Nas últimas eleições, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), declarou à Justiça Eleitoral possuir R$ 1,6 milhão em bens. Na quinta-feira passada, denúncia do procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot, quer obrigá-lo a devolver R$ 277 milhões aos cofres públicos – quantia apontada como somatório da propina recebida pelo peemedebista mais multa pelos danos causados à Petrobras e à administração pública. Na frieza dos números, a discrepância é evidente: a conta não fecha, e Cunha e Janot poderão travar uma batalha ‘matemática’ se o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar a denúncia.
Apesar de seu patrimônio ter aumentado em 214% entre 2002 e 2014, Eduardo Cunha declarou à Justiça Eleitoral ter bens que correspondem a menos de 0,6% dos R$ 277 milhões. Ou seja, valor que Cunha terá de restituir à Justiça, caso seja condenado, representa mais 173 vezes o seu patrimônio.
Denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro, o parlamentar nega as acusações de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras e diz ter sido “escolhido” como alvo da Operação Lava Jato.
As investigações indicam que Cunha recebeu R$ 17,3 milhões em propina entre 2006 e 2007, após o fechamento de contratos entre a Petrobras e a Samsung Heavy Industries, empresa coreana. O valor da propina apontado pela Justiça é quase 11 vezes mais do que total de bens declarado pelo deputado à Justiça Eleitoral.
Os dados disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que a maior parte do patrimônio vem das ações da empresa C3 Participações Artísticas e Jornalísticas, no valor de R$ 840 mil. A compra de três escritórios no Centro do Rio, declarada pela primeira vez nas eleições de 2006, constitui a segunda maior fatia do patrimônio de Cunha: R$ 335 mil. Uma sala de 90 metros quadrados no prédio em que o peemedebista despacha no Rio custa atualmente pelo menos R$ 900 mil.
Ainda na lista de bens de Cunha aparecem umcarro modelo 2007, avaliado pelo parlamentar em R$ 60 mil, e metade de um apartamento no valor de R$ 175 mil recebido por herança.
O presidente da Câmara também possui R$ 1,728 mil em ações da OGX, braço petrolífero do grupo EBX, do empresário Eike Batista, que passa por processo de recuperação judicial.
Ex-deputada é investigada
Prefeita de Rio Bonito, Solange Almeida (PMDB-RJ) é ex-deputada federal e também foi denunciada. Aliada de Cunha, ela é acusada de corrupção passiva. Segundo a Procuradoria-Geral da República, foi ela quem apresentou requerimentos, a pedido de Cunha, para que as empresas fossem pressionadas a pagar fortunas em propinas. Dados do TSE de 2012 mostram que a prefeita tinha patrimônio de R$ 326 mil. O item de maior valor era um terreno, em Rio Bonito, estimado em R$ 125 mil, além de quatro carros no nome da ex-parlamentar, cujo valor total alcançada R$ 158 mil.
Fonte: iG