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Ataque de Cunha a Dilma causa reação e divide PMDB

A deflagração da guerra entre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o governo Dilma Rousseff agitou o meio político. E foi interpretada como “ato de desespero” do deputado após, mais uma vez, ver seu nome ligado ao escândalo de corrupção na Petrobras. Nesta sexta-feira (17), ele se declarou “de oposição”, criou CPIs para atingir o governo e ainda começou a articular pedido de impeachment da presidenta.

As decisões de Cunha geraram reações em vários segmentos. À noite, houve panelaços durante pronunciamento dele na TV para prestar contas da atuação na Câmara. No Twitter, a hashtag #CunhaNaCadeia ficou no topo dos assuntos mais comentados. O PMDB, que tem vice-presidente Michel Temer e seis ministérios, classificou o rompimento como uma posição estritamente pessoal de Cunha.

O presidente da Câmara foi criticado até pela oposição. Alguns líderes afirmaram temer o “agravamento” da crise política e econômica. Um grupo de deputados manifestou desejo de vê-lo fora do comando da Casa. A revolta de Eduardo Cunha com o governo teve como gota d’água a divulgação, na quinta-feira, de que um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras disse à Justiça que o deputado exigiu U$ 10 milhões (R$ 32 milhões), em propina, para não atrapalhar contrato com a estatal.

Irritado, o deputado atacou o governo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o juiz Sérgio Moro, que comanda as investigações da Operação Lava Jato. “Tem um bando de aloprados no Planalto que vive desse tipo de circunstância, de criar constrangimento”. Cunha disse ainda que Janot manobra contra ele. E que Moro, por ouvir denúncia contra um deputado, que tem foro privilegiado, exorbitou de suas funções.

Horas depois do rompimento, o presidente da Câmara anunciou a criação da CPI para apurar empréstimos secretos do BNDES e irregularidades nos fundos de pensão de estatais, contrariando o governo.

Cunha ainda pediu que parlamentares façam emendas aos pedidos de impeachment protocolados na Câmara. A Jair Bolsonaro (PP-RJ), mandou ofício pedindo que, na volta do recesso, em agosto, apresente novo pedido de saída da presidenta.

Temer diz que PMDB não respalda e mantém aliança

O vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, divulgou nota afirmando que a decisão de Eduardo Cunha é pessoal e não representa a posição do partido. O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, rebateu as críticas de que ele não poderia “conduzir o processo”. “Não cabe ao juízo silenciar testemunhas”, disse Sérgio Moro, em nota.

O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), também assinou nota. No documento, manifestou “respeito” à posição do colega de partido. No PT, reações diferentes: o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), minimizou os ataques e afirmou que a aliança entre os partidos “irá continuar”.

O presidente regional do PT, o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, afirmou que o ato de Cunha foi de desespero. “Foi só começar a ser investigado. Nada mais é do que medo de ser preso. Ele criou uma crise institucional da qual Dilma sairá mais forte”.

Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa e do PMDB no estado, afirmou que “desconhece” o porquê de Cunha ter rompido com o governo. “Foi uma decisão pessoal. PMDB é democrático e aceita. Por mim, não teria nenhuma aliança com Dilma”.

‘Não há espaço para aventuras antidemocráticas’

O Palácio do Planalto reagiu à declaração de Cunha com uma nota na qual afirma esperar que a posição não se reflita nas decisões e nas ações da Presidência da Câmara que devem ser pautadas pela imparcialidade e pela impessoalidade. “O governo sempre teve e tem atuado com total isenção em relação às investigações realizadas pelas autoridades competentes”, diz trecho do comunicado.

Moro: "Não posso silenciar testemunhas", diz juiz da Lava Jato em resposta a Cunha

Mesmo sem comentar diretamente os ataques de Eduardo Cunha, a presidenta Dilma Roussessf mandou um recado para ele durante reunião em Brasília com os chefes de Estado dos países do Mercosul. Ela afirmou que “não há mais espaço para aventuras antidemocráticas” na América do Sul.

“Temos a capacidade de lidar com as diferenças políticas por meio do diálogo, do respeito às instituições e da participação cidadã. Temos de persistir neste caminho e evitando atitudes que acirrem disputas e incitem a violência”, afirmou.

No discurso,Dilma ressaltou a consolidação da democracia no continente. “No ano passado, tivemos eleições no Uruguai e no Brasil. Este ano, é a vez da Argentina e da Venezuela”, lembrou.

Fonte: iG

Redação

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