Política

Rompimento é ‘crisezinha’, diz Temer em NY

Responsável pela interlocução do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional, o vice-presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira (20), em Nova York (EUA), que há uma “crisezinha” no Brasil após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciar “rompimento” com o governo da presidente Dilma Rousseff.

Na última sexta-feira (17), Cunha anunciou o rompimento com o governo e disse que passaria a atuar como opositor à gestão Dilma Rousseff. O deputado, porém, disse que a “relação institucional” não será “afetada”.

A agenda de Temer em Nova York nesta segunda teve um discurso do vice-presidente a investidores.  Ele comentou o rompimento de Cunha com o governo ao ser questionado pela repórter Lília Teles, da TV Globo, sobre o tema. A repórter citou o discurso do vice-presidente aos investidores nos EUA, no qual Temer afirmou que o Brasil não enfrenta uma crise política. "Mas gente sabe que existe ali uma questão. Nesse momento, Eduardo Cunha retirou o apoio ao governo. A sua opinião é bem contrária a de Eduardo Cunha", disse a repórter.

Temer, então, respondeu: “Na verdade, até existe [no país] uma crisezinha política por causa da posição do presidente Eduardo Cunha, mas crise institucional não existe. Quando eu falo na crise institucional e a diferencio da crise política é para revelar que o país vive, de qualquer maneira, tranquilidade institucional, apesar de todos os embaraços”.

O vice-presidente afirmou, em palestra a investidores, que a palavra crise comporta gradações. "Ou você tem uma crise política, quando você não tem, por exemplo, apoio no Congresso Nacional; você pode ter uma crise econômica, quando há variações na economia; e você pode ter uma crise institucional, esta sim, a mais grave das crises", afirmou.

O anúncio de Cunha de que passaria para a oposição ocorreu um dia após o consultor da empresa Toyo Setal Júlio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmar à Justiça Federal do Paraná que o deputado pediu propina de R$ 5 milhões, o que o peemedebista nega. Cunha acusou o Palácio do Planalto de ter se articulado com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para incriminá-lo na Lava Jato.

Presidente nacional do PMDB, Temer avaliou também que o momento é de “pensar no Brasil” e, para ele, os recentes “incidentes” no cenário político não podem abalar a confiança dos demais países no Brasil.

Ao enfatizar que há crise política e não institucional no país, o vice-presidente da República defendeu que o Planalto mantenha o diálogo com o Congresso Nacional. Temer declarou ainda não ter “preocupação” com o atual cenário e disse acreditar que a crise política será superada “brevemente”.

Assim como na nota divulgada pelo PMDB na sexta, Temer avaliou que a decisão de Cunha foi "pessoal". "Ele [Cunha] até fez questão de registrar esse fato. Posição exclusivamente pessoal, primeiro ponto. Segundo ponto, o partido [PMDB] já se manifestou, dizendo que se tratando de uma questão pessoal, podendo vir a ser avaliada, mas não significa o afastamento do PMDB? Significa sim, o afastamento dele, nada mais do que isso", afirmou.

'Desemprego palatável'
Durante palestra a investidores, Temer defendeu que o Brasil tem uma democracia "muito sólida" e que convida investidores americanos a investirem no Brasil porque o país tem "segurança jurídica absoluta". Ele disse, ainda, que o país cumpre "integralmente" os contratos que forem realizados.

O vice-presidente disse, ainda, que o Brasil tem um "desemprego palatável" e que o governo está tomando medidas para que ele não cresça. "Temos uma economia ainda forte. Nós temos um desemprego palatável, por isso estamos tomando medidas para que esse desemprego não aumente", afirmou.

"Nós temos um otimismo brasileiro, um otimismo nacional, uma alegria cívica. Por isso, nós temos a certeza de que essa pequena crise econômica, e um pouco da crise política, será superada pela absoluta segurança no tocante à estabilidade institucional", disse Temer.

Coordenação política
Após a reunião da coordenação política do governo, grupo que reúne a presidente Dilma Rousseff e os ministros mais próximos dela, o ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, afirmou que o Palácio do Planalto fará “tudo ao alcance” para garantir “relações harmoniosas” com o Congresso Nacional após Cunha anunciar rompimento com o Executivo.

"Partindo do pressuposto ou das premissas de qualificação, inteligência e da própria menção do presidente Eduardo Cunha, as relações serão normais entre o poder Legislativo e o Executivo. Nós, do Executivo, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance, e o Legislativo também, para que as relações sejam harmoniosas. Agora, isso não significa concordância em 100% daquilo que for objeto de discussão", afirmou Padilha em entrevista no Palácio do Planalto.

Fonte: G1

Redação

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