar a Brasília?
Pedro Piquet: A gente foi, a gente passou a noite lá ontem. A gente fez raio-X da minha mão, do corpo inteiro. E a gente achou apenas uma fratura na minha mão, na parte de cima. Não é uma coisa muito, muito… Acho que depois de três semanas melhora. Na hora da capotagem, eu deveria ter segurado no cinto eu acho, eu tentei manter minha mão no volante ainda, mas depois que começou a girar, meu corpo ficou solto lá dentro, meus braços pra cima. Acho que o carro torceu, abriu uma fenda na janela e acabou saindo pra fora. Eu tive muita sorte de a minha mão não ter pegado forte no chão, com o carro em cima, e foi só uns arranhões e um ossinho quebrado.
Jornal Nacional: Como você está se sentindo hoje?
Pedro Piquet: Ah, acho que um pouco tonto por causa de tantos remédios que você toma pra dor, mas eu estou melhorado.
Jornal Nacional: Para um pai que está tão acostumado com o mundo do automobilismo, é mais fácil conviver com um momento como esse? Ou quando é o seu filho que está ali, aí é diferente?
Nelson Piquet: Isso é uma coisa que pode acontecer. Eu acho que igual a essa não vai acontecer, e como eu falei pra minha mulher, foi só um ‘acidentezinho’ pequeno. Não tem problema, amanhã mesmo ele já está bem. É bola pra frente, esquecer o que passou e vamos em frente. Agradeço a Deus. Foi maravilhoso tudo o que aconteceu.
Jornal Nacional: Pedro, você está muito bem na carreira, você foi bicampeão da Fórmula 3 Brasil. Depois desse acidente, muda alguma coisa nos seus planos pro futuro?
Pedro Piquet: Não, acho que sempre vou correr do mesmo jeito, sempre vou levar a profissão do mesmo jeito, e não sei se eu fiquei mais lento, isso aí a gente vai ter que ver na hora. Ano que vem, a gente já está planejando correr na Fórmula 3 europeia, já está escolhendo os times, vamos tentar começar a treinar em outubro ou novembro com os times e tentar fechar com um time bom ano que vem.
Jornal Nacional: Depois desse grande susto, a vontade é que venham muitas vitórias, né?
Nelson Piquet: Vai vir!
Pedro Piquet: Com certeza.
Fonte: G1