Bailarina acordou do coma no Canadá após quase duas semanas (Foto: Reprodução/Facebook)
O pai da bailarina Lucila Munaretto, atropelada no último dia 13 em Vancouver, no Canadá, recebeu nesta quarta (26) a notícia que mais aguardava desde o acidente que deixou a filha de 20 anos em coma. "Lucila acordou do coma e está pedindo café", contou o marceneiro Marcos Munaretto, que vive em Joinville, Norte de Santa Catarina.
Desde o fim de semana os médicos vinham diminuindo a sedação da jovem, que sofreu politraumatismo e foi submetida a duas cirurgias – uma na mandíbula e outra na coluna. "Todos os fiozinhos que estavam desligados foram religados. Ela está mexendo os braços e as pernas e faz alguns movimentos de balé deitada na cama, levanta a perna para cima. Não é como antes, mas está conseguindo. Tenho certeza de que vai voltar a andar", diz o pai.
O acidente aconteceu no último dia 13. Ela estava de férias e fazendo um trabalho temporário em um mercado para ajudar nas despesas. "Ela teve traumatismos na cabeça, no pescoço, na mandíbula, no quadril. A coluna estava pressionando a medula", explicou o pai.
Marcos conta que a filha está coordenando a fala e mandou beijos e "eu te amo" para o pai e os dois irmãos que estão no Brasil. "Os médicos ainda estão analisando o nível da lesão cerebral, mas já sabem que é menor do que esperavam.
"Estou pulando a janela, a mesa, tudo, de tanta felicidade. Só quem passou por isso pode ter noção e medir esse sentimento", disse Munaretto.
No domingo (23), o pai da bailarina havia dito que eram boas as últimas notícias dadas pela mãe da jovem, Alicia, que viajou para o Canadá para acompanhar a filha no hospital. “Não lembro se foi ontem ou anteontem, mas a pedido da irmã e da mãe ela me fez um sinal de ‘joinha’ com o dedo. Me mandaram a foto pelo celular e choramos para caramba”, disse o pai, que ficou no Brasil cuidando dos dois filhos menores. Ele prefere não compartilhar a imagem por enquanto, em respeito à filha.
Sonho de infância
Lucila nasceu na Província de Missiones, na Argentina, e, aos 11 anos, foi para Joinville, Norte catarinense, realizar o sonho de estudar balé. Ela se formou na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil e há três anos se mudou para o Canadá, onde dança pela Companhia Coastal City Ballet, de Vancouver.
Abriu os olhos
Lucila passou por duas cirurgias , uma no pescoço para aliviar a pressão na medula e outra no maxilar, quebrado com o impacto do acidente. Três dias após o acidente, Lucila já respondia a estímulos dos médicos.
“O médico apertou os dedos dela com o alicate para testar a sensibilidade. Ela prontamente respondeu puxando o braço de leve, como quem sentiu dor”, explicou Marcos. “Lucila sempre foi uma guerreira e assim está sendo. A recuperação dela tem sido uma surpresa para todos nós”, completa.
Viagem de emergência
Por causa da gravidade do quadro de Lucila, o hospital de Vancouver pediu para que a família viajasse até o Canadá com urgência.
Durante toda a sexta-feira (14), a família da bailarina ficou em contato com os consulados do Brasil, da Argentina e do Canadá, para conseguir os vistos da mãe de Lucila e da irmã mais nova do jovem, Nicole, de 8 anos, pois as duas são bastante próximas e a família acreditava que ela poderia ajudar na recuperação da irmã.“Acredito que 50% da recuperação dela está nas mãos desta pequenininha. Elas são muito ligadas”, disse Marcos na sexta-feira.
Apenas a mãe da bailarina, porém, conseguiu o visto. Segundo Marcos, a Polícia Federal de Florianópolis estava fechada para dedetização na tarde de sexta e não foi possível fazer um visto de emergência para a menina.
Ele está providenciando a documentação da criança, caso seja possível enviá-la ao Canadá para ajudar na recuperação da irmã. "Mas cada gasto extra significa tirarmos dinheiro da fisioterapia que Lucila terá de fazer quando tiver alta do hospital.
Segundo Marcos, parte dos gastos para a viagem da mãe de Lucila foram pagos com a ajuda de doações feitas para a família. Mas ele diz ter ciência de que será um longo caminho de recuperação. "O importante é que já está dando tudo certo", fala confiante.
Para ajudar a família a arcar com os gastos da viagem e do hospital no Canadá, o Bolshoi no Brasil está fazendo uma campanha em sua página em uma rede social.
Evolução
O pai de Lucila diz que os médicos têm se surpreendido com a rapidez com que a bailarina tem respondido aos estímulos.
Sempre em contato com a mulher e a outra filha, que já vivia com Lucila no Canadá, Marcos conta que tem se desdobrado para cuidar dos outros dois filhos que ficaram com ele em Joinville. “Fico pouco na marcenaria, e quando estou lá é com 50% da atenção”, diz ele, que vê um lado positivo em meio ao sofrimento com o acidente da filha mais velha. “Aumentou muito a solidariedade entre nós. Um segura a onda do outro”.
Em relação ao acidente, o pai diz que não pretende investigar as circunstâncias em que Lucila foi atropelada. “Não adianta, essa família está sofrendo do mesmo jeito. Isso não muda a situação. Temos que focalizar na recuperação dela”, diz o pai.
Fonte: G1