Fernanda Ramos, de 24 anos, está entre as primeiras colocadas no ranking dos candidatos a uma vaga em medicina que usam o aplicativo G1 Enem. Enquanto luta pelo sonho de uma cadeira na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), encontra no dia a dia o apoio de uma amiga que garante que ela permaneça no cursinho pré-vestibular.
Quando Fernanda estava prestes a desistir da medicina por falta de dinheiro para pagar os estudos preparatórios, a amiga Claudiane Souza, também de 24 anos, surgiu com a solução. Recém-formada em odontologia, Claudiane adiou o investimento em uma especialização profissional para apostar na formação de Fernanda.
As duas cresceram em Paraíso do Norte, no Paraná, e atualmente moram juntas em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. Claudiane usa parte do seu salário de dentista para pagar a mensalidade do cursinho da amiga, em Joinville, e os custos de transporte dela – por mês, são R$ 800 para pagar a instituição de ensino e mais R$ 340 da van que faz o deslocamento diário de uma cidade até a outra.
“Claudiane se sacrifica muito por mim, admiro muito isso. Adiou a formação dela para me ajudar a pagar um cursinho melhor”, conta Fernanda. “Ela acredita no meu sonho.”
Trabalho
Desde que se formou no ensino médio, Fernanda tenta achar meios de transformar em realidade o desejo de ser médica.
Sua mãe, empregada doméstica, estava com dificuldades de ajudá-la financeiramente. O pai, divorciado, mudou-se para o Mato Grosso e mantém pouco contato com a filha.
Por isso, a estudante percebeu que precisaria trabalhar. Passou um ano em Umuarama, no Paraná, onde conseguiu um emprego como balconista de padaria – seu expediente começava às 5 horas da manhã e terminava às 15 horas. À noite, ia para o cursinho da cidade.
No ano seguinte, passou a trabalhar em uma sorveteria e a situação financeira complicou-se. “Não consegui continuar estudando, passei um ano afastada. Depois, minha mãe me ajudou a pagar o aluguel e consegui voltar a fazer o cursinho”, lembra Fernanda.
Novamente, a garota teve dificuldades financeiras – e aí surgiu o convite de morar com Claudiane. “Eu estava perdendo as esperanças. Todo mundo falava: mas há tantos anos no cursinho e nada de ser aprovada? Só que eu não estava só no cursinho, tinha o trabalho também. Não conseguia me dedicar direito”, conta.
Preparação
Fernanda estudou em escola particular nos dois últimos anos do colégio, já que a chefe de sua mãe ofereceu-se para pagar as mensalidades. “Foi bom porque aprendi bastante, mas agora tenho mais dificuldade para conseguir bolsa pelo Prouni ou benefícios pelo Sisu, já que não estudei só em escola pública”, diz Fernanda.
Por causa dos dois anos na rede privada, a única opção da paranaense é ser aprovada em faculdades públicas. Ela conta que a mãe não a apoia mais no plano de fazer medicina – vê como perda de tempo. Também admite que desanima de vez em quando.
“É meu sonho, mas sei que é muito difícil. Vejo as pessoas sendo aprovadas e me dá tristeza, será que vai chegar a minha vez? A sala do cursinho vai esvaziando ao longo do ano, porque a maioria pode fazer faculdade particular”, afirma a estudante.
Fernanda acredita que esta seja sua última chance, já que dificilmente terá dinheiro para continuar no cursinho em 2016. Com a ajuda financeira de Claudiane, ela consegue só estudar, sem se preocupar com trabalho. Escreve fichas sobre os principais conteúdos e faz aulas especiais de redação para estar preparada ao fazer o Enem.
À tarde, Fernanda faz uma pausa nos estudos para descansar e aproveita para jogar no app G1 Enem. “Viciei completamente, adoro as dicas dos vídeos”, conta.
Ela também gosta de desafiar oponentes no jogo de perguntas e respostas. “É um incentivo para conseguir entender e interpretar as questões com mais rapidez que o adversário. O Enem exige essa velocidade.”
Fonte: G1