Cidades

Proprietários diminuem aluguéis para segurar inquilinos

Foto: Andréa Lobo / Arquivo CMT

Para evitar a perda de inquilinos, o empresário Milton Sato decidiu ceder à pressão e baixar o valor do aluguel de um imóvel residencial, no bairro Jardim Aeroporto, em Várzea Grande. Quatro apartamentos de 44 metros quadrados, ao preço de R$ 600, mais a taxa de condomínio, de R$ 100, foram reajustados pelo proprietário do imóvel. Agora o locatário irá cobrar apenas o aluguel, ou seja, aplicou 14,2% de redução no custo dos apartamentos.

Segundo Milton, os locadores, que já ocupavam o lugar há cerca de quatro anos, haviam anunciado a saída por ter encontrado imóveis similares na região por valores mais atrativos. Inicialmente, diz ter resistido à negociação, mas o seu pai o alertou para o excesso de imóveis vazios existentes em Várzea Grande e para a possibilidade de passar meses sem conseguir inquilinos novos. “Então, para não perder bons inquilinos resolvi reduzir um pouco os aluguéis”, pontuou.

O dilema vivido pelo empresário não é um caso isolado. Especialistas do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais, Comerciais e Condomínios de Cuiabá e Várzea Grande (Secovi-MT) apontam que especialmente na área de pequenos imóveis residenciais, quitinetes e pequenos apartamentos, a oferta está cada vez maior e a demanda não vem crescendo na mesma proporção. 

Conforme o presidente da Secovi-MT, Marco Pessoz, isso é resultado da dificuldade causada pela crise financeira enfrentada pelo país e o ‘boom’ de construções de pequenos apartamentos voltados para casais, estudantes e solteiros. “Nós sugerimos que o empreendedor tente negociar com seu inquilino, pois é melhor deixar uma lotação completa que perder clientes para os novos imóveis, mais atrativos e baratos”, comenta. Ainda conforme ele, a demanda de construção de imóveis chegou ao seu auge no fim de 2014 e daí em diante começou a cair. 

Segundo ele, esse ponto de vista também pode ser percebido nos dados da inflação dos aluguéis. De janeiro a abril de 2015, por exemplo, o acumulado do ano fechou em 2,29%, índice menor que os 3,16% registrados no mesmo período de 2014. Outro dado que fortalece essa tese está relacionado ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), indexador dos preços dos aluguéis, que reforça a situação. Como explica Pessoz, o índice, que tradicionalmente fica no mesmo patamar que a inflação, vem caindo desde maio do ano passado, puxado sobretudo pela desaceleração da construção civil. A variação do IGP-M nos últimos 12 meses até abril é de 3,55%, abaixo do índice inflacionário.

O empresário Rodrigo Marciel, por exemplo, proprietário de três casas para aluguel, abriu mão do reajuste que tinha planejado para não perder um de seus locatários. Segundo ele, o inquilino já ocupa o imóvel há três anos e, como sempre pagou o aluguel em dia, achou por bem conceder o desconto. “Já fiz isso algumas vezes e acho uma boa solução. Não é vantajoso ficar com um imóvel desocupado, já que pode demorar muito para um novo inquilino aparecer”, comentou.

Seguindo os dados da pesquisa encomendada pela Secovi-MT, ainda em 2014 foram construídas 5.335 unidades habitacionais, seguidas por 3.442 em 2015; 2.488 em 2016 e apenas 464 unidades em 2017. Os dados levam em conta os projetos aprovados e em andamento, pois para se lançar um empreendimento são necessários aproximadamente dois anos, desde sua fase inicial de projeto até sua conclusão (construção e venda). Caso seja aprovado algum novo projeto entre junho a dezembro deste ano, ele só estará disponível ao público em 2018.

Casas e apartamentos

Nos ‘grandes’ apartamentos e casas a crise também está ‘obrigando’ os empreendimentos a equilibrar os preços entre aluguéis e taxas condominiais. “Nos apartamentos o que está pesando é o condomínio, os empreendimentos estão tendo que equiparar os valores entre aluguéis e taxas. Cada caso é um caso, mas a tendência é que os preços caiam por enquanto” explicou. Contudo ele chama a atenção dos interessados nos imóveis, que também é preciso levar em conta os benefícios oferecidos pelos empreendimentos como água/gás inclusos, academia, áreas de lazer, estacionamento e segurança.

“Assim como nos pequenos empreendimentos onde os donos estão oferecendo internet, segurança e até TV paga, os imóveis familiares e de maior porte também precisam oferecer planos atrativos, pois a tendência é que os novos imóveis – com estrutura mais adequada, ‘ganhe’ os inquilinos dos imóveis antigos”, analisou Pessoz.

Briga por preços

A secretária Maria de Lourdes não aceitou o reajuste proposto pela imobiliária de 10% no preço do seu apartamento no bairro Consil, em Cuiabá. “Estava com medo dos aumentos e logo no início deste ano fiz uma pesquisa de preços de apartamentos na região onde moro. Quando o contrato venceu ameacei sair do imóvel, caso eles prosseguissem com a imposição do aumento. ‘Bati o pé’ e quando estava prestes a fechar com outro apartamento eles me sugeriram um ‘descontinho’. Preferi ficar, pois já moro no lugar há dois anos e gosto da vizinhança”, narrou a secretária.

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Ulisses Lalio

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