Esta semana assistindo ao documentário sobre a vida do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, O Sal da Terra, fiquei profundamente impactada pela profundidade de um olhar, criamos e recriamos mundos o tempo todo, como diz o pensamento Ubuntu “…até você me ver, eu não existo. É como se ao me ver, você me fizesse existir…”, ele trouxe à tona mundos que não queríamos ver.
Apaixonado pelo ser humano, Sebastião compartilha nosso lado mais cruel mas que precisa ser visto, aceito e transformado. Chorei inúmeras vezes, compaixão, reconhecimento e orgulho de um trabalho tão importante ter sido feito por um de nós, um brasileiro. O mundo não tem só dois lados, ele tem infinitas possibilidades esperando nosso despertar. Conversando com uma inglesa, ontem, ela reclamou do clima (assunto favorito deles), dizendo o quanto o frio e a chuva a deprimem. Olhei pra ela e disse, “mas é graças a essa quantidade de chuva que vocês têm água potável na torneira, chuveiro, etc., não é?” ela arregalou os olhos, sorriu e confirmou “nossa, nunca tinha pensado por esse lado”, um mundo novo nasceu.
Como diz o Lama Padma Samten, “Cada um de nós pode escolher um novo ponto de vista para observar com serenidade aquilo que nos cerca.”, é um exercício diário, evitar o rótulo “é assim mesmo”, mudamos o tempo todo, e como dizemos no coaching, as pessoas têm comportamentos ruins, elas não são ruins. Sebastião Salgado adoeceu vendo tanta dor. Sabem o que o curou? Criar vida.
Ele reflorestou toda uma área com mais de dois milhões de árvores, amor em ação. No nosso dia a dia somos convidados o tempo todo a transformar esse olhar, perdemos inúmeras chances por fazermos muitas coisas ao mesmo tempo vivendo, dessa forma, sempre na superfície, às margens das experiências e das pessoas. Como podemos dar vida a esse olhar? Fazendo uma coisa de cada vez. Dando às pessoas a dádiva da nossa atenção e o melhor de nós em cada ação. Namastê.