Guardar um pedacinho de cada lugar. Os famosos souvenirs – ou lembrancinhas – vendidas no mundo inteiro têm a função de contar histórias. Cada país, estado, cidade carrega uma vasta carga de cultura e hábitos peculiares pertencentes àquela região, muitas vezes ímpares, transformando um objeto no portador de um significado imensurável ou simplesmente numa boa recordação.
Chamados de souvenires, as pequenas lembranças de viagens trazem uma carga de cultura regional inimaginável. São objetos que carregam traços de um povo, feitos pelo povo e refletem o modo de vida do artesão, em cada obra, e na representação o dia a dia e os costumes da sociedade em que vivem.
As pequenas obras de arte que podem ser encontradas em alguns pontos de Cuiabá, como a Casa do Artesão, fundada em 1975, alocada num prédio tombado pelo patrimônio histórico de Mato Grosso, localizada no tradicional Bairro do Porto.
A casa é o antigo Grupo escolar Senador Azeredo, onde as antigas salas de aula deram lugar para os diversos segmentos de artesanato mato-grossense, destacando o artesanato em madeira, trabalho com cipós, com fibra de tucumã, tecelagem, redes mato-grossenses, xales, caminhos de mesa e tapetes. Delicados trabalhos indígenas com as biojóias, e a rica gama das sementes da região, além de compotas de doces típicos feitos por doceiras locais e licores de frutas nativas.
Rederas de Várzea Grande
Conhecidas pelo colorido e beleza, as redes mato-grossenses são confeccionadas a partir do algodão e trazem consigo desenhos que retratam a fauna e a flora do Estado. As rederas da Comunidade de Limpo Grande, em Várzea Grande, ainda conservam a técnica herdada de mãe para filha de confeccionar as redes em teares manuais e levam entre 30 e 60 dias para ficarem prontas.
Esta técnica, segundo alguns historiadores locais, foi repassada por meio das mulheres indígenas. As guanás eram hábeis no manuseio do tear e, além do fiar e tingir o fio, também plantavam o algodão.
Ceramistas do São Gonçalo Beira Rio
Na comunidade São Gonçalo Beira Rio, em Cuiabá, a cerâmica ainda faz parte da rotina dos ribeirinhos, graças ao trabalho de aproximadamente dez artesãos que residem na Associação dos Ceramistas São Gonçalo. Dentro do artesanato mato-grossense as esculturas de barro são as que mais se destacam pelas suas formas, características de seus personagens, metalinguagem regional e riqueza de detalhes.
A cerâmica mostra a identidade local com suas características próprias de desenho, formato, adereços e enfeites que diferenciam a obra das artesãs de São Gonçalo como: peixes; frutas da terra, como caju e banana; galinhas comuns e d’angola; codorninhas; jacarés e imagens de santos.
Museu Rondon de Etnologia e Arqueologia
Localizado nas instalações da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o Museu Rondon, mais conhecido como Museu do Índio, tem o seu acervo constituído de objetos arqueológicos e etnológicos, provenientes da colaboração de várias etnias, bem como por doação de pesquisadores e colecionadores particulares.
No momento o local passar por reformas para a melhoria do espaço e melhor aproveitamento. Assim, produções e exposições dos índios são realizadas em outras instituições, como a Casa Do Artesão e o Centro Cultural Ikuiapá.
Economia criativa em favor dos artesãos
Para movimentar e ajudar os antigos e novos artesãos, o programa do Ministério da Cultura, Incubadora Mato Grosso Criativo, reabriu suas atividades nesta quinta-feira (17), para os produtores da região.
A incubadora vem com a proposta do Programa de Desenvolvimento da Economia Criativa, iniciativa que irá subsidiar a implantação de uma política pública para o setor de artesãos, artistas e produtores culturais e viabilizar as ações de fomento dos negócios com o Estado.
Pode-se dizer que são processos que envolvem criação, produção e distribuição de produtos e serviços, usando o conhecimento, a criatividade e o capital intelectual como principais recursos produtivos.
Os artesãos terão a chance de poder conversar com consultores que ajudarão na criação de uma estratégia de empreendedorismo para melhorar a distribuição dos seus produtos.