A gestora ambiental pernambucana Dandara Marques fez um boletim de ocorrência contra um internauta paulista na Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos de Pernambuco, na segunda-feira (14). O motivo do registro foi um caso de racismo nas redes sociais, durante o fim de semana, quando o rapaz compartilhou uma foto da jovem com comentários racistas.
Na postagem, o suspeito disse "Me dê uma caixa de fósforos que faço progressiva nessa infeliz", se referindo aos cabelos da pernambucana, que é negra. Segundo a vítima, as palavras foram 'fortes'. "Eu sempre passei por isso, mas não de uma forma tão explícita assim. Ele me colocou numa situação muito aberta, numa rede social, todo mundo teve acesso a isso", comentou.
A foto foi originalmente postada numa página de beleza negra, na sexta-feira (11). No dia seguinte, o homem compartilhou a imagem com o comentário ofensivo. Tanto a publicação quanto o perfil dele foram retirados do ar e não estão mais disponíveis na rede social. "As pessoas ficaram comentando que o que ele estava fazendo era errado, e eu tenho as imagens dos comentários. Ele excluiu o perfil", comentou a jovem.
Dandara também procurou o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para fazer uma denúncia sobre o caso. Segundo ela, o caso será burocrático por se tratar de uma pessoa que mora em outro estado, mas ainda nesta terça (15) haverá uma reunião com o promotor para dar encaminhamento à denúncia. "A minha ideia é dar continuidade. Eu senti muita força. Estou representando todos os negros e negras e agora eu preciso agir", comentou.
O Afoxé Omô Nilê Ogunjá, do Recife, do qual Dandara é dançarina, se posicionou sobre o caso através de uma nota publicada na rede social. "Dandara integra o corpo de dança do nosso afoxé. Milita conosco, cresceu conosco e vem, há muitos anos, construindo uma identidade capaz de lutar contra atitudes como a deste rapaz. E ela não está sozinha", diz o comunicado.
A nota pontua ainda que "nosso afoxé vem lutando, aliado a tantos outros parceiros e parceiras, para que a educação, a arte, a comunicação — e tantos outros meios e recursos — sejam dispositivos suficientes e eficazes para instalarmos uma sociedade que realmente saiba viver com as diferenças". O grupo destacou ainda a lei antirracismo e crimes previstos no Código Penal, como injúria e difamação.
Fonte: G1